Números, a não ser que sejam manipulados, não costumam mentir. Pois é, o resultado emanado das urnas traz um
recado claro ao Partido dos Trabalhadores: ou volta às suas origens éticas
e progressistas que o diferenciavam dos demais, rápido, ou dará espaço para que outras siglas tomem seu lugar. E o PSOL, com os votos que recebeu para governador, deputado federal e estadual, aqui no Rio de Janeiro, é bom exemplo disso que estou falando.
A diminuição da bancada estadual nacional do PT em 38%
(149/108), federal em 26% (88/70), de senadores em 8% (13/12), bem como do
percentual de votação da presidenta Dilma, de 46,91% em 2010, para 41,61%, agora no
primeiro turno, retratam o tamanho do
sinal vermelho que se acendeu e que deveria estar sendo visto como perigo de
debandada geral do rebanho. Definitivamente,
sociedade/eleitores não comungam mais as mesmas crenças e práticas partidárias de
antigamente. Não enxergar isso é cavar
cada vez mais fundo a própria sepultura.
A única exceção foi a bancada de governadores que permaneceu igual podendo
até crescer no segundo turno.
A nova eleição merece, portanto, uma análise
urgente do que está acontecendo com este eleitorado descontente. E agir, com demonstrações inequívocas, já, antes de o segundo turno ocorrer.
Caso contrário, corre-se o sério risco de naufragar com a nau à beira da
praia. Está na hora de assumir
responsabilidades, rever caminhos e corrigir erros cometidos. A presidenta Dilma recentemente afirmou que
seu governo combate a corrupção.
Discurso dúbio. Se verdadeiro
fosse, a partir do julgamento do mensalão, com a sentença transitada em
julgado, seu partido não poderia jamais manter em suas fileiras quadros
condenados por formação de quadrilha e outros crimes, mas sim expulsá-los,
sendo coerente com seu passado. Não o
fazendo, conforme previsto, rasgou seu estatuto.
“- Art. 231. : Dar-se-á a
expulsão nos casos em que ocorrer:
XII –
condenação por crime infamante ou por práticas administrativas ilícitas, com
sentença transitada em julgado.
Parágrafo
único: A pena de expulsão implica o imediato cancelamento da filiação
partidária, com efeitos na Justiça Eleitoral.”
Simples assim. Os resultados de tamanho estrago à imagem já começaram
a aparecer, colocando em risco todo o patrimônio construído ao longo das
últimas três décadas.
Em vez de mútuas agressões, discursos de medo e campanhas de
possíveis perdas, os candidatos deveriam dizer, objetivamente, o que farão
sobre a questão da água, até então ignorada.
Quais as medidas que serão colocadas em prática para o combate às
mudanças climáticas. Que escolhas
faremos (se é que faremos) para o enfrentamento do déficit energético. E, em que fontes limpas de energia investiremos visando
incrementar nossa matriz energética.
Como bem disse, Elio Gaspari, “inútil pretender continuar
no governo pelos defeitos do adversário e não por suas próprias virtudes”. Seja qual for o cenário, a partir de
novembro, vencendo ou perdendo, o trem precisará voltar para os trilhos. Ou descarrilar de vez.
Vencendo, certamente o atual governo terá maiores dificuldades para
montar uma base sólida para trabalhar com tranquilidade, já que perdeu grande número de cadeiras. Mais, com ressentimentos cada vez mais
aflorados, a oposição fará uma marcação duríssima tentando imobilizar o
governo. Não esqueçamos que Paulo
Roberto Costa e Alberto Youssef já mandaram chamar seus coleguinhas de trabalho
(sujo) para a eles se juntarem. São
nomes de primeiro quilate que farão tremer (ou cair?) a República. Apostas à parte, perdendo, a tendência será
uma desintegração progressiva e consistente do partido, com drástica diminuição
de seu tamanho. A conferir.
Bom remédio para tudo isso seria, por exemplo, se praticassem
como filosofia intrínseca da vida partidária, a coerência, categoria de ideias que une a lógica de ter um
comportamento constante e estável durante um longo período de tempo. Parece utopia, e é.
Abraços Sustentáveis
Odilon de Barros