segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Torço para que a eleição presidencial fique empatada até o último minuto



Por mais que a presidenta Dilma tenha vencido a primeira parte da corrida presidencial é inegável que o Partido dos Trabalhadores sai mais fraco do pleito desse ano.  Passou de 88 cadeiras para 70 na Câmara Federal, de 13 para 12 vagas no Senado e mantém, até agora, o mesmo número de governadores (4), podendo ainda subir no segundo turno.

Além disso, Suplicy e Olívio Dutra, dois pilares éticos do partido foram derrotados para o Senado em seus estados.  Em São Paulo Padilha teve votação pífia e no Rio, Lindberg teve praticamente a mesma votação de Tarcísio do PSOL.  Uma tendência que pouco a pouco começa a ser verificada Brasil afora: a substituição do voto do PT pelo PSOL.  A conferir nos próximos anos.

Mas foi curiosamente em Minas, terra de Aécio, que o PT ganhou um governador de peso (sem desmerecer os outros estados onde foi vitorioso).  Fernando Pimentel emerge das urnas fortalecido por uma vitória em primeiro turno e tem tudo para ganhar mais espaço dentro do partido.  Uma vitória pessoal da presidenta.




Com a impensável votação de 33% dada para Aécio e acima das mais otimistas previsões de institutos de pesquisa, vamos ter um segundo turno sangrento, como há muito não víamos.  A essa hora arsenais de parte a parte devem estar sendo preparados. 

Uma pena, pois com a margem apertada entre os dois candidatos a sociedade deveria aproveitar a oportunidade para discutir propostas reais e arrancar compromissos de ambos, o que não foi possível de ocorrer no primeiro turno.

Quem sabe até pinçar algumas das prioridades jogadas sobre a mesa quando das  manifestações de junho de 2013, e logo esquecidas pelo poder público.   Reforma política imediata, voto facultativo, projeto consistente de preservação do meio ambiente e em prol da sustentabilidade do planeta, fim do instrumento da reeleição, queda do fator previdenciário, criminalização da homofobia, descriminalização do aborto e das drogas, educação de qualidade, saúde universal de boa qualidade e, principalmente, um combate sem tréguas e perene contra a corrupção, são alguns dos temas que nós, brasileiros e eleitores deveríamos discutir até a eleição.

Com inteligência e sabedoria, a sociedade, através de suas representações organizadas, deveria extrair o máximo dos dois candidatos e aproveitar o desespero de se imaginarem chegar tão próximo e perder no finalzinho.  Obrigá-los a tomar posições e ousar, o que certamente não fariam se em situação confortável estivessem.  Usar o voto como arma maior.  Afinal, somos nós ou não que damos as cartas agora?  Quem sabe até uma “Carta aos Brasileiros 2”, para Dilma e “Carta aos Brasileiros 1”, para Aécio.  Se descumprissem, o máximo que poderia acontecer é mandá-los para casa daqui a quatro anos.  

E a mídia pode ajudar muito trabalhando ao lado da sociedade nessas três próximas semanas.

Tomara que a eleição presidencial fique em empate técnico até o último minuto.

Abraços sustentáveis


Odilon de Barros