quinta-feira, 19 de maio de 2016

Em tese, dependerá de nós

Aristóteles afirmava que o homem é um animal político.  Por outro lado, o termo político vem de “polis” que significa cidade, lugar onde cidadãos convivem e expressam suas ideias e interesses.  Assim, primitivamente, a política fazia referência a temas de interesse das pessoas. 

Em qualquer lugarejo, povoado, cidade ou país existem assuntos que afetam a cidadania em seu conjunto.  Discutir, opinar, resolver, aceitar, escolher, são etapas da resolução de problemas quando estamos em um estado democrático.   

Somos trouxas, faz tempo.  Exercemos a política em família, inconscientemente, todos os dias, mas não somos capazes de praticá-la plenamente para influir nos destinos de nosso país.  Quando negociamos com filhos o que achamos melhor para seu futuro, ponderamos um ou outro caminho a seguir, aceitamos ou negamos, ouvimos outros membros da casa, estamos fazendo política. E não fazemos isso em nosso condomínio, cidade, trabalho, por quê?

Em tese, temos a política como algo que fazemos por obrigação, não como dever de participação. E por esse raciocínio, quando votamos, na maioria das vezes, não prestamos atenção naqueles que estamos elegendo.  Como o ser humano é danado de esperto, quando não há fiscalização, o que acontece é que aquele mandato que estamos conferindo, é desvirtuado de suas reais obrigações.

Em tese, quando elegemos alguém para prefeito de nossa cidade, deveríamos nos preocupar, acompanhar e cobrar, se as propostas a serem executadas por aquela pessoa e seu grupo político contemplam as necessidades que entendemos essenciais e prioritárias para a população.  Por outro lado, se não somos respeitados e não reclamamos, a cada eleição somos, mais e mais, desrespeitados.

Em tese, quando nos omitimos, limites vão sendo testados de acordo com nossa maior ou menor participação. Seja em casa, condomínio, cidade e país.


Não à toa, constatamos o sofrível e generalizado nível em Câmaras, Assembleias e Congresso Nacional.  “Nossos” representantes legislam, em sua grande maioria, em causa própria ou para fugir de possíveis condenações, escondendo-se atrás do patético e imoral foro privilegiado.  Culpa nossa, também.

Em tese, é absurdo pensar que os projetos prioritários definidos pela atual gestão do Estado do Rio, não atendam aos reais anseios e necessidades de sua população, mas sim à pauta de ávidas empreiteiras.  A ocupação das escolas e da UERJ mostra a penúria do ensino público estadual. O resultado de tal legado, escolhido sem participação popular, já estamos colhendo: é a anunciada falência do Estado.  

Em tese, é inimaginável que deputados votem e aprovem reformas, como a da previdência e a trabalhista, sem um honesto e transparente dissecar dos problemas e seus reais motivos.

Em tese, talvez isso tudo pudesse ter sido evitado se a militância tivesse cobrado, desde os primeiros sinais de transgressão e do advento do “Mensalão”, uma depuração interna no partido, exigindo a expulsão dos filiados condenados conforme reza seu estatuto.  Erramos, também.

Em tese, mesmo com todos os erros cometidos – e não foram poucos - pelo partido que esteve à frente do governo havia treze anos, é inadmissível que a sociedade brasileira aceite passivamente que um processo para retirada de um presidente da República, legitimamente eleito com mais de 54 milhões de votos, tenha sido comandado por um presidente da Câmara réu e avaliado por uma comissão julgadora composta em grande parte por réus.

Em tese, a crise atual é a cereja de um bolo maquiavelicamente preparado - e envenenado – por nós mesmos, para nós mesmos, ao longo das últimas décadas.

Em tese, reverter tal cenário, dependerá de nós, de nossos futuros votos, de nossa força de mobilização, e de querermos, de verdade, escrever um futuro diferente daquele que nos querem impor.

Abraços Sustentáveis

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