quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Luz, câmera ...Construtora Lopes Marinho


Cada louco com sua mania.  Sempre tive o hábito de andar pela rua observando placas. Com o caos nosso de cada dia instalado na mobilidade urbana carioca, além de livros, jornais e revistas que leio, descanso a vista entre meu ir e vir da labuta diária observando o cardápio de obras públicas espalhado pela cidade maravilhosa.  Os responsáveis pelos empreendimentos, quantos metros quadrados, custo final, tempo de realização, enfim. 

Com a pontinha do gigantesco iceberg chamado “Operação Lava-Jato” começando a despontar no meio de um oceano cada vez mais infestado de denúncias contra tubarões do cenário político-empresarial nacional, podemos constatar, como disse o demissionário chefe da Controladoria Geral da União, Jorge Hage, “que o estado brasileiro vem falhando, há muito, em seus controles, tendo sido impotente na intenção de interromper a sangria de dinheiro público que vem sofrendo”.

Observador curioso, saltou aos olhos nos últimos anos, a quantidade de obras realizadas no judiciário fluminense, pela Construtora Lopes Marinho Engenharia e Construções Ltda.


Passeando por sua página verifiquei que, aproximadamente, 80% dos clientes listados são órgãos públicos.  Nada demais.  Porém, no item “obras realizadas e em andamento”, é impressionante a quantidade de obras executadas para os mais variados tipos de Tribunal de nosso estado.  A empresa construiu ou reformou: Ministério Público de Niterói (RJ), Tribunal de Justiça de Rio Bonito (RJ), Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (Lâminas IV e V), Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (Palácio da Justiça), Procuradoria Geral do Estado do Rio de Janeiro, Tribunal de Justiça de Pendotiba (RJ),  Tribunal de Justiça de Niterói (RJ), Tribunal de Justiça de Alcântara (RJ), Tribunal de Justiça de Itaboraí (RJ) e Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (Lâmina III). 

Outras obras realizadas pela construtora...Petrobras, Fiocruz, UERJ, UFF, Termorio, Fundação Habitacional do Exército, CABERJ, Vila Olímpica (Comando da Aeronáutica), SENAI, RECAP, Correios, Lojas Leader e Colégio Marista.

Em maio último, após denúncias divulgadas pela imprensa, o terreno doado pela Prefeitura do Rio que abrigaria a sede do novo prédio do Tribunal Regional Eleitoral (TRE RJ), orçado em R$ 94 milhões de reais, na Cidade Nova, foi devolvido pela Corte depois de R$ 12 milhões gastos em suas fundações.  Mais um empreendimento que estava sendo realizado pela Construtora Lopes Marinho. 



Como cidadão, gostaria de saber o motivo de as grandes empreiteiras do país, hoje envolvidas no maior escândalo de corrupção da história, nunca terem se interessado por essas obras, afinal, se fazem rodovias, termelétricas, pontes, hidrelétricas, refinarias, não se interessar por esse filão, por quê?  Por outro lado, pela suntuosidade e beleza dos prédios construídos pela Lopes Marinho, fica claro, também, que seus preços devem ser altamente competitivos, razão pela qual sugiro, desde já, seja esta alçada ao posto de substituta natural das outras que, confirmadas as denúncias das delações até agora aprovadas pelo STF, têm tudo para se tornarem inidôneas.

Nossas instituições democráticas estão em risco por conta do altíssimo nível de corrosão e desvios sem precedentes que vêm sendo descobertos em empresas, prefeituras e órgãos públicos.  A oportunidade é ímpar e não podemos perdê-la.  Sem perder o foco, é preciso passar o país a limpo.

Não seria difícil, se houvesse vontade política, delimitar os espaços de atuação daqueles que têm o péssimo hábito de assaltar a Nação, mesmo com nuances técnicas por conta de dificuldades e especificidades de áreas e localização, criando padrões para o custo do quilômetro de uma rodovia, o custo do quilômetro de uma linha de Metrô, o metro quadrado de um edifício de escritórios públicos, e por aí vai. 

O Poder Judiciário tem o papel fundamental de dar o exemplo para a sociedade e fiscalizar o cumprimento das leis.  Sobre Ele não pode pairar qualquer dúvida. 

Abraços Sustentáveis


Odilon de Barros

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