eolica Corporações dos Estados Unidos pedem mais energia renovável
Apenas 13% da produção de energia dos Estados Unidos foi de origem renovável em 2013, segundo dados oficiais. Foto: Miriam Mannak/IPS

Washington, Estados Unidos, 17/7/2014 – Doze das maiores corporações transnacionais dos Estados Unidos somaram suas vozes para pedir maior produção de eletricidade a partir de fontes renováveis no país, bem como facilidades para a compra, em grande escala e no longo prazo, da energia verde. Essas companhias com sede nos Estados Unidos, que em sua maioria operam em escala mundial, desejam aumentar o volume de eletricidade renovável que utilizam, mas alertam que os níveis de produção continuam sendo muito baixos e que a aquisição desse tipo de energia é complexa.
No dia 11, as 12 empresas apresentaram seis princípios que ajudarão a “facilitar o progresso” no setor, segundo afirmaram. “Queremos que nossos esforços deem lugar a mais geração de energia renovável”, disseram no comunicado Princípios dos Compradores Empresariais de Energias Renováveis. As empresas expressaram seu “desejo de promover projetos novos, garantir que nossas compras agreguem mais capacidade ao sistema e comprar os produtos de energia renovável com custos mais competitivos”.
Os princípios resumem seis grandes reformas que objetivam ampliar e fortalecer o mercado da energia renovável nos Estados Unidos. As companhias querem mais opções, maior competitividade dos custos entre as fontes renováveis e as tradicionais, e a “simplificação dos processos, dos contratos e do financiamento” das compras de longo prazo. Entre as empresas signatárias dos princípios estão fabricantes de bens de consumo (General Motors, Johnson & Johnson, Mars, Procter & Gamble), gigantes da tecnologia (Facebook, HP, Intel, Sprint) e lojas de varejo (Walmart, REI).
Em seu conjunto, as 12 corporações têm a meta de consumir mais de oito milhões de megawatts (MW)/hora de energia renovável por ano até o final desta década. Mas os seis princípios, cuja intenção é encaminhar a discussão política sobre o tema, são produto da frustração porque o mercado de energia renovável dos Estados Unidos não dá conta da crescente demanda.
“O problema que essas empresas observam é que estão pagando muito, embora saibam que a energia renovável e rentável está disponível, estão acostumadas a ter opções”, pontuou Marty Spitzer, diretor de política climática do Fundo Mundial para a Natureza (WWF), organização ecologista que ajudou a impulsionar os princípios. O WWF aderiu à iniciativa junto com o World Resources Institute e o Rocky Mountain Institute, dois centros de pesquisa dos Estados Unidos dedicados ao tema de energia e sustentabilidade.
“As empresas também reconhecem que, frequentemente, é muito difícil conseguir energia renovável e levá-la às suas instalações”, detalhou Spitzer. Nos últimos anos, quase dois terços das grandes corporações desse país instituíram políticas referentes a metas climáticas e ao uso de energias renováveis, segundo o WWF. O objetivo principal continua sendo a redução de custos e a eficiência de longo prazo. “Uma parte importante do valor que tem para nós a energia renovável é a capacidade de fixar o preço e evitar a volatilidade dos preços do combustível”, afirmaram as empresas.
Em parte devido à paralisação política em Washington entre o governo e a oposição, a produção de energia renovável nos Estados Unidos continua sendo baixa para atender a demanda corporativa. Somente 13% da produção nacional de energia foi de origem renovável em 2013, segundo dados oficiais. Inclusive o acesso a essa pequena porção do mercado continua sendo burocrático.
“Sabemos que existe energia renovável com custos competitivos, mas o problema é que sua compra é muito difícil para a maioria das empresas”, afirmou Amy Hargroves, diretora de responsabilidade corporativa da Sprint, uma empresa de telecomunicações. “Pouquíssimas empresas têm o conhecimento e os recursos para adquirir energia renovável, devido às muito limitadas e complexas opções de hoje. Nossa esperança é que, ao identificar os pontos em comum entre os grandes compradores, os princípios acelerarão as mudanças do mercado e ajudarão a que sejam mais acessíveis”, afirmou.
Um dos compromissos de sustentabilidade de maior alcance é o assumido pelo Walmart, maior rede varejista do mundo. Há uma década a companhia fixou a meta “de aspiração” de se abastecer com energia renovável em 100%. A empresa é líder na instalação de projetos de energia solar e eólica em suas lojas e instalações, mas encontrou obstáculos para acertar compras no atacado e de longo prazo de eletricidade renovável nos Estados Unidos.
“Preferimos os acordos de compra de energia para financiar nossos projetos de energia renovável, mas atualmente apenas metade dos Estados norte-americanos permite esses convênios”, explicou David Ozment, diretor de energia da Walmart. Os princípios difundidos pelas 12 empresas oferecem um caminho e flexibilidade em torno dos motivos que impulsionam as opções de energia de uma firma em particular, como a “eficiência, a conservação ou o impacto dos gases-estufa”, destacou.
Segundo explicou, “o preço da energia solar caiu de forma espetacular nos últimos cinco anos, e esperamos que nossa participação tenha ajudado nisso. Agora temos a esperança de que os princípios gerem uma escala necessária para continuar baixando o custo das energias renováveis”. Ozment disse que os seis princípios não devem ser aplicados só nas operações dos Estados Unidos, já que se complementam com o que o Walmart faz no plano internacional.
Nesse sentido, a empresa de informática Intel tem “interesse em promover os mercados de energias renováveis nos países onde temos operações importantes”, afirmou por e-mail à IPS um representante da empresa. Por sua vez, Spitzer disse que só um dos princípios é específico ao regime jurídico dos Estados Unidos. “Muitos outros países têm seus próprios instrumentos de produção renovável, mas cinco destes seis princípios são relevantes e perfeitamente adequados ao âmbito internacional”, garantiu. Envolverde/IPS