segunda-feira, 18 de julho de 2016

Internet no interior da Amazônia


Numa parceria do MCTIC com o Ministério da Defesa, programa Amazônia Conectada completa um ano com o primeiro trecho de 242,5 quilômetros concluído. Após interligar Coari e Tefé, cabos subfluviais vão até Manaus.
Um dos maiores projetos de fibra óptica subaquática do mundo, o programa Amazônia Conectada completou um ano no domingo (17) com o primeiro trecho de 242,5 quilômetros concluído. A fibra interliga os municípios de Coari a Tefé via leito do rio Solimões. A expectativa é que a infraestrutura de telecomunicações beneficie 144 mil pessoas nos dois municípios. Atualmente, a internet que chega às duas cidades é via satélite e tem custo elevado. E a rede de fibra óptica atende apenas Manaus.
“É um projeto absolutamente estratégico. Nesse trecho, vai atender institutos como o Mamirauá, Iphan [Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional] e a Universidade Federal do Amazonas, por exemplo. Os custos das conexões de satélites, que hoje saem por algo entre R$ 3 mil e R$ 5 mil o preço do megabyte, passarão, com o cabo óptico, a aproximadamente R$ 50 por mês. Teremos aumento da velocidade e mais qualidade na comunicação por preços menores. É uma ideia estruturante para aquela região”, afirma o diretor-geral da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP), Nelson Simões, organização social vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), parceira no desenvolvimento do programa, ao lado do Ministério da Defesa.
O cabo subfluvial de 390 toneladas ligando os municípios faz parte da infovia do rio Solimões, uma das cinco que serão construídas pelo governo federal por meio dos leitos dos rios que cortam a Amazônia. Somente no Solimões, 15 municípios serão atendidos. Mas a meta do programa é fazer mais. Redes subfluviais ópticas serão estendidas por aproximadamente 7,8 mil quilômetros dos principais rios, beneficiando 3,8 milhões de habitantes em 52 municípios.
Sem conexão
Na região amazônica, a internet não chega a todos os municípios, o que prejudica os serviços públicos. Quando há conexão, a velocidade é lenta e o serviço, caro. Com as fibras subfluviais, o objetivo é oferecer 100 gigabytes por segundo, o que viabiliza uma série de serviços de rede de dados com a mesma qualidade encontrada em outras regiões do país: internet banda larga, telemedicina, ensino à distância, instituições de educação e pesquisa, e interconexão entre saúde, segurança pública, trânsito e turismo. Além disso, o programa vai contribuir também para aperfeiçoar as comunicações militares na fronteira, trazendo ganhos para a defesa nacional.
“Essa estrutura organiza o desenvolvimento regional. Na área de ensino e pesquisa, viabilizará educação à distância e contribuirá para a formação de professores de educação básica, além de contribuir com o Exército nas questões de segurança nacional, gerando uma série de benefícios para a população. O Amazônia Conectada é um modelo estruturante de fixação de recursos no território da Amazônia. O desenvolvimento sustentável da região aponta para necessidade de formar e fixar recursos humanos adequados no estado”, ressalta Simões.
Ele ressalta que o Amazônia Conectada vai levar conectividade, direta ou indiretamente, para mais de 160 instituições de ensino e pesquisa, o que representa um enorme impacto na geração de conhecimento e na formação de recursos humanos qualificados, promovendo o desenvolvimento científico, econômico e social. “Uma boa conexão é muito importante, inclusive, para os pesquisadores que cuidam da fauna e flora no Instituto Mamirauá, por exemplo. O avanço dessa infraestrutura nas cidades ribeirinhas faz com que boa parte da população seja atendida com serviços de saúde e educação”, diz.
Logística
O transbordo e a preparação para o lançamento do cabo de fibra óptica subaquático, importado da Noruega, desafiaram o Exército Brasileiro e as empresas envolvidas na operação. Após mais de três dias de navegação, a tarefa foi realizada com uso de uma balsa, guindastes, containers de equipamentos e o imenso “carretel” de 242,5 quilômetros de cabo, lançado a uma média de 500 metros por hora no leito do Solimões de modo constante.
“A operação foi concluída com êxito e está em operação desde o dia 24 de março. Foram três dias e meio de navegação pelo rio Solimões, numa empreitada de uma empresa do Amazonas especializada em projetos aquáticos e do Exército”, conta o chefe do Centro Integrado de Telemática do Exército (CITEx), general-de-brigada Decílio de Medeiros Sales, que também é coordenador do Comitê Gestor e diretor do Programa Amazônia Conectada. “O cabo foi produzido por uma empresa norueguesa, mas a operação e toda tecnologia envolvida no lançamento da infovia no rio foram executadas por brasileiros. A expectativa é que o cabo dure, em princípio, 25 anos.”
Próxima etapa
RNP e Exército se preparam agora para a próxima etapa do programa, que prevê a instalação do cabo óptico subfluvial entre Manaus e Coari, interligando um trecho de 400 quilômetros. “Com essa infraestrutura chegando hoje a Tefé, vamos cobrir mais de 100 escolas públicas, diversos órgãos, cinco ou seis institutos de pesquisa. O benefício é enorme com comunicação de alta capacidade e fazendo uma equalização dessa região com o resto do país, e a RNP é fundamental nessa estrutura. A Rede é um grande detentor de tecnologia e expertise em tecnologias da informação e comunicação (TICs) agregando outros valores como capacitação do nosso pessoal. A RNP tem favorecido isso de forma muito transparente”, avalia o general.
Envolverde/Utopia Sustentável

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