sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Reflexões sobre Paulo Roberto Costa, Alberto Youssef, ética e eleições


As revelações do ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa e do doleiro Alberto Youssef, trazem à tona um novo tipo de ator para a cena política brasileira: o delator.  Até então sempre ignorada, esta nova figura, tem tudo para mudar o relacionamento displicente com que políticos, gestores de empresas públicas e corruptores, até então, protegidos pelo manto da impunidade, a partir de agora terão que ter pois, com o prêmio da delação o perigo da guilhotina cortar também suas cabeças, fato impensável até esta data, tornou-se real.

O que está para ocorrer daqui a pouco é sem dúvida inédito, imprevisível e, possivelmente, avassalador, podem acreditar.  Não me lembro, desde que acompanho a cena política brasileira, de confissões voluntárias e conscientemente sendo feitas por corruptos, esse, sem dúvida, um fato novo.  Um marco que pode mudar tudo. 

Se deixarem o juiz responsável pela Operação Lava-Jato, Sérgio Moro - aliás uma boa indicação da Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe), para a vaga de Joaquim Barbosa, no STF -, e o Ministério Público, trabalharem em paz, o Brasil pode estar prestes a entrar em um novo e promissor caminho no combate à corrupção.  Esperamos que a moda pegue.






Desde a redemocratização, quando o retorno de eleições livres ao país trouxe junto à  bandeira da ética a esperança de novas práticas de fazer política, o que assistimos não foi bem isso.  Apesar de indiscutíveis e notáveis avanços no campo social, poderíamos e deveríamos ter avançado mais, afinal Lula e sua trupe tinham, apesar da conciliadora “carta aos brasileiros”, cacife e popularidade suficiente para ousar e quebrar paradigmas, conquistar apoios para avançarmos rumo a tão aguardada e necessária ética na política, limpar o entulho autoritário (lembram-se?) e, mais do que tudo, serem coerentes. 

No entanto, o que assistimos em nome da governabilidade foi a velha e rasteira utilização do poder em benefício da causa, loteamento indiscriminado de cargos nas estatais e fundos de pensão, partilhando o poder entre aliados, onde os fins justificaram os meios, como se em retribuição ao que estivessem fazendo de bom – nada mais que obrigação - ganhassem um cheque em branco para transgredir.   O conhecido “rouba mas faz” de Ademar de Barros.  Um erro jamais assumido pelos dirigentes do PT.  O pior legado para uma juventude que estava ávida em participar: o descrédito. 

Mas domingo é dia de festa e de democracia.  Dia de escolhermos os novos representantes que governarão o país em suas várias instâncias.  Hora, também, de retribuirmos com seriedade o “carinho” que eles, os parlamentares, tiveram para com a sociedade. 

A reforma política é uma urgente necessidade para o país avançar rumo a uma verdadeira democracia representativa.  Nosso dever é eleger aqueles que, com certeza, não nos decepcionarão, e que trabalharão sem outras intenções por uma sociedade mais justa, fraterna e igual.

Bom voto

Abraços Sustentáveis

Odilon de Barros