quinta-feira, 30 de abril de 2015

Mais de 80% do desmatamento futuro estarão concentrados em apenas 11 lugares




Vista aérea de plantação de soja em área de Cerrado nativo, na região de Ribeiro Gonçalves, Piauí, Brasil. © Adriano Gambarini/WWF-Brasil
Vista aérea de plantação de soja em área de Cerrado nativo, na região de Ribeiro Gonçalves, Piauí, Brasil.
© Adriano Gambarini/WWF-Brasil
Jacarta, Indonésia – Onze lugares do mundo – dos quais 10 estão localizados na região tropical – serão responsáveis por mais de 80% da perda mundial de florestas até 2030, de acordo com uma pesquisa divulgada hoje pela Rede WWF.
Até 170 milhões de hectares de florestas poderão desaparecer entre 2010 e 2030 nessas “frentes do desmatamento”, caso se mantenha a tendência atual, segundo as descobertas reveladas no último capítulo da série Relatório Florestas Vivas, da Rede WWF. Essas frentes estão localizadas na Amazônia, na Mata Atlântica e no Grande Chaco (Bolívia, Paraguai e Argentina), em Bornéu, no Cerrado, no Choco-Darien (no Oeste do Equador), na Bacia do Congo, na África Oriental, no Leste da Austrália, no Grande Mekong, na Nova Guiné e em Sumatra.
Esses locais possuem uma das maiores riquezas em termos de vida silvestre, inclusive espécies ameaçadas de extinção. E todos eles abrigam comunidades indígenas.
“Imagine uma floresta que se estende através da Alemanha, França, Espanha e Portugal, e que seja destruída em apenas 20 anos”, exemplifica Rod Taylor, diretor do Programa Mundial de Florestas da Rede WWF. “Estamos examinando como se pode salvar as comunidades e as culturas que dependem das florestas e assegurar que as florestas continuem a estocar carbono, filtrar nossa água, fornecer madeira e servir de habitat para milhões de espécies”.
O relatório está baseado numa análise anterior realizada pela Rede WWF, que mostra que mais de 230 milhões de hectares de florestas irão desaparecer até 2050 se não forem adotadas ações para enfrentar essa situação e, ainda, que a perda florestal precisa ser reduzida até alcançar o nível quase zero até 2020, de forma a evitar a ocorrência de mudanças climáticas perigosas e perdas econômicas.
Soluções em nível de paisagem são vitais para acabar com o desmatamento
O documento intitulado “Living Forests Report: Saving Forests at Risk” (Relatório Florestas Vivas: salvar as florestas ameaçadas” analisa onde é mais provável que ocorra desmatamento em curto prazo, as principais causas e as soluções para reverter a tendência projetada. Em termos mundiais, a maior causa do desmatamento é a expansão agrícola – inclusive a pecuária comercial, a produção de óleo de palma (azeite de dendê) e a produção da soja, assim como a agricultora de pequena escala. A extração não-sustentável de madeira e a coleta de lenha podem contribuir para a degradação florestal, enquanto a mineração, as hidrelétricas e outros projetos de infraestrutura resultam em novas rodovias que abrem as florestas para os colonos e a agricultura.
“As ameaças sobre as florestas vão além de uma empresa ou indústria e muitas vezes atravessam as fronteiras nacionais. Elas exigem soluções que levem em conta toda a paisagem”, afirma Taylor, que conclui: “Isso significa uma colaboração na tomada de decisão sobre o uso da terra, levando em conta as necessidades das empresas, das comunidades e da natureza”.
A divulgação desse relatório acontece na Cúpula de Paisagens Tropicais: uma oportunidade de investimento global, uma reunião internacional de líderes políticos, empresariais e da sociedade civil, que se realiza em Jacarta, na Indonésia.
“A cúpula é uma oportunidade de se avançar no investimento verde e desenvolver parcerias público-privadas que sejam transformadoras”, afirma o diretor geral da Rede WWF, Marco Lambertini, que irá discursar no evento. “A Indonésia tem uma grande oportunidade de fazer uma transição para uma economia verde inovadora, que priorize a prosperidade e o bem-estar dos seres humanos tanto quando um meio ambiente saudável. Escolher manter as florestas naturais saudáveis para múltiplas finalidades e otimizar a produtividade das terras adjacentes constituirá um exemplo arrebatador dessa abordagem. Precisamos um planejamento inteligente do uso da terra, que reconheça o valor em longo prazo das paisagens florestais saudáveis.”
A Indonésia em foco
Apesar de uma recente desaceleração, o desmatamento continua sendo uma questão importante na Indonésia. A ilha de Sumatra perdeu mais da metade de suas florestas naturais devido às plantações para suprir as indústrias de papel e de óleo de palma (azeite de dendê); e as florestas remanescentes estão gravemente fragmentadas. Projeções da Rede WWF mostram que até 2030 a perda florestal atingirá outros 5 milhões de hectares de florestas. Caso a tendência atual se mantenha, a cobertura florestal na frente do desmatamento na ilha de Bornéu, inclusive nas partes pertencentes à Malásia e ao Brunei, poderá, até 2020, ficar reduzida a menos de uma quarta parte de sua área original. A ilha de Nova Guiné (que inclui uma parte pertencente à Indonésia e outra que é a Papua Nova Guiné) poderá perder até 7 milhões de hectares de floresta entre 2010 e 2030, caso os planos de desenvolvimento agrícola em grande escala sejam concretizados.
“O governo indonésio e os formuladores locais de políticas podem alterar os planos de desenvolvimento e passar de abordagens com foco em ganhos de curto prazo para outras que se baseiem no uso da terra, salvaguardem as florestas e propiciem oportunidades econômicas”, afirma Taylor. “A moratória sobre novas permissões para conversão florestal significa uma oportunidade de avaliar o que pode ser feito para deter as frentes de desmatamento e desenvolver uma economia mais verde e mais inclusiva”.
Três biomas do Brasil aparecem na lista
Os biomas Amazônia, Mata Atlântica e Cerrado são três biomas brasileiros mencionados no relatório.
O bioma Amazônia compreende 6.7 milhões de km2, uma área compartilhada por nove países: Brasil, Bolívia, Peru, Equador, Colômbia, Venezuela, Guiana, Suriname, e Guiana Francesa. Mais de 34 milhões de pessoas vivem na região Amazônica. Entre elas, incluem-se 385 grupos indígenas, 60 dos quais vivem em isolamento voluntário. A maior floresta do mundo é também o local onde são esperadas as maiores perdas. Se for mantida a recente tendência de desmatamento, até 2030 mais de uma quarta parte da Amazônica ficará sem árvores.
As principais ameaças provêm dos crescentes interesses políticos e econômicos e de uma visão de curtíssimo prazo sobre como devem ser usadas as terras e as riquezas naturais da Amazônia. As ameaças variam conforme o país e mesmo dentro do mesmo país, mas elas podem ser caracterizadas como especulação e apropriação ilegal de terra (grilagem), agricultura mecanizada em grande escala, e a pecuária extensiva, infraestrutura de transportes e, em menor grau, agricultura de subsistência em pequena escala. Mais importante do que separar as causas, no entanto, é compreender a relação geográfica e econômica entre elas, bem como o efeito multiplicador de sua combinação.
Outro bioma que aparece no relatório é a Mata Atlântica, que teve sua vegetação reduzida a 11,7% da original, está distribuída em milhares de fragmentos florestais. Ela é considerada um dos ecossistemas insubstituíveis do mundo e convive hoje com ambientes intensamente urbanizados, onde se concentram mais de 120 milhões de brasileiros (75% da população) e atividades econômicas que respondem por mais de 70% do PIB nacional, como a agropecuária. Apesar das profundas transformações que sofreu ao longo da história, o bioma ainda abriga diversas e raras formas de vida, fornece 60% da água consumida pela população brasileira, opções de lazer, proteção de encostas e outros serviços ambientais indispensáveis ao desenvolvimento e à manutenção da qualidade de vida das populações. O bioma conta com controle cada vez mais restritivo das leis para proteção dos fragmentos restantes.
O Cerrado brasileiro é o terceiro mais ameaçado. É a segunda formação vegetal em extensão na América do Sul após a Amazônica. O Cerrado ocupa ¼ do território brasileiro, o que corresponde a uma área de mais de 2 milhões de km², ligando nove estados brasileiros. Sua localização diz muito sobre sua importância, pois ele faz conexão com os com 4 dos 5 biomas do país – Amazônia, Mata Atlântica, Caatinga e Pantanal -, por isso compartilha animais e plantas com estas regiões. Além de abrigar exemplares únicos da biodiversidade. Ele contém quase 5% de todas as espécies do planeta, mas menos de 3% (do bioma) está em unidades de conservação de proteção integral.
As principais ameaças do Cerrado estão relacionadas à expansão de pasto para criação de gado e aos monocultivos de eucaliptos e de soja que, desde a década de 1970 geram muitos impactos ambientais, acarretando em grandes desmatamentos e conflitos socioambientais. Também se somam como fatores de risco para o bioma os incêndios florestais e a ampla demanda por produção de carvão vegetal para a indústria siderúrgica. O desmatamento e as queimadas já devastaram 100 milhões de hectares do Cerrado, ou seja, metade do bioma. Tais práticas de uso do solo são as principais responsáveis pela emissão de gases de efeito estufa no Brasil. (WWF Brasil/ #Envolvere/Utopia Sustentável)

Oceanos teriam riqueza de US$ 24 trilhoes




Ecossistema de arrecifes coralinos no Refúgio Nacional de Vida Silvestre do Atol de Palmyra, nos Estados Unidos. Foto: Jim Maragos/Serviços de Pesca e Vida Silvestre dos Estados Unidos 
Ecossistema de arrecifes coralinos no Refúgio Nacional de Vida Silvestre do Atol de Palmyra, nos Estados Unidos. Foto: Jim Maragos/Serviços de Pesca e Vida Silvestre dos Estados Unidos

As riquezas sem aproveitar dos oceanos teriam um valor aproximado de US$ 24 trilhões, equivalente a várias das maiores economias do mundo, segundo um informe do Fundo Mundial para a Natureza (WWF) publicado na segunda quinzena de abril. O estudo, que descreve os oceanos como potências econômicas, alerta que a superexploração, o uso indevido e a mudança climática estão solapando rapidamente os recursos de alto mar.
“O oceano rivaliza com a riqueza dos países mais ricos do mundo, mas estamos permitindo que se afunde nas profundidades de uma economia falida”, afirmou Marco Lambertini, diretor-geral da WWF Internacional. “Como acionistas responsáveis, não podemos esperar com seriedade continuar extraindo imprudentemente os valiosos bens do oceano sem investir em seu futuro”, acrescentou.
Se compararmos com as 10 maiores economias do planeta, os oceanos ocupariam o sétimo lugar, com um valor anual de bens e serviços de US$ 2,5 trilhões, segundo o informe Reativar a economia oceânica, elaborado pelo WWF em associação com o Instituto da Mudança Mundial, da Universidade de Queensland, da Austrália, e a consultoria The Boston Consulting Group. O valor atual dos oceanos em sua totalidade chegaria a US$ 24 trilhões, calcula o estudo.
Após nove anos de intensas negociações, um Grupo de Trabalho da Organização das Nações Unidas (ONU), integrado pelos 193 Estados membros, acordou em janeiro convocar uma conferência intergovernamental para redigir um tratado juridicamente vinculante com a finalidade de conservar a vida marinha e os recursos genéticos dos oceanos, que agora estão, em grande parte, fora do alcance da lei.
Palitha Kohona, um dos presidentes do Grupo de Trabalho, que foi embaixador do Sri Lanka junto à ONU, disse à IPS que os oceanos são a próxima fronteira para a exploração comercial de grandes empresas, sobretudo aquelas que buscam desenvolver produtos farmacêuticos lucrativos a partir de organismos vivos e não vivos que existem em grande quantidade nas águas de alto mar.
“Os países tecnicamente avançados, que já estão com seus navios de pesquisa nos oceanos, e alguns dos quais desenvolvem produtos, incluídos valiosos medicamentos, com base no material biológico extraído de alto mar, resistem à ideia de regular a exploração deste tipo de material e compartilhar seus benefícios”, acrescentou Kohona.
Segundo a ONU, as águas de alto mar são aquelas que ficam fora das zonas de exclusão econômica nacionais, que constituem 64% dos oceanos, e o leito marinho que está além das plataformas continentais de cada país. Estas áreas representam quase 50% da superfície da Terra, e incluem alguns dos ecossistemas mais importantes para o ambiente, criticamente ameaçados e menos protegidos do planeta.
O tratado internacional proposto, o Acordo sobre a Biodiversidade em Alto Mar, abordaria o marco legal e institucional insuficiente, fragmentado e mal implementado que, atualmente, não protege os mares internacionais das numerosas ameaças que enfrentam no século XXI. Segundo o informe do WWF, mais de dois terços do valor anual dos oceanos dependem do estado saudável das águas para manter sua produção econômica.
A pesca minguante, o desmatamento dos mangues, bem com o desaparecimento dos corais e da vegetação marinha ameaçam a potencialidade econômica dos oceanos que sustenta os meios de vida de milhões de pessoas em todo o mundo. O informe também alerta que o oceano está mudando mais rapidamente do que em qualquer outro momento da história. Ao mesmo tempo, o crescimento demográfico e a dependência humana do mar fazem com que a restauração da econômica oceânica e de seus principais recursos seja um assunto de urgência internacional.
O estudo do WWF especificamente indica a mudança climática como principal causa da decadência da saúde dos oceanos. No ritmo atual do aquecimento global, os arrecifes de coral, que proporcionam alimentos, emprego e proteção contra as tempestades a centenas de milhões de pessoas, desaparecerão completamente até 2050. Mais do que aquecer as águas, a mudança climática provoca o aumento da acidez dos oceanos, algo que o meio ambiente demorará centenas de gerações para remediar.
A superexploração é outra das principais causas da decadência oceânica, já que 90% da população mundial de peixes foi superexplorada ou explorada em 100%, afirma o estudo. A população de atum vermelho do Pacífico diminuiu 96%, segundo o WWF.
“Não é muito tarde para reverter estas tendências preocupantes e garantir um oceano saudável que beneficie as pessoas, as empresas e a natureza”, afirma o documento, ao mesmo tempo em que propõe um plano de ação de oito pontos que restauraria os recursos oceânicos em todo seu potencial.
Entre as soluções mais urgentes está a incorporação da recuperação dos oceanos aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) que a ONU proporá este ano, a adoção de medidas internacionais contra a mudança climática e o cumprimento dos compromissos assumidos para proteger as áreas costeiras marinhas.
“O oceano nos alimenta, nos dá emprego e sustenta nossa saúde e nosso bem-estar. Mas, estamos permitindo que se desmorone diante de nossos olhos. Se os relatos cotidianos sobre a má saúde dos oceanos não inspiram nossos dirigentes, talvez o faça a dura análise econômica”, afirmou Lambertini. “Temos que trabalhar seriamente para proteger os oceanos, começando por compromissos mundiais reais sobre o clima e o desenvolvimento sustentável”, ressaltou. Envolverde/IPS/Utopia Sustentável

terça-feira, 28 de abril de 2015

Aquecimento em oceanos pode ter efeitos imprevisíveis para a Terra




Mussismilia-harttii com peixe. Foto: Projeto Coral Vivo
Mussismilia-harttii com peixe. Foto: Projeto Coral Vivo
Liderado por brasileiros, estudo sobre fixação de nitrogênio em corais foi publicado pelo grupo ‘Nature’
A elevação de temperatura nos oceanos poderá influenciar no processo de fixação de nitrogênio em corais. A conclusão é do estudo que acaba de ser publicado no “The ISME Journal”, do grupo “Nature”, que investigou os efeitos do aquecimentosobre as bactérias que vivem em associação com o coral Mussismilia harttii e que são capazes de fixar esse componente essencial para a vida. Ele foi realizado no mesocosmo marinho do Projeto Coral Vivo – um sistema experimental alimentado constantemente pela água do mar com equipamentos que permitem simular as projeções do IPCC (Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas), da ONU, para as próximas décadas.
Percebemos que a comunidade microbiana que fixa o nitrogênio ficou aumentada e a diversidade alterada consideravelmente com os tratamentos elevados a +2 º C e +4,5 º C. Isso é um alerta vermelho sobre o nitrogênio nosoceanos. Esse estudo com corais aponta que a diversidade e a quantidade de microrganismos com funções essenciais parao planeta poderá ser modificada, com consequências imprevisíveis para os ciclos biogeoquímicos ao longo do tempo”, observa Raquel Peixoto, coordenadora da pesquisa e professora do Instituto de Microbiologia Paulo de Góes da UFRJ. O estudo faz parte da Rede de Pesquisas Coral Vivo, que é patrocinada pela Petrobras por meio do Programa Petrobras Socioambiental e copatrocinada pelo Arraial d’Ajuda Eco Parque.
O experimento nos tanques foi feito durante 21 dias, após 15 dias de aclimatação e, em seguida, eles foram avaliados emlaboratório. Alterações da diversidade da microbiota do coral Mussismilia harttii do mar para o experimento também foram consideradas. Do controle para os que passaram pelo aquecimento monitorado dos tanques, houve ainda mais proliferação de microrganismos fixadores de nitrogênio, como algumas cianobactérias. Cabe observar que esse tipo de desenvolvimento costuma ser encontrado também nos casos em que os corais estão doentes, por exemplo. Tudo o que acontece no microambiente está relacionado ao macroambiente. “Para se ter uma ideia da importância do tema, a presença e a atividade da microbiota de corais está relacionada à degradação de DMSP, que é um composto produzido no coral. Quando esse componente é degradado ele vai para a atmosfera em forma de DMS, que está relacionado à formação de nuvens e a manutenção do clima local”,exemplifica a bióloga.
Escolhemos a espécie Mussismilia harttii, conhecida como coral vela ou coral couve-flor, porque é uma das principais construtoras de recifes brasileiros e cujo gênero só ocorre em águas brasileiras”, justifica o biólogo marinho Clovis Castro, coordenador geral do Projeto Coral Vivo e coordenador executivo do Plano de Ação Nacional para Conservação dos Ambientes Coralíneos (PAN Corais).
Mussismilia harttii - colônia gigante no Recife de Fora - mais de  3 metros de diâmetro. Projeto Coral Vivo
Mussismilia harttii – colônia gigante no Recife de Fora – mais de 3 metros de diâmetro. Projeto Coral Vivo
O trabalho fez parte da tese de doutorado do Henrique Fragoso dos Santos, e é o primeiro estudo que verifica o efeito da temperatura sobre as bactérias fixadoras de nitrogênio em recifes de coral. O estudo foi liderado por brasileiros, com o desenvolvimento do sistema experimental mesocosmo, a formulação da pergunta, a execução do experimento, assim como a liderança nas análises e na discussão. Foi realizado com uma colaboração ampla entre os pesquisadores do Instituto de Microbiologia Paulo de Góes, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, do Projeto Coral Vivo e do Centro para Estudos Ecológicos e Evolucionários, da Universidade de Groningen, Holanda.
Para o professor Clovis Castro, isso demonstra o potencial do trabalho colaborativo entre pesquisadores de diferentes especialidades sobre um problema concreto com o qual o Brasil se depara. “Estes e outros grupos de pesquisa brasileiros estão desenvolvendo diversos estudos para compreender os efeitos das mudanças climáticas e da qualidade da água, especificamente poluição, sobre os seres recifais. O objetivo é ajudar a compreender o que pode acontecer em diferentes cenários e, eventualmente, ajudar a procurar formas de aumentar a resiliência de nossos recifes frente às alterações esperadas”, conclui Castro.
Nitrogênio é essencial para a vida
Vale lembrar que o nitrogênio é um componente essencial para todos os seres vivos, e é constituinte de proteínas, DNA e do RNA, por exemplo. Contudo, a maior parte desse elemento se encontra na atmosfera, e de forma não assimilável por organismos em geral. Só quem consegue fixar esse nitrogênio atmosférico são alguns procariotos. Resumidamente, eles disponibilizam o nitrogênio fixado na forma de amônia ou nitrato no solo para as plantas, que os transforma em formas orgânicas, como aminoácidos. Os herbívoros consomem essas plantas, os carnívoros consomem os herbívoros e o nitrogênio, desta forma, no resto da cadeia. Esse processo também ocorre no ambiente marinho, onde o nitrogênio é transferido dos procariotos para os animais por meio de algas e plâncton.  Recentemente foi descoberto que os fixadores de nitrogênio também beneficiam os corais, por meio desta simbiose específica “Como esses microrganismos são os únicos que conseguem fixar o nitrogênio da atmosfera e disponibilizá-lo para outros organismos, torna-se importante que se estude a dinâmica deles, simulando as mudanças climáticas nos oceanos”, afirma Raquel.
Esse estudo aponta que a alteração de temperatura dos oceanos poderá alterar a relação simbiótica entre os microrganismos fixadores de nitrogênio e os corais. “Essa fixação de nitrogênio ocorre em nível intracelular, onde grande parte deste composto fixado é usado pelas algas zooxantelas – algas que vivem em simbiose com os corais e que são extremamente importantes para a nutrição deles”, explica o biólogo marinho Gustavo Duarte, coordenador executivo do Projeto Coral Vivo, e que participou do estudo.
Entenda o funcionamento do mesocosmo marinho do Coral Vivo
Com o intuito de simular as condições propostas pelo IPCC da ONU, o Projeto Coral Vivo desenvolveu um sistema experimental com 16 tanques que recebem água do mar continuamente, com capacidade de alterar temperatura, acidez ou adicionar poluentes em tempo real. De acordo com o biólogo Gustavo Duarte, esse mesocosmo marinho foi construído de maneira a propiciar maior realismo em comparação às pesquisas experimentais convencionais feitas em laboratório, sem o inconveniente das dificuldades logísticas das pesquisas de campo, como momentos de mar agitado e a impossibilidade do pesquisador permanecer muito tempo sob a água.
O ponto forte desse mesocosmo marinho é manter muitas das variáveis ambientais encontradas no mar, podendo alterar sua condição e simular impactos, como os de mudanças climáticas e contaminações por poluentes diversos, mantendo o realismo”, explica Duarte. O especialista destaca que eles têm conseguido resultados tão próximos aos do mar que, no experimento de acidificação em 2012, os corais que estavam sendo testados desovaram em pleno experimento. Com isso, os resultados são mais aplicáveis ao que se espera das mudanças climáticas futuras. Nossos experimentos vêm apresentando resultados significativamente interessantes e claros, comemora o especialista. O lugar escolhido como base de pesquisas do Coral Vivo é Arraial d’Ajuda, sul da Bahia – uma das regiões mais ricas do país em biodiversidade marinha.
Projeto Coral Vivo
O Coral Vivo faz parte da Rede BIOMAR (Rede de Projetos de Biodiversidade Marinha), que reúne também os projetos Tamar, Baleia Jubarte, Golfinho Rotador e Albatroz. Todos patrocinados pela Petrobras por meio do Programa Petrobras Socioambiental, eles atuam de forma complementar na conservação da biodiversidade marinha do Brasil, trabalhando nas áreas de proteção e pesquisa das espécies e dos habitats relacionados. As ações do Coral Vivo são viabilizadas também pelo copatrocínio do Arraial d’Ajuda Eco Parque, e realizadas pela Associação Amigos do Museu Nacional (SAMN) e pelo Instituto Coral Vivo (ICV). Mais informações na página no Facebook e no site.  e no site.
(Coral Vivo/Utopia Sustentável) 

sábado, 25 de abril de 2015

Outro triste recorde para o Brasil




Pelo segundo ano consecutivo o Brasil amarga o título de país mais perigoso para ambientalistas
Na última segunda-feira a ONG Global Witness publicou o relatório “How many more”. (“Quantos Mais?”, em tradução livre), que traz dados sobre assassinatos de ativistas ambientais ao redor do mundo. De acordo com o levantamento, o Brasil aparece como o país mais perigoso para se trabalhar na defesa do meio ambiente: ao todo, 29 ambientalistas foram vítimas de assassinato no Brasil em 2014, sendo quatro deles indígenas.
Infelizmente, a relação entre violência e destruição da floresta não é recente no Brasil. Temos vários exemplos icônicos dos resultados desta nefasta equação, como Chico Mendes e Irmã Dorothy, ambos assassinatos devido a conflitos relacionados com a posse da terra e a defesa da floresta.
José Claudio Ribeiro e Maria do Espírito Santo foram assassinados, em 2011, por denunciarem a ação de madeireiros, carvoeiros e grileiros no Assentamento Agroextrativista Praia Alta Piranheira, no Pará. Foto: © Greenpeace / Felipe Milanez
José Claudio Ribeiro e Maria do Espírito Santo foram assassinados, em 2011, por denunciarem a ação de madeireiros, carvoeiros e grileiros no Assentamento Agroextrativista Praia Alta Piranheira, no Pará. Foto: © Greenpeace / Felipe Milanez
“Um dos maiores problemas na Amazônia é a total falta de definição fundiária. Por conta desta lacuna de informações, populações inteiras, que vivem há gerações em determinados locais, são subjugadas e expulsas, muitas vezes com extrema violência, por grileiros de terra, que obtém com facilidade documentos falsos de posse de terra”, afirma Rômulo Batista, da campanha da Amazônia do Greenpeace.
A exploração ilegal de madeira é outro fator gerador de conflitos na Amazônia brasileira. Muitas vezes, madeireiros ilegais invadem unidades de conservação, terras indígenas e projetos de assentamento para roubar madeira. Quando as lideranças locais decidem enfrentar esse tipo de agressão contra a floresta, são invariavelmente ameaçados e, infelizmente, em muitos casos a ameaça é levada a cabo.
“Na Amazônia a destruição da floresta a exploração ilegal de madeira andam de mãos dadas com a violência. Como essas atividades são eminentementes ilegais, as pessoas estão dispostas a tudo para obter um lucro maior e mais rápido e quem paga com a vida são as pessoas que se colocam entre esses criminosos e a floresta”, afirma Batista.
Além destes dois fatores, que estão tradicionalmente relacionados à violência no campo, as populações tradicionais e ativistas ambientais lidam agora com outra grande ameaça, a execução de grandes obras de infraestrutura, como as hidrelétricas. Ao não respeitar o direito das populações locais, e muitas vezes realizar a obra sem sequer consultá-las, os governos tem contribuído para o agravamento da situação de violência.
A ocupação desenfreada da Amazônia pela agropecuária também promove a violência, ao desalojar comunidades e famílias de seus locais. É comum assentamentos de reforma agrária serem tomadas por monocultura de soja ou pela criação de gado. Devido ao porte deste tipo de empreendimento e ao capital de giro necessário para essas atividades, ela dificilmente é feita pelos assentados, ou seja, os assentamentos são, na verdade, reconcentrados por grandes fazendeiros e isso também ocorre de forma violenta.
A luta para acabar com o desmatamento na Amazônia é também a luta para garantir a sobrevivência e a dignidade dos povos que a habitam. Sem florestas, não temos água, produção de alimentos e muito menos uma chance de amenizar os efeitos das mudanças climáticas no futuro. Ao deixar de garantir a segurança de seus guardiões, o Brasil caminha para um futuro de barbárie e miséria.
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Para dar um basta a toda essa violência, e tirar o Brasil deste vergonhoso ranking, precisamos combater o desmatamento e só conseguiremos atingir este objetivo com o apoio de toda a sociedade, seja no campo ou na cidade. (Greenpeace Brasil/ #Envolverde\Utopia Sustentável)

A cultura do capital é anti-vida e anti-felicidade




Onde reside o gênio do capitalismo? Na exacerbação do eu até ao máximo possível, do indivíduo e da autoafirmação, desdenhando o todo maior, a integração na espécie e o nós. Desta forma desequilibrou toda a existência humana, pelo excesso de uma das forças, ignorando a outra
A demolição teórica do capitalismo como modo de produção começou com Karl Marx e foi crescendo ao longo de todo o século XX com o surgimento do socialismo e pela escola de Frankfurt. Para realizar seu propósito maior de acumular riqueza de forma ilimitada, o capitalismo agilizou todas as forças produtivas disponíveis. Mas teve como consequência, desde o início, um alto custo: uma perversa desigualdade social. Em termos ético-políticos, significa injustiça social e produção sistemática de pobreza.
Nos últimos decênios, a sociedade foi se dando conta também de que não vigora apenas uma injustiça social, mas também uma injustiça ecológica: devastação de inteiros ecossistemas, exaustão dos bens naturais, e, no termo, uma crise geral do sistema-vida e do sistema-Terra. As forças produtivas se transformaram em forças destrutivas. Diretamente, o que se busca mesmo é dinheiro. Como advertiu o Papa Francisco em excertos já conhecidos da Exortação Apostólica sobre a Ecologia: ”no capitalismo já não é o homem que comanda, mas o dinheiro e o dinheiro vivo. A ganância é a motivação… Um sistema econômico centrado no deus-dinheiro precisa saquear a natureza para sustentar o ritmo frenético de consumo que lhe é inerente.”
Agora o capitalismo mostrou sua verdadeira face: temos a ver com um sistema anti-vida humana e anti-vida natural. Ele nos coloca o dilema: ou mudamos ou corremos o risco da nossa própria destruição e parte da biosfera, como alerta a Carta da Terra.
No entanto, ele persiste como o sistema dominante em toda a Terra sob o nome de macro-economia neoliberal de mercado. Em que reside sua permanência e persistência? No meu modo de ver, reside na cultura do capital. Isso é mais que um modo de produção. Enquanto cultura encarna um modo de viver, de pensar, de imaginar, de produzir, de consumir, de se relacionar com a natureza e com os seres humanos, constituíndo um sistema que consegue continuamente se reproduzir, pouco importa em que cultura vier a se instalar. Ele criou uma mentalidade, uma forma de exercer o poder e um código ético. Como enfatizou Fábio Konder Comparato num livro quer merece ser estudado A civilização capitalista (Saraiva, 2014): ”o capitalismo é a primeira civilização mundial da história” (p.19). O capitalismo orgulhosamente afirma: ”não há outra alternativa (TINA= There is no Alternative).”
Vejamos rapidamente algumas se suas características: finalidade da vida: acumular bens materiais; mediante um crescimento ilimitado, produzido pela exploração sem limites de todos os bens naturais; pela mercantilização de todas as coisas e pela especulação financeira; tudo feito com o menor investimento possível, visando a obter pela eficácia o maior lucro possível dentro do tempo mais curto possível; o motor é a concorrência turbinada pela propaganda comercial; o beneficiado final é o indivíduo; a promessa é a felicidade num contexto de materialismo raso.
Para este propósito se apropria de todo tempo de vida do ser humano, não deixando espaço para a gratuidade, a convivência fraternal entre as pessoas e com a natureza, o amor, a solidariedade, a compaixão e o simples viver como alegria de viver. Como tais realidades não importam para a cultura do capital, como reconheceu o insuspeito mega-especulador George Soros (A crise do Capitalismo, Campus 1999), porque, embora tenham valor, não tem preço nem dão lucro. Mas exatamente são elas que produzem a felicidade possível. Ele destrói as condições daquilo que se propunha: a felicidade. Assim ele não é só como anti-vida mas também anti-felicidade.
Como se depreende, esses ideais não são propriamente os mais dignos para efêmera e única passagem de nossa vida neste pequeno planeta. O ser humano não possui apenas fome de pão e afã de riqueza; é portador de outras tantas fomes como de comunicação, de encantamento, de paixão amorosa, de beleza e arte e de transcendência, entre outras tantas.
Mas por que a cultura do capital se mostra assim tão persistente? Sem maiores mediações diria: porque ela realiza uma das dimensões essenciais da existência humana, embora a elabore de forma distorcida: a necessidade de autoafirmar-se, de reforçar seu eu, caso contrário não subsiste e é absorvido pelos outros ou desaparece.
Biólogos e mesmo cosmólogos (citemos apenas um dos maiores deles Brian Swimme) nos ensinam: em todos os seres do universo, especialmente no ser humano, vigoram duas forças que coexistem e se tencionam: a vontade do indivíduo de ser, de persistir e de continuar dentro do processo da vida; para isso tem que se autoafirmar e fortalecer sua identidade, seu “eu”. A outra força é da integração num todo maior, na espécie, da qual o indivíduo é um representante, constituindo redes e sistemas de relações fora das quais ninguém subsiste.
A primeira força se constela ao redor do eu e do indivíduo e origina o individualismo. A segunda se articula ao redor da espécie, do nós e dá origem ao comunitário e ao societário. O primeiro está na base do capitalismo, o segundo, do socialismo na sua expressão melhor.
Onde reside o gênio do capitalismo? Na exacerbação do eu até ao máximo possível, do indivíduo e da autoafirmação, desdenhando o todo maior, a integração na espécie e o nós. Desta forma desequilibrou toda a existência humana, pelo excesso de uma das forças, ignorando a outra.
Nesse dado natural reside a força de perpetuação da cultura do capital, pois se funda em algo verdadeiro mas concretizado de forma exacerbadamente unilateral e patológica.
Como superar esta situação secular? Fundamentalmente no resgate do equilíbrio destas duas forças naturais que compõem a nossa realidade. Talvez seja a democracia sem fim, aquela instituição que faz jus, simultaneamente, ao indivíduo (eu) mas inserido dentro de um todo maior (nós, a sociedade) do qual é parte. Voltaremos ao tema porque não é suficiente fazer a crítica a esta cultura malvada, como a chamava Paulo Freire; importa contrapor-lhe outro tipo de cultura que cultiva a vida e cria espaços para o amor, a cooperação, a criatividade e a transcendência. (Leonardo Boff/ #Envolverde\Utopia Sustentável)


sexta-feira, 24 de abril de 2015

Na casa do presidente da Câmara, um bom exemplo contra o projeto da Terceirização


Eduardo Cunha bem que poderia consultar a esposa, a jornalista Cláudia Cordeiro Cruz, apresentadora do Jornal da Globo, Bom Dia, Jornal Nacional, RJ TV e Fantástico, na década de 90, sobre o PL 4330/2004. 

A emissora, tentando economizar, sugeriu a parte dos funcionários da área de jornalismo se transformar em empresa.  No caso de Cláudia, ela criou a C3 Produções Artísticas e Jornalísticas, visando prestar serviços à TV Globo. 

As famosas PJ’s, são contratos feitos entre um indivíduo (Pessoa Jurídica) e uma empresa, normalmente realizados para eximir o verdadeiro patrão (no caso de Claúdia, a Rede Globo), de qualquer encargo a pagar durante sua vigência e em caso de demissão. 


Em julho de 2000, após uma faringite, a emissora informou que o contrato de “locação de serviços” não seria renovado. 

Resultado: a jornalista entrou com ação trabalhista exigindo o reconhecimento de vínculo de emprego e indenização por danos morais.  E ganhou (férias, 13º salário, INSS, abonos etc etc).  Fica a pergunta: Será mesmo uma boa esse projeto, Sr. Presidente Eduardo Cunha?

Caso estivesse valendo, o famigerado PL 4330/04, a esposa do Sr. Eduardo Cunha, estaria, agora, a ver navios.   Incoerência ou hipocrisia? 

Abraços sustentáveis


Odilon de Barros

O que você faria para levar a natureza para os centros urbanos?





O Múrmura é uma plataforma colaborativa para compartilhar ideias e iniciativas transformadoras no espaço urbano. Uma das frentes de atuação de trabalho é por meio de desafios criativos que são lançados constantemente, o último deles é o “Traga a natureza pra cidade”.
Esse projeto busca incentivar a população urbana a levar mais verde para os bairros. “Nosso objetivo é encorajar as pessoas a intervirem na cidade em busca de fazer o cinza virar verde. Queremos despertar a inteligência coletiva e dar escala a ideias simples e transformadoras”.
Para encorajar e inspirar as ações, o grupo já testou na rua três ideias. “Um bom lugar para uma árvore” é iniciativa que pinta esta mesma frase no chão de ruas e avenidas com pouca vegetação. Trata-se de um alerta para a falta de áreas verdes na cidade e é uma ideia adaptada da artista norte-americana Candy Chang.
“Poste-árvore” é o nome de outro projeto desenvolvido para participar do desafio. Como o próprio nome indica, o grupo instalou diversas plantas nos postes e pontos de ônibus. As mudas foram plantadas em vasos e amarradas nas estruturas de concreto. Confira abaixo:
A última das ações foi a “A natureza recarrega”. Com um carrinho, foi projetado um banco de grama na Avenida Presidente Vargas, centro do Rio de Janeiro, com carregadores de celular. Quem passava por ali podia “sentar na grama” para esperar o ônibus passar, completar a carga do celular ou simplesmente descansar.
Este último projeto implantado, como pode ser visto abaixo, mostra que a intervenção urbana voltada para o verde, por menor que seja, já faz uma grande diferença no ambiente urbano.
O grupo convida todos a também colocarem a mão na massa. “Estamos procurando por ações simples, criativas, replicáveis e inspiradoras que despertem em outras pessoas a vontade de fazer também. A qualidade da execução e a apresentação da ideia são importantes, mas o mais importante é que a ideia seja capaz de ser executada em outros lugares também”, afirma o grupo. Confira abaixo o vídeo do desafio:
Este desafio é realizado em parceria com o Zebu, empresa que desenvolve projetos criativos de design e sustentabilidade. Para saber mais sobre como participar, clique aqui.CicloVivo/Utopia Sustentável

Britânico cria a bicicleta mais segura do mundo


24 de Abril de 2015 • Atualizado às 10h16


Após ser atropelado por uma van enquanto pedalava em Londres, o britânico Crispin Sinclair decidiu desenvolver a bicicleta mais segura do mundo. Apelidado de Babel Bike, o modelo deve manter o ciclista a salvo mesmo em colisões envolvendo ônibus e caminhões.

Imagem: Divulgação
De acordo com a apresentação do projeto, 65% dos acidentes fatais sofridos por ciclistas nas ruas da capital inglesa são causados por ônibus e caminhões. A situação não é muito diferente em outras grandes cidades mundiais. Por isso, é tão importante criar estruturas e tecnologias que proporcionem mais segurança a quem decide ter a bicicleta como meio de transporte diário.
O protótipo criado por Sinclair já passou por testes e se mostrou altamente eficiente. Nele, o ciclista não senta em um selim comum, ele está acomodado em um banco semelhante ao de um carro, com cinto de segurança e envolto por uma estrutura de proteção. O formato tem as dimensões necessárias para que a bicicleta não passe pelo vão entre o para-choque dos automóveis e o chão.  Por causa disso, a forma de pedalar também é diferente. A postura do ciclista é semelhante à de alguns tipos de motociclistas, o que garante conforto e tranquilidade.

Foto: Divulgação
A Babel Bike é equipada com um sistema que permite a conexão com celulares e GPS e estará disponível também em versão elétrica, com um motor Shimano de 250 watts, autonomia de até 128 quilômetros e velocidade máxima de 32 km/h.

Foto: Divulgação
Em termos de segurança, a proteção na lateral não é o seu único diferencial. Além de possuir eficientes freios hidráulicos, a bicicleta é equipada com um sensor que libera um aviso sonoro sempre que outro veículo encosta na bike, para alertar os motoristas sobre a presença do ciclista.

Crispin Sinclair está em busca de financiamento coletivo para produzir a Babel Bike em larga escala. Cliqueaqui para ver mais detalhes sobre este projeto.CicloVivo/Utopia Sustentável

Desperdício de alimentos custa milhões para as cidades




Foto: CicloVivo

Combater o desperdício de alimentos ajudará a alimentar 9,5 bilhões de pessoas e a diminuir o impacto ambiental
Seria necessário um terreno na área do México para produzir a quantidade de alimentos que as pessoas produzem, mas não comem, a cada ano. Mais comida é desperdiçada na fase de consumo – nas residências, restaurantes e cafeterias – do que em outros estágios da cadeia.
Quase todas as áreas urbanas têm níveis altos de desperdício de alimentos – comida que poderia ser consumida quando chega às pessoas, mas é descartada antes ou depois de estragar. O desperdício de alimentos apresenta desafios significativos, mas também dá oportunidade para que as cidades reduzam as emissões de carbono e o desmatamento, além de mitigar o gasto de água com a agricultura.
Os custos ambientais da produção de alimentos
De acordo com as projeções, o mundo vai precisar aumentar a produção de alimentos em 70% até 2050. Isso causará uma estafa significativa no planeta. A produção de alimentos tem altos níveis de emissões porque converte floresta e savanas, que armazenam carbono, em pastos ou terras de cultivo.
Por exemplo, na Indonésia, florestas tropicais estão sendo derrubadas para dar lugar ao cultivo de palma para produção de óleo, o fez do país o maior emissor de carbono por unidade de PIB. Além disso, 13% das emissões de carbono em 2010 foram de atividades agrícolas como criação de gado, uso de tratores e produção e uso de fertilizantes nitrogenados. A agricultura contribui com 24% das emissões de gases de efeito estufa, considerando a conversão de terras, explora 27% das terras do planeta e consome 70% da água doce no mundo.
Considerando o efeito em escala da produção de alimentos no meio ambiente, reduzir o desperdício e a necessidade de produção crescente pode nos impulsionar para um mundo mais sustentável.
A urbanização intensifica o desperdício de comida
De acordo com a Royal Society, consumidores de países com economia em desenvolvimento desperdiçam mais alimentos por causa do relativo baixo custo da comida, por causa dos padrões altos de aparência dos alimentos e falta de conhecimento sobre a realidade da produção de alimentos.
A urbanização traz esses três fatores no comportamento do consumidor porque quem mora na cidade ganha mais dinheiro que os trabalhadores rurais, tem altos padrões de aparência dos alimentos e compra alimentos nos supermercados.
Para deixar o desafio do desperdício de alimentos mais difícil, a ONU estima que até 2050, mais 2,5 bilhões de pessoas passará a viver em áreas urbanas. A população urbana corresponderá a dois terços da população mundial. Como resultado, o desperdício de alimentos deverá crescer significativamente até 2050 na maioria das cidades.
O desperdício de alimentos já está crescendo mundialmente. Por exemplo, em várias cidades chinesas, como Pequim e Xangai, alimentos já correspondem de 50% a 70% dos resíduos municipais. Vale considerar que há consumidores de países em desenvolvimento que não tem condições de refrigerar a comida em casa para preservá-la.
Nas cidades surgem soluções inovadoras
Felizmente, alguns governos, organizações não governamentais e empresas privadas já estão explorando métodos inovadores para reduzir o desperdício de comida.
Por exemplo, algumas instituições estão redistribuindo alimentos para as pessoas que precisam. A FoodBank South Africa recolhe mais de 4 toneladas de comida anualmente e distribui mais de 14 milhões de refeições com a ajuda de organizações sem fins lucrativos da Cidade do Cabo, Joanesburgo e Durban. Seul, na Coreia do Sul, está implementando uma política de cobrar a população, organizações e restaurantes que desperdiçam comida. Isso irá estimular os restaurantes a reduzir o tamanho das porções e encorajar as pessoas a não comprar comida que eles não vão consumir.
Em fevereiro de 2014, Hong Kong definiu uma meta de redução de desperdício de comida em 40% até 2022, considerando os parâmetros de 2011. O relatório foca no aumento de consciência do desperdício de alimentos e a reciclagem de restos de alimentos em compostagem ou queima para produção de energia. Por exemplo, 75% dos detentos do Instituto Lo Wu se voluntariaram a receber porções menores de comida, o que traz uma economia de 500 tigelas de arroz por dia.
As cidades devem enfrentar, com urgência, o crescente desperdício de alimentos no mundo. O Programa Waste Resources and Action (WRAP) calculou que o custo dos alimentos que não são consumidos chega a 400 bilhões de dólares anualmente, o que significa um forte motivo financeiro para agir. O Instituto World Resources está liderando o desenvolvimento do Food Loss and Waste Protocol, que permitirá às cidades e entidades relatar o desperdício de alimentos de forma prática, com credibilidade e de forma consistente, internacionalmente. E, finalmente, o rascunho atual das metas de desenvolvimento sustentável da ONU (Sustainable Development Goals – SDGs) têm como meta “reduzir pela metade o desperdício de alimentos per capita globalmente, a nível de varejo e consumidor” até 2030.
As cidades têm um papel indispensável no combate ao desperdício de alimentos, o que pode ajudar a alimentar 9,5 bilhões de pessoas com menos emissões de carbono e menor impacto sobre os recursos naturais. (Akatu/ #Envolverde/Utopia Sustentável)