segunda-feira, 30 de maio de 2016

Nossa sociedade incentiva o estupro



Monstruosidade e selvageria são algumas das qualificações que li e ouvi para o ato covarde executado com requintes de crueldade por mais de três dezenas de machos, na semana que passou, contra uma adolescente de dezesseis anos em uma comunidade carioca. 

Nossa sociedade está doente. Na verdade, não nos escandalizamos com o ato do estupro em si, pois caso fosse estaríamos exigindo mudanças na legislação e uma outra abordagem em escolas sobre a temática.  E cadeia pesada.  Afinal, ocorrem quinze crimes similares, cotidianamente, apenas na cidade maravilhosa.  Por que não vamos pra rua nos outros catorze?

O que infelizmente está causando espanto geral é o recorde de estupradores em um único ato: trinta e três.  Digno de um Guiness dos horrores. Quando bateremos o próximo recorde?  A vítima terá mais ou menos de dezesseis anos?   

Entramos na vergonhosa “Era da Pré-Moral.  Somos machistas e preconceituosos, sim, ouvi gente próxima afirmar que ela não era santa, que devia estar vestida provocantemente e que não era boa bisca.  E se a resposta fosse positiva para as três possibilidades citadas, estariam autorizados a fazer o que fizeram?!!!

Ouvimos a pobre menina afirmar que o delegado Thiers lhe perguntou se habitualmente fazia sexo em grupo.  Pergunta estúpida, machista e tendenciosa.  Não à toa fora afastado do caso.  E deveria ser punido.

Como um teatro dos absurdos, nossa sociedade incentiva o estupro quando nada acontece com o deputado Bolsonaro por dizer que “não estupraria a Deputada Maria do Rosário porque ela não merecia ser estuprada”, e quando o atual ministro da educação, Mendonça Filho, recebe para audiência no Palácio o estuprador confesso Alexandre Frota, para opiniões sobre o ensino no Brasil. No meu dicionário isso não é falta de respeito, é conivência com o crime.

Impossível, nesse tipo de crime relativizar com o ocorrido.  Precisamos entender que sexo sem consentimento é estupro e ponto final.  Agora, nossas vísceras estão expostas à visitação moral internacional.  Resta saber se apenas até o próximo recorde ser batido. 

Este caso me fez lembrar um simples mas importante ensinamento de meu pai, e que me serve até hoje: “não faça com os outros aquilo que você não gostaria que fizessem com você”.  Para aqueles que pensam ser ela a culpada por estar provocativa, que não era bem assim , que estava drogada, deixo a perguntinha:  e se fosse sua mãe, irmã ou esposa, você também perguntaria isso? 

Como não sou religioso, que essa pobre menina encontre em nossa solidariedade a força necessária para que consiga se refazer psicologicamente para seguir adiante de forma digna.  E que tenha paz. Mesmo sendo uma utopia, é o mínimo que posso lhe desejar.

Abraços Sustentáveis
 


quarta-feira, 25 de maio de 2016

Jornalismo, profissão de vassalos?



Muito antigamente, redação era lugar sagrado onde patrão não entrava.  Não é o caso, hoje, onde o que domina os grandes veículos de comunicação é o pensamento de seus donos.  E que se dane a opinião pública e os interesses maiores da sociedade brasileira. 

Contamos nos dedos os veículos de comunicação que podemos considerar isentos, afinal, independência da redação, com raras exceções, perdeu-se no tempo em algum lugar do passado.  

Não à toa os meios de comunicação são conhecidos como o “Quarto Poder”, por sua influência decisiva que exercem nos destinos da nação.

Nesse confuso meio de campo, a profissão de jornalista vem perdendo gradativamente a importância e o glamour de outrora. É crescente o descontentamento de parcela considerável da sociedade organizada com a manipulação de notícias e fatos. 

Com o advento da internet, o outro lado da notícia vem se especializando.  Blogs, sites e veículos independentes têm cada dia mais adeptos e fãs, o que  fez escancarar os interesses da grande mídia e a subserviência de seus profissionais. 

Com a notícia praticamente em “real time”, mentiras e omissões são rapidamente descobertas.  Desvendadas e desmascaradas.  Como o mico da Globo em horário nobre pelo boicote ao crime contra Ana Hickmann.  Um desserviço jornalístico.  Ao escolher tal postura, a Globo esquece – seja por picuinha ou audiência - que tem uma concessão pública.


 Não voltarei muito no tempo, mas quando viramos o disco para a temática política, é escandalosa a atuação da grande mídia, seja falada , escrita ou televisada.  Apenas para ficar nos acontecimentos do momento e demonstrar o quão sofrível está o jornalismo praticado pelos grandes meios de comunicação, destaco a cobertura do vazamento da conversa entre o ex-ministro Jucá e seu algoz, Sérgio Machado, rato-mor da Transpetro até pouco tempo atrás.

Na entrevista, perguntas vazias, encomendadas ao feitio do freguês, com a nítida intenção de sequer encabular ou constranger o antigo ministro.  Verdadeiros jornalistas paus-mandados, sim, pois a gravidade dos fatos divulgados seria de fazer cair qualquer governo petista. Vide o carnaval ocorrido na conversa Dilma/Lula. Não bastasse a hecatombe Jucá/Machado, fomos acordados pelos áudios de Renan/Machado.  E quem sabe Corpus Christi nos brinda com Sarney/Machado?  A conferir.

Como brinco de escrever para amainar a ansiedade do que não leio, ouço ou escuto, deixarei aqui, as perguntas que gostaria de ter ouvido se (toc toc toc) exercesse a profissão de jornalista, perigo afastado, pois só devo satisfação a um tal de Odilon, dono desse blog.

1-   Senador Jucá, o Sr. diz que conversou com alguns ministros do STF. Os caras dizem, “ó, só tem condições sem ela (Dilma). Enquanto ela estiver ali, a imprensa, os caras querem tirar ela. Pergunto: Quem são os ministros do STF que conversou; os caras a que se referiu, são os ministros do STF? E que organismos de imprensa querem tirar ela?
2-   Senador Jucá, o Sr. diz que conversou com generais, comandantes militares, está tudo tranquilo, os caras dizem que vão garantir.  Pergunto: Quais os nomes dos generais que o Sr. conversou?
3-   Senador Jucá, o Sr. pediu para os generais que conversou monitorarem o MST e outros movimentos?
4-   Senador Jucá, o Sr. disse que está todo mundo na bandeja para ser comido, e o primeiro da lista era o Senador Aécio. O que o Sr. sabe sobre membros do PSDB que justificaria eles serem comidos?
5-   Sr. Delcídio do Amaral, o Sr. teria mais alguma acusação a fazer contra o Senador Aécio Neves, já que ele procurou o presidente do Senado, Renan Calheiros pedindo ajuda?
6-   Sr. Diretor de Redação Otávio Frias Filho, o Sr reconheceu que a imprensa cometeu exageros contra o governo Dilma.  Seu jornal, a Folha de São Paulo também cometeu esses exageros, Por quê?
7-   Procurador Rodrigo Janot, o Sr. Sérgio Machado disse em conversa com Renan que o Sr. é mau, perdão pelo termo, um FDP, que quer mandar ele para Curitiba, para o Juiz Moro.  O sr. vai tomar alguma providência quanto a isso, vai interpela-lo?
8-   Presidente Sarney, de que forma o Sr. ajudaria Sérgio Machado a não cair nas mãos do juiz Moro?
9-   Presidente Renan, por que o Sr. disse que o Michel é Eduardo Cunha?
10-Presidente Renan, o Sr. está trabalhando uma proposta de parlamentarismo com o Senador Serra?

Não vi e não verei essas respostas.  A divulgação dos áudios de Jucá, Renan e Sarney, em qualquer país minimamente democrático, seria motivo para desabar a república. 

Como vimos, a grande mídia teve contribuição decisiva na preparação de corações e mentes para o golpe.  E o jornalismo vassalo e subserviente cumpriu seu papel.  Lastimável!!!
A saída para fortalecer o jornalismo e a democracia com mentes pensantes: educação, educação e educação!!!


Abraços Sustentáveis

segunda-feira, 23 de maio de 2016

Bebê Monstro. Muito prazer, meu nome é Jucá


Sempre soubemos que o casamento Dilma/Temer acabaria um dia, afinal relacionamentos entre filhos de famílias com tanta discrepância social, no fundo sempre trazem problemas.  Mesmo assim, como a vida não tem rascunho e o amor ($$$) é lindo, os noivos resolveram tentar.  A família brasileira aceitou o casório.  Ou fingiu que aceitou.

Agora, passados 13 anos de muita turbulência, o casamento acabou.  E da forma mais traumática possível, com acusações de traição de ambas as partes. E a coisa foi parar na justiça.

Como na vida real a corda sempre arrebenta do lado mais fraco, assistimos a noiva – filha por consideração de retirantes nordestinos - e toda sua família, serem esculachados publicamente perante parte da sociedade. 

O noivo, ah o noivo, filho da alta burguesia paulistana, rico, poderoso e com influências no meio jurídico, dizem as más línguas, já se relacionava com uma moça loira belíssima pelos corredores do poder havia algum tempo.  A traição não foi novidade para ninguém.  Aliás, desde seu tempo de rapazinho que sua fama é encerrar casamentos traindo a antiga mulher.  Mal do sobrenome que carrega: PMDB.




Resultado: como o divórcio ainda caminhava, a antiga esposa, humilhada e incentivada por amigos, levou o caso à justiça e aguarda o julgamento. 

Como Banânia não foge à regra de outras republiquetas de menor expressão, o desfecho do caso parece tomar o rumo de outras novelas mexicanas e seguir pelo gosto do clamor popular de um final feliz.  

A novela tem seu fim previsto para daqui a seis meses e está com o Ibope lá em cima.  Pra complicar, descobriu-se no capítulo desta segunda-feira, 23/5, que o noivo envolveu-se com uma falsa miss, recatada e do lar, quarenta anos mais nova.  É golpe, gritou a patuleia!!!

Como castigo pela traição, casou grávida deu a luz ontem, a Jucá.  Um monstro, gritou a mãe quando lhe entregaram o bebê.  É que ainda na maternidade verificou-se que o menino é portador de uma moléstia altamente contagiosa, a “Corruptóide”, enfermidade que se alastra rapidamente aos membros da família daqueles que conspiram para conseguir o cargo de quem está acima.  

Os próximos capítulos prometem.  Vai depender do povo sacrificar Jucazinho e salvar o país desses impostores.  Preocupado, o pai e assessores mais próximos temem por uma contaminação generalizada.  Nas ruas, uma população cada vez maior persegue e enxerga como único remédio a cabeça do pai traidor.  "Fora Temer", para aplacar a nossa dor.

Abraços Sustentáveis

sexta-feira, 20 de maio de 2016

Pô meu, sou da Globo


Por mais cretino, tendencioso e parcial que seja o veículo jornalístico – e a Rede Globo tem esse padrão -, profissionais que trabalham na emissora cobrindo eventos políticos e manifestações de rua, têm pagado o pato pela irresponsabilidade de seus patrões, afinal, jornalismo marrom, a gente vê por ali.

Não é de hoje que o jornalismo brasileiro atua de acordo com os interesses de seus donos, e dane-se a informação imparcial para a sociedade.  Já em 64, ano do Golpe Militar, a Rede Globo foi o apoio de primeira hora dos militares.  Cinquenta anos depois reconheceram oficialmente o erro de tal ação, o que não diminuiu sua culpa indireta para um considerável número de mortes nos porões da ditadura.   
Observando-se os acontecimentos de sua cobertura jornalística na questão do impeachment da presidente Dilma, verifica-se que o mesmo fora feito apenas da boca para fora.  Falso.  E, tal qual um vício, onde as recaídas são sempre mais fortes que a anterior, a emissora do Plin Plin deixou-se mostrar ao país o caráter golpista que nunca perdeu, manipulando informações e a opinião pública ao bel prazer de seus interesses.

Só que estamos no século XXI, onde a informação têm velocidade supersônica, fazendo fatos ocorridos virarem notícia quase ao mesmo tempo em que ocorreram.  As novas tecnologias nos transformaram a todos em repórteres.

E, não bastasse o nós contra eles, incentivado criminosamente pela grande mídia, passamos a perceber um outro inimigo além de coxinhas e petralhas nas manifestações: o jornalista, principalmente se for da Globo. Apenas depois da votação do impeachment, assistimos agressões verbais e físicas aos repórteres globais Mayara Teixeira, Zileide Silva, Roberto Kovalick, Marco Antonio Gonçalves, Gabriel Prado e Nilson Modesto.

Mas o caso mais intrigante e preocupante ocorreu dia 19, na cobertura da desocupação das escolas em São Paulo.  O cinegrafista Marcelo Campos, da Globo, filmava policiais militares paulistas agredindo estudantes quando, por trás, foi atingido violentamente por um PM.  Por quê?  Porque a emissora, temerosa de ser identificada em eventos, passou a mandar seus profissionais sem qualquer identificação.  Ou então, se a previsão for de muita gente, filmar de cima, com helicóptero ou drone.  Com isso, tais profissionais viraram alvo de policiais que pensam tratar-se de repórteres “free” trabalhando para os movimentos.  Tudo errado.

Aí, destacamos: é descabido e absurdo o uso da força pelo Estado para inibir manifestações pacíficas e democráticas; por mais que exista um descontentamento da população com as empresas de comunicação e, em especial, com a Rede Globo, os profissionais que lá trabalham devem ter garantido o direito de livre circular e realizar o seu trabalho.  Que o descontentamento seja demonstrado ( e esse também é um direito da sociedade) à emissora com boicotes, faixas, campanhas inteligentes na porta de sua sede, é do jogo democrático.

A frase do repórter no exato momento que tomou com o cassetete da polícia nas costas... “Pô meu, eu sou da Globo”, retrata bem o perigo que ronda esses profissionais.  Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come.  Plin Plin.


Abraços Sustentáveis

quinta-feira, 19 de maio de 2016

Em tese, dependerá de nós

Aristóteles afirmava que o homem é um animal político.  Por outro lado, o termo político vem de “polis” que significa cidade, lugar onde cidadãos convivem e expressam suas ideias e interesses.  Assim, primitivamente, a política fazia referência a temas de interesse das pessoas. 

Em qualquer lugarejo, povoado, cidade ou país existem assuntos que afetam a cidadania em seu conjunto.  Discutir, opinar, resolver, aceitar, escolher, são etapas da resolução de problemas quando estamos em um estado democrático.   

Somos trouxas, faz tempo.  Exercemos a política em família, inconscientemente, todos os dias, mas não somos capazes de praticá-la plenamente para influir nos destinos de nosso país.  Quando negociamos com filhos o que achamos melhor para seu futuro, ponderamos um ou outro caminho a seguir, aceitamos ou negamos, ouvimos outros membros da casa, estamos fazendo política. E não fazemos isso em nosso condomínio, cidade, trabalho, por quê?

Em tese, temos a política como algo que fazemos por obrigação, não como dever de participação. E por esse raciocínio, quando votamos, na maioria das vezes, não prestamos atenção naqueles que estamos elegendo.  Como o ser humano é danado de esperto, quando não há fiscalização, o que acontece é que aquele mandato que estamos conferindo, é desvirtuado de suas reais obrigações.

Em tese, quando elegemos alguém para prefeito de nossa cidade, deveríamos nos preocupar, acompanhar e cobrar, se as propostas a serem executadas por aquela pessoa e seu grupo político contemplam as necessidades que entendemos essenciais e prioritárias para a população.  Por outro lado, se não somos respeitados e não reclamamos, a cada eleição somos, mais e mais, desrespeitados.

Em tese, quando nos omitimos, limites vão sendo testados de acordo com nossa maior ou menor participação. Seja em casa, condomínio, cidade e país.


Não à toa, constatamos o sofrível e generalizado nível em Câmaras, Assembleias e Congresso Nacional.  “Nossos” representantes legislam, em sua grande maioria, em causa própria ou para fugir de possíveis condenações, escondendo-se atrás do patético e imoral foro privilegiado.  Culpa nossa, também.

Em tese, é absurdo pensar que os projetos prioritários definidos pela atual gestão do Estado do Rio, não atendam aos reais anseios e necessidades de sua população, mas sim à pauta de ávidas empreiteiras.  A ocupação das escolas e da UERJ mostra a penúria do ensino público estadual. O resultado de tal legado, escolhido sem participação popular, já estamos colhendo: é a anunciada falência do Estado.  

Em tese, é inimaginável que deputados votem e aprovem reformas, como a da previdência e a trabalhista, sem um honesto e transparente dissecar dos problemas e seus reais motivos.

Em tese, talvez isso tudo pudesse ter sido evitado se a militância tivesse cobrado, desde os primeiros sinais de transgressão e do advento do “Mensalão”, uma depuração interna no partido, exigindo a expulsão dos filiados condenados conforme reza seu estatuto.  Erramos, também.

Em tese, mesmo com todos os erros cometidos – e não foram poucos - pelo partido que esteve à frente do governo havia treze anos, é inadmissível que a sociedade brasileira aceite passivamente que um processo para retirada de um presidente da República, legitimamente eleito com mais de 54 milhões de votos, tenha sido comandado por um presidente da Câmara réu e avaliado por uma comissão julgadora composta em grande parte por réus.

Em tese, a crise atual é a cereja de um bolo maquiavelicamente preparado - e envenenado – por nós mesmos, para nós mesmos, ao longo das últimas décadas.

Em tese, reverter tal cenário, dependerá de nós, de nossos futuros votos, de nossa força de mobilização, e de querermos, de verdade, escrever um futuro diferente daquele que nos querem impor.

Abraços Sustentáveis

segunda-feira, 16 de maio de 2016

Ocupa Curitiba Cabral


Com base na delação da cúpula da Construtora Andrade  Gutierrez, já homologada pela justiça, o ex-governador Sérgio Cabral amealhou verdadeira fortuna com o chamado “legado olímpico”.  É possível que tenha entendido que o legado era próprio.  É que segundo os colaboradores, Cabral cobrava 5% das empreiteiras participantes dos consórcios.

Segundo Rogério de Sá e Clóvis Primo, além das obras do Maracanã, terraplenagem do Complexo do Comperj, Arco Metropolitano e a urbanização de favelas em Manguinhos, Cabral recebia, ainda, como adiantamentos por obras futuras mesada de R$350 mil, nada mal.  Ele se diz indignado.  E nós “PÊ”da vida, governador.

Observando o movimento de ocupação das escolas públicas do Rio de Janeiro, promovido inicialmente pelos estudantes do Colégio Mendes de Moraes, em 21 de março, impossível não ligar o fato à penúria que passa a educação de nosso Estado. 

Hoje, passados cinquenta e seis dias e 83 unidades ocupadas, é forçoso admitir que as várias pautas reivindicativas seriam plenamente alcançáveis e nada absurdas de serem cumpridas caso o dinheiro supostamente surrupiado pelo guloso ex-governador estivesse no caixa daquela Secretaria de Estado.


O lado bom disso tudo é que os jovens, escaldados por junho de 2013, começam a arregaçar as mangas e, democraticamente, atuar de forma decisiva na resolução de seus problemas. Da forma mais primitiva de fazer política, estão indo à luta  sem esperar partidos, entidades de classe, sindicatos, ONGs, ninguém.  O fato pode não parecer, mas é de um simbolismo importante.  O movimento de ocupação de escolas, que está se alastrando além-fronteiras tupiniquins chegando ao Paraguai, pode ser um sinal dos tempos.  Demonstra, também, o cansaço e o esgotamento do sistema atual na resolução de problemas.  E faz o poder colocar as barbas de molho.  Quem dera servisse como ponto de partida para tantas outras reivindicações Brasil afora. 

Por aqui fica a torcida para que um tal juiz Moro, tão atuante até o último dia 17 de maio, reapareça e volte a distribuir convites vip’s para a bela e aconchegante capital paranaense.  Temos a certeza de que, mesmo tendo uma quedinha por Paris, nosso requintado ex-governador ia adorar conhecer Curitiba.


Abraços Sustentáveis

sexta-feira, 13 de maio de 2016

O momento pode ser bom se soubermos aproveitar



Muitos são as razões para os problemas que estamos vivendo por aqui agora.  Faz tempo nosso sistema político dá sinais de esgotamento.   Sinal mais evidente - e ignorado - ocorreu nas manifestações de junho de 2013, quando milhões de jovens foram às ruas demonstrar sua insatisfação com o pouco caso de políticos e o quão estes destoavam em suas práticas dos interesses da sociedade organizada. 

Por não se sentirem representados, ignoraram partidos, pediam o fim da corrupção, da desigualdade, da discriminação contra negros, pobres e gays, exigiam políticas contra o aquecimento global, melhor educação, mais saúde, enfim.

Com a ajuda de uma mídia sempre alerta e obediente, reprimiram duramente as manifestações, em vários momentos com violência “Doicodiana”.  Visando seu esvaziamento, os movimentos foram criminalizados.  Uma pena.

Passados quase três anos, tudo piorou.  Economia, produção industrial, emprego, renda, confiança nas instituições.  A indignação é generalizada, e vem de todas as partes, pois o sistema é surdo aos anseios da sociedade.   Mas não estamos sozinhos, e há esperança.

Tentando organizar essa bagunça ideológica global que vem desde a crise de 2008, com os movimentos da Primavera Árabe, Occupy Wall Street, Los Indignados e, mais recentemente, a reforma trabalhista na França, um grupo vem se reunindo diariamente na Praça da República, em Paris, há mais de um mês.  O nome do movimento: Nuit Debout, algo como “Noite em pé”, movimento inspirado na frase do escritor francês Étienne de La Boétie, do séc. XVI: “Eles só estão por cima, porque nós estamos de joelhos”.

Segundo artigo de Adriana Carranca, um dos principais slogans do movimento é: “Juntos nós somos uma força imensa”.  Segundo os organizadores, o movimento não tem uma agenda clara.  Os alvos são os sistemas políticos e econômicos atuais.  “Noite em pé” não visa chegar ao poder, pois o poder está corrompido, mas mudar a forma de exercer a democracia. A ideia principal é uma convergência de lutas em nível global, o que é uma novidade, onde os problemas são compartilhados e debatidos, sem lideranças nem bandeiras, em uma espécie de terapia coletiva.  Utopia? Pode ser, mas a verdade é que, planetariamente, terráqueos começam a ser organizar. 

Ainda segundo Carranca, a ideia central do movimento é devolver as rédeas da política para as mãos de quem é de direito: o cidadão. Os participantes têm chamado isso de “democracia direta”.  É uma nova forma de ação política, sem intermediários.

Está na hora de buscarmos novas formas de organização.  Abrir espaço para a discussão democrática e o exercício da liberdade de expressão, talvez isso seja o novo e revolucionário.

A forma como se deu o impeachment da presidente Dilma, criou fendas irreparáveis em nossa tenra democracia. Quem pensa ser ele o início de uma bonança política na sociedade brasileira, engana-se.  As reações ao governo Temer já começaram e a vigília à busca de erros promete ser implacável.  Se o clima azedar e os ventos do Atlântico rumarem para terras tupiniquins, bem que podíamos aproveitar a carona do movimento Noite em pé, que tem um encontro global agora domingo, dia 15, e organizar alguma coisa por aqui.


Abraços Sustentáveis

terça-feira, 10 de maio de 2016

Sadiq Khan: um exemplo para o Brasil



Sadiq Khan é o novo prefeito de Londres.  Eleito na semana que passou, é um dos sete filhos de uma família de imigrantes paquistaneses.  Filho de um motorista de ônibus, Khan cresceu em um conjunto habitacional público e é advogado de direitos humanos.  Obteve 1,3 milhão de votos, marca, até então, insuperável.

Sua eleição pode demonstrar, em breve, o quão equivocadas estão algumas políticas e abordagens sobre problemas que o mundo atual vem enfrentando.

Pressionada por um plebiscito que decidirá em junho próximo sua permanência ou não na zona do euro, a Grã-Bretanha está dividida entre o discurso xenófobo do medo e o de continuar um país multicultural.  Disposta a influir decisivamente na disputa, a população londrina deu a senha para os próximos passos ignorando o discurso midiático de guerra contra o islã e ousou, apostando tudo contra a banca.  Analistas incrédulos afirmam que só o tempo responderá essa questão.  Mas o povo (culto) não é bobo.

Segundo afirma em artigo Roger Cohen, sua eleição “é importante pois é uma repreensão aos extremistas de todas as matizes, de Trump a Abu Bakr al-Baghdadi, e Khan está preparado para isso”, finalizou.

Imaginei Khan visitando nossas escolas no interior do Maranhão, nossas UPA’s na Baixada e os brasileirinhos que vivem em guetos nas favelas.  Que contraste.  Imaginei se seria possível um negro favelado alçar esse mesmo voo aqui, onde temos uma elite retrógrada e reacionária, com ranço escravagista.

Lá, diferente de cá, o discurso midiático do medo não venceu a esperança.  Londrinos acreditaram, de verdade, na possibilidade de que um Planeta sem fronteiras e multifacetado é possível.  Avessos ao ódio obtuso acreditaram, também, em um país mais justo e menos egoísta.   

Nada disso, porém, seria possível sem o investimento maciço, sem descriminação, em educação.  Que os ventos soprem para essas bandas tupiniquins.

Boa sorte Sadiq Khan


Abraços Sustentáveis

sexta-feira, 6 de maio de 2016

Novos dados aumentam conta do clima

Foto: Fábio Nascimento/Greenpeace
Foto: Fábio Nascimento/Greenpeace
Brasil entregou às Nações Unidas terceiro inventário nacional de emissões, que revisa para cima total de carbono lançado no ar em 2005; para OC, novos números impõem ajuste na INDC
O Brasil atrasou, mas fez o dever de casa e enviou às Nações Unidas sua Terceira Comunicação Nacional, que contém o novo inventário brasileiro de gases de efeito estufa.
O inventário, realizado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, será lançado nesta sexta-feira em Brasília. Ele dá o número oficial de emissões do Brasil em 2010 – 1,2 bilhão de toneladas de CO2 equivalente, excluindo da conta cerca de 390 milhões de toneladas que o governo considera serem “removidas” anualmente por florestas em unidades de conservação e terras indígenas – e reajusta as emissões de 2005, ano em que o Brasil mais emitiu, para 2,73 bilhões de toneladas.
O número lança um alerta vermelho sobre a INDC, o plano climático que o Brasil entregou para o Acordo de Paris e que estabelece um corte de 37% nas emissões em 2025 em relação aos níveis de 2005. Ocorre que a INDC foi calculada com base na estimativa do segundo inventário brasileiro, desatualizada, segundo a qual o país emitiu 2,1 bilhões de toneladas em 2005.
“O novo inventário, feito à luz da melhor ciência disponível, aumenta nossa conta com o clima e impõe ao Brasil a necessidade de reajustar a meta apresentada para o acordo do clima”, diz Carlos Rittl, secretário-executivo do Observatório do Clima. Um corte de 37% em relação a 2,7 bilhões de toneladas resultaria em emissões em 2025 praticamente iguais às de hoje, sem esforço adicional de redução. “Ou o Brasil revê para cima o percentual de corte, ou desde já mantém os números absolutos citados na INDC – 1,3 GtCO2e em 2025 e 1,2 GtCO2e em 2030, assumindo o compromisso de rever seu nível de ambição antes de 2020.”
“A publicação do novo inventário é fundamental para balizar o tamanho do esforço brasileiro para reduzir suas emissões nos próximos anos”, afirma Tasso Azevedo, coordenador do SEEG (Sistema de Estimativa de Emissões de Gases de Efeito Estufa) do OC. “A pergunta que fica, diante dos dados de 2005, é qual será efetivamente a meta absoluta de redução do Brasil.”
Para André Ferretti, gerente de estratégias de conservação da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza e coordenador geral do OC, a discussão que o inventário deve abrir sobre a INDC oferece a oportunidade de o Brasil rediscutir o grau de ambição de sua meta. “O país precisa aproveitar o inventário recém-lançado e o clima político positivo entre os países visto durante a assinatura do Acordo de Paris para propor que uma revisão da INDC aconteça em 2018 e então aumentar a meta a ser atingida. O Brasil tem condições técnicas e conhecimento para agir e terá vantagens econômicas ao fazê-lo.”
SEEG
Os dados do inventário atestam a acurácia do SEEG, que traz estimativas de emissões do Brasil ano a ano desde 1970 até 2014 (o inventário é um trabalho de complexidade maior e só traz dados até 2010). “A diferença com o SEEG é muito pequena nos valores finais”, diz Marina Piatto, da Iniciativa de Clima e Agropecuária do Imaflora, que coordena as estimativas de agropecuária do SEEG e participou como revisora da Terceira Comunicação Nacional.
Ela elogia o novo inventário: “Todos os relatórios de referência estão disponíveis de forma completa, as metodologias foram aprimoradas e os fatores de emissão e os cálculos históricos foram revisados”, diz. Esse aprimoramento da metodologia entre o segundo e o terceiro inventário foi o que causou a diferença entre as emissões de mudança de uso da terra (desmatamento) de 2005. Elas foram recalculadas no novo inventário, o que causou uma diferença de quase 30% nas emissões totais daquele ano entre um inventário e outro.
Quando se compara o terceiro inventário e o SEEG de 2010, excluindo-se mudança de uso da terra a soma das emissões dos demais setores (indústria, agricultura, resíduos e energia) a diferença foi menos que 1%. Na comparação por setor, para energia e agropecuária a discrepância foi de menos de 1%; para processos industriais, de 4%; e para resíduos, de 7%.
A única diferença significativa ficou por conta do setor de mudança de uso da terra (desmatamento), principalmente porque o inventário reporta emissões líquidas, ou seja computa as chamadas “remoções” de carbono por terras indígenas e unidades de conservação, que o governo assume como um fator constante de abatimento de emissões nos inventários oficiais – mesmo que essas remoções já existissem sem qualquer interferência humana. Quando descontadas as remoções, a diferença cai para cerca de 10%, que são explicados pelo uso no inventário de novo mapa de uso de solo (2010) que ainda não está disponível para o público e, portanto, não pode ser utilizado pelo SEEG.(Observatório do Clima/ #Envolverde/Utopia Sustentável)

quinta-feira, 5 de maio de 2016

Cunha é sinônimo do fracasso de um sistema que teima sobreviver


São várias as razões pelas quais nos deparamos ainda hoje com a figura de Eduardo Cunha deputado.  Afinal, ele é a obra–prima acabada com requintes de crueldade de nosso arcaico e casuísta sistema político nacional.

Ao longo dos últimos trinta anos pós-redemocratização, nossa pouca participação na vida política do país aliada à educação propositalmente rala da população, permitiu a nossos representantes durante décadas, ficar à vontade para aprovar leis que, em sua grande maioria, criaram um arcabouço jurídico à feição da impunidade e, praticamente, intransponível.  Vide a resistência à Operação Lava Jato e a enorme dificuldade para punir poderosos.   É preciso desprivatizar o Estado brasileiro, fazer com que órgãos estatais trabalhem a serviço da sociedade e não a serviço de grupos com interesses privados junto ao governo.

Sistematicamente abdicando do poder de influir através do voto nos destinos do país, criamos máximas do tipo ”não tenho nada com isso, odeio política, não voto em ninguém”.  Parimos essa criatura horrenda que mescla Al Capone em corpo de rato, glória a Deus. Hoje, vemos o quão difícil e custoso para a imagem do país está sendo removê-lo da cadeira de representante do povo na Câmara.  E que em junho, se a omissão do STF permanecer, por força do Congresso da ONU, tradicionalmente aberto por nós, assistirá Cunha presidente do Brasil. Escárnio  !!!

Com desculpas as mais diversas, permitimos a não remoção de entulhos autoritários, como o foro privilegiado e o voto obrigatório, entre outros.  Não conseguimos, em prol da Nação e do povo, realizar a necessária reforma política para avançarmos rumo a um futuro cada vez mais distante e que nunca chega.
 
Mas não é só o legislativo que está em cheque.  Como três novelos que se interligam em um, judiciário e executivo criaram sistemas de proteção próprios e muitas vezes autônomos e se aproximam do precipício ético, social e econômico, lado a lado ao primeiro.  Por sua vez, Estados e Municípios reproduzem em cadeia, nos três níveis de poder, problemas similares aos que ocorrem em nível federal, só que potencializados.

Hoje, somos todos Cunha, que representa todo nosso fracasso político atual; a mentira; a hipocrisia; o conchavo; a falta de pudor; de caráter; de respeito à sociedade; de falta de sinceridade; a certeza da impunidade; a certeza que o crime compensa; a certeza de que ser político não vale à pena; a certeza de que o estado brasileiro deve servir a interesses privados e não à sociedade; a certeza que a lei 8.666/93 é um convite à corrupção e às negociatas e precisa ser modificada; a certeza que o foro privilegiado para questões criminais deve acabar; a certeza que a justiça é cega, surda e muda; a certeza que precisamos de uma reforma do judiciário e; a certeza de que jamais poderia estar à frente e comandar o julgamento do processo de impeachment da presidente Dilma. 

Vivemos à beira do precipício há décadas.  Não podemos cair, mais uma vez, na esparrela de que um impeachment solteiro será a solução para os gravíssimos problemas que temos a resolver. Como disse o brasilianista Albert Fishlow dias atrás “engana-se quem pensa que o impeachment é o fim de nossa crise. É o início”.

Continuo a crer que estamos em uma verdadeira sinuca de bico político.  Se por um lado Dilma, mesmo que mantenha o mandato (o que acho justo), perdeu a capacidade política de levar o país até 2018, tampouco Temer, com o desejo de vingança que se criou e apoio menor que a antecessora junto à sociedade, conseguirá erguer pontes para o futuro e pacificar o país.   

É fundamental que o STF compreenda o importante papel que tem a desempenhar agora e não se omita pendendo com seu silêncio, como pareceu até o momento fazer, apenas para um lado do jogo político.  A sociedade está de olho e atenta para ver se Chico apanhará tanto quanto Francisco.

O momento é agora: “Concertação Nacional e Eleições Já ”.  Um grande entendimento entre todos os atores e a sociedade.  Apesar da dificuldade, fica sempre a esperança que a sociedade possa dar o empurrão necessário para o país avançar.



Abraços Sustentáveis

quarta-feira, 4 de maio de 2016

Alertas de desmatamento dobram na Amazônia


Mato Grosso lidera em desmatamento. Imagem mostra fazenda desmatada para plantio de soja. Foto: © Paulo Pereira / Greenpeace
Mato Grosso lidera em desmatamento. Imagem mostra fazenda desmatada para plantio de soja. Foto: © Paulo Pereira / Greenpeace
De acordo com dados do SAD, de fevereiro a março de 2016 foram registrados 213 km² de alertas de desmatamento na Amazônia. O estado do Mato Grosso lidera o ranking do desmatamento e degradação chama a atenção.

O Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) divulgou nasegunda-feira (2) os resultados de seu Sistema de Alertas de Desmatamento na Amazônia Legal (SAD) referente a fevereiro e março de 2016 – onde foram registrados alertas de desmatamento em 213 km², aumento de 113% em relação ao mesmo período de 2015. Já a degradação teve um aumento ainda mais assustador, de 339%, com alertas encontrados em 281 km².
A degradação florestal é causada muitas vezes pelo corte seletivo de árvores de interesse comercial de maneira exploratória e ilegal e também por queimadas intencionais. Este processo enfraquece a floresta, diminuindo sua capacidade de estocar carbono, conservar a biodiversidade prejudicando assim suasfunções originais. Este é geralmente o primeiro passo para o desmatamento total da floresta.
Roraima liderou a degradação florestal no período, enquanto o Mato Grosso liderou no desmatamento. De fevereiro a março, o Mato Grosso concentrou 81% dos alertas de desmatamento no bioma. Dos três municípios mais críticos, dois pertencem ao estado: Marcelândia e Feliz Natal. De acordo com o Projeto de Monitoramento da Floresta Amazônica Brasileira por Satélite, o PRODES, que gera os dados oficiais usados pelo governo, o Mato Grosso foi o segundo estado que mais desmatou a Amazônia entre agosto de 2014 e julho de 2015, com incremento de 40% na supressão florestal, na comparação com o período anterior.
No Amazonas, que vem se destacando no aumento do desmatamento, a medição foi prejudicada pelas nuvens, que encobriram 63% do território. Ainda assim,o município de Lábrea foi o terceiro mais crítico no desmatamento.
“O prazo para fazer o Cadastro Ambienta Rural (CAR) se encerra nesta quinta (5), mas os recentes alertas mostram que o mecanismo, tão aclamado pelo governo como estratégico para combater o desmatamento, está se mostrando ineficaz, pois não inibiu a destruição. O CAR é um começo, para entendermos o que ocorre no campo, mas sem aumentar a ambição e assumir um sério compromisso para atingir o Desmatamento Zero, o Brasil não conseguirá conservar suas florestas”, diz Cristiane Mazzetti, da campanha da Amazônia do Greenpeace. Quatro anos após a aprovação do novo Código Florestal – que originou o CAR – ao menos 29% das áreas ainda carecem de cadastro.
Mesmo que consigamos acabar com o desmatamento ilegal e sigamos a risca o Código Florestal ainda seria possível desmatar, legalmente, uma área do tamanho do Chile no Brasil. Se queremos evitar os efeitos catastróficos das mudanças climáticas e manter o aquecimento do planeta em 1.5ºC, já passou da hora de termos como meta o fim total do desmatamento. Este é o desejo de mais de 1,4 milhão de brasileiros que assinaram pelo projeto de lei e algo que vem se mostrando possível e vantajoso para diversas empresas que integram a Moratória da Soja e o Compromisso Público da Pecuária. Se você ainda não faz parte do movimento pelo Desmatamento Zero, assine e mostre seu apoio(Greenpeace Brasil/ #Envolverde/Utopia Sustentável)

segunda-feira, 2 de maio de 2016

Legado Olímpico é o cacete!!!


Mais uma vez o meio ambiente é jogado para escanteio.  Em uma atitude que só vem comprovar a falta de prioridade para com tema tão importante, Prefeitura do Rio, Ministério Público Estadual e Ministério Público Federal, por motivos que vão desde a suspeita de fraudes em licitação a exigências absurdas que poderiam (e deveriam) ter sido apontadas nas várias audiências públicas havidas desde 2013, impediram, assim como a prometida limpeza da Baía da Guanabara, a realização do Projeto de Recuperação Ambiental do Sistema Lagunar da Barra e Jacarepaguá, mais um legado olímpicos rasgado.

Para quem acreditou nas abobrinhas e promessas feitas pelo prefeito camaleão, Eduardo Paes, aquele mesmo que, conversando informalmente com o ex-presidente Lula por conta da Operação Lava Jato, prometeu ser um “soldado seu na luta contra o impeachment”, lembram-se (???), a frustração é grande.

Obra importantíssima para a Bacia da Barra e Jacarepaguá, orçada em aproximadamente 700 milhões, teve protelações inadmissíveis por todas as entidades responsáveis, que não cumpriram minimamente o cronograma pré-estabelecido e hoje, com a alta do dólar e idas e vindas do projeto, viu o valor para execução da obra cair para 10% do valor inicial, um absurdo, escandaliza-se o oceanógrafo, David Zee.  




Por sua vez, o município sequer construiu as cinco UTRs (Unidades de Tratamento de Rios) prometidas, que desembocariam nas lagoas de Jacarepaguá e Tijuca.  Omissão criminosa.  Para piorar a situação, a Rio Águas rescindiu, em dezembro passado, o contrato com o Consórcio Rios de Jacarepaguá, que recuperaria os rios daquela bacia. 

Agora, a solução possível seria, após a Rio 2016, empresários do entorno, em parceria com o poder público, se juntarem e realizar o trabalho, que é de interesse mútuo, em troca de benefícios como o ICMS verde. A conferir.

Se estivéssemos em plena realização das Olimpíadas, hoje, este fim de semana, seria de uma vergonha imensurável para os cariocas.  Confirmando as péssimas condições de navegabilidade e as precárias soluções para manter minimamente navegáveis os rios da região, as barreiras que impedem a passagem das gigogas -vegetação que invade os rios e bacias- se romperam tornando a passagem de barcos por canais que atendem os moradores das dez ilhas locais, praticamente ilhados em suas casas.   

Presidente do grupo C40, que reúne líderes de grandes cidades do mundo visando decidir e adotar medidas contra mudanças climáticas, seria interessante ouvi-lo agora para saber se ao menos não se sente envergonhado com tamanho descaso.  Mas outubro está aí e será a hora da população dizer um rotundo “Não” à continuidade de poder pretendida pelo prefeito traidor e sua trupe.  Até lá só nos resta cobrar.

Abraços Sustentáveis