quinta-feira, 17 de julho de 2014

Um Banco (espera-se) sustentável pra chamar de seu



A reunião de cúpula dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul),  que aconteceu em Fortaleza e Brasília nesse pós-Copa, é um dos eventos políticos mais importantes ocorridos no mundo, em 2014.  E tem tudo para entrar para a história das relações multilaterais entre os países, com a criação do Banco dos BRICS, que terá um capital inicial de US$50 bilhões, podendo chegar a US$100 bilhões, e do Arranjo Contingente de Reservas (ACR), que terá mais US$100 bilhões e a função de ajudar membros do bloco com problemas em seus balanços de pagamentos.

A instituição que nasce já é maior que o BNDES e o Banco Mundial e é uma  resposta desses países à insensatez, tanto do Fundo Monetário Internacional (FMI) quanto do próprio Banco Mundial, entidades compostas majoritariamente por membros dos países ricos, EUA e Europa, surdos até então aos apelos por maior participação dos países emergentes nas estruturas de comando dessas instituições pelos países em desenvolvimento.

O argumento é forte, “representamos 2,5 bilhões de pessoas, ou 35% da população do Planeta, temos 21% do PIB global e nossa representação nas entidades citadas não passa de 11%”.  É o fim das reivindicações, passamos à ação, afirmou a presidenta Dilma. 

Na verdade, os BRICS não representam uma região geográfica específica, são um clube com interesses parecidos que se organizaram para desenvolver ações conjuntas voltadas para alavancar o comércio internacional entre eles.  Segundo, ainda, o governo brasileiro, o Brasil abriu mão da presidência e do local para abrigar a sede da instituição para que o projeto pudesse avançar.

Sem dúvida, é uma parceria que em breve vai começar a colher seus frutos e trazer mais equilíbrio econômico e oportunidades ao grupo de países que compõem o bloco e aqueles com quem se relacionam.   É o tabuleiro do poder mundial se movimentando, pois ao mesmo tempo que o comércio entre eles aumenta, a aproximação da China com o Mercosul, através do Brasil, abre outras possibilidades de negócios com o bloco sul americano.  E vice-versa.  É a China se movimentando em uma área até então restrita e dominada por americanos se preparando para assumir a supremacia econômica mundial em poucos anos.

A oportunidade é ímpar e o passo é ousado na melhoria da governança econômica global.  Outros virão, afirmou Putin, da Rússia. 

No entanto, se pretendem fazer diferente do que seus pares retrógrados FMI/BID/Banco Mundial, poderiam começar por financiar projetos internos que inibissem a poluição, o desmatamento da Amazônia, o trabalho infantil e análogo à escravidão, para, a partir de então, oferecerem crédito a países em desenvolvimento, obras de infraestrutura e projetos que visem alavancar a mudança de matrizes energéticas tão necessária à sobrevivência do Planeta e do ser humano nos próximos anos.   

O mundo urge por mudanças que nos prepare para conviver em um novo cenário planetário que contemple a possibilidade de escassez de água e comida.  E outras adversidades.  É preciso, agora, inverter a ordem institucional reinante e contrariar interesses, ousar, fazer diferente.

A criação do Banco dos BRICS é uma excelente oportunidade que esses países têm em mostrar ao mundo que se pode e se deve fazer mais pelo próximo.  Porém, há que se romper com modelos que só visam explorar aqueles que mais necessitam de ajuda.  E replicar as experiências.  Uma mudança de mentalidade em prol de um mundo mais humano, igual, fraterno, com qualidade de vida e sustentável.   

Abraços sustentáveis

Odilon de Barros