terça-feira, 21 de julho de 2015

Uma jovem chamada Democracia


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Foto: Shutterstock
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O fruto depende da semente. O ser humano é fruto, é semente. Somos passado, presente, futuro. Somos diferentes. Somos únicos. Somos criadores. Como criadores, somos semeadores do futuro. A energia primeira e última, que nos faz ser semente e fruto, que mora em cada um ser, é, foi e será a maior maravilha da existência. Acredite em você.
Apesar dos milhares de anos que o ser humano habita a Terra só há pouco tempo é que começamos a falar de igualdades, de democracia, de liberdade.
Você sabe definir democracia? Fácil? Humm, eu tenho minhas dificuldades, pois quando nasci ela era coisa rara, não só fora como dentro de casa. Hoje é festejada e já se desenvolve dentro da família. Julgo que só no século XVIII os defensores da política democrática começaram a ir para as ruas. Portugal, por exemplo, só em 1974 foi batizada pela democracia.
A democracia, hoje uma força global, tida como a maior descoberta da história, solidifica-se onde o progresso econômico cresce, mas nem sempre o inverso é verdadeiro. O aumento das desigualdades, muitas vezes causado pelo rápido e selvagem desenvolvimento econômico, tende a minar as instituições democráticas. Derrotados, quando a economia falha, culpam as políticas liberais e facilmente podem entregar-se a ditaduras, como ocorreu no passado recente na América Latina.
Tocqueville, francês, que viveu entre 1805 e 1859, autor de “Democracia na América”, escreveu: “É evidente de igual modo para todos que uma grande revolução democrática decorre entre nós, mas nem todos olham para ela à mesma luz”. Este momento, retratado pela crise da Grécia, uma pequena partícula da Europa, palco de duas guerras mundiais, merece sim um repensar de nossas democracias.
Já li “ilustres” figuras mundiais escrevendo que um enfarto na musculosa economia da China, a asfixia e paralisia da Europa com o desemprego e a crescente emigração, a depressão profunda da doentia Rússia e mais um possível AVC de Israel causado por um futuro Irã livre, são bombas que o rastilho do caos das finanças mundiais pode acender. Como reduzir tais atos, que todos dizem ser loucura, mas que o passado recente demonstrou não ser?
A democracia do futuro deverá ser repensada para excluir a via da guerra. Entre UTI e a guerra certamente todos nós, simples cidadãos, votantes, preferiremos a UTI para alguns, desde que seja para o bem da maioria, da democracia. Melhorar o convívio da política fiscal com a monetária é preciso. Será que o controle da política monetária feita por uma elite financeira, não eleita, um “clube”, é democrático? E o referendo? A Suíça, exemplo de democracia, já comprovou que tal mecanismo é salutar e não deixa feridas entre irmãos e mais não a levou à guerra.
O referendo, por exemplo, ao ato de guerra por um país devia ser obrigatório. As Nações Unidas deveriam rever seu código, condicionando que um país só seria aceito se tivesse em sua Constituição, a obrigação do referendo para declarar guerra. Não me passa pela cabeça ser obrigado a ir para uma guerra, ter meus filhos e netos em armas, por decisão de um homem ou mesmo por uma assembleia de dezenas, nem centenas. Não aceito, não cumprirei. O voto, na era digital, não mais pode ser um cheque em branco. Tudo muda. O referendo é a via da futura democracia. Uma nova democracia é preciso.
É hora de ouvir, seguir grandes pensadores, como o Papa Francisco. É momento de colocar na mesma mesa: democracia, liberdade, igualdade e progresso económico. É hora de priorizar o emprego, reduzir a pobreza, cuidar da Terra, extinguir a corrupção, rever o sistema financeiro mundial, unir os povos, viver a paz. É hora de oxigenar a democracia.
O Brasil, que hoje limpa a corrupção, aflorada na década de 1990 nas grandes democracias (aqui tudo chega depois), retrata seus políticos com escárnio, mas não é só aqui. Na Alemanha uma palavra, “politikverdrossenheit”, traduzida por “cansaço da política”, revela que há necessidade de mudanças.
Em pesquisa de 1999, na França, 61% dos eleitores consideravam os políticos corruptos e quando tal pesquisa era restrita a jovens de 18 a 25 anos, o índice passava para 75% . Hoje a situação é pior.  A pergunta que fica é: “não será a política moderna venal? O que é preciso fazer-se para mudar tal quadro? Acredite em você. Você pode e deve provocar a mudança em nossa democracia.
Longa vida à democracia. Ela é uma bela, sadia, promissora jovem adolescente. Uma flor. Ela precisa ser regada, amada.

Valdemiro A. M. Gomes é engenheiro civil, escreveu 3 livros de crônicas ( sementes) publicados em jornais do Pará e outros. Seguidor do pensar do Mahatma Gandi.

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