quinta-feira, 31 de julho de 2014

A evolução para um capitalismo consciente




empresasgrafico A evolução para um capitalismo consciente
Foto: Shutterstock
Ou temos a sociedade viva ou não temos clientes para aquisição dos produtos e serviços das empresas.
Há mais de dez anos venho falando em minhas palestras sobre a importância de termos líderes conscientes e transformadores no mundo, que entendam que somos apenas micro-organismos vivendo num planeta, onde ocupamos apenas 12% do mesmo (isso quando pegamos toda a massa do planeta). Se pararmos para pensar, ocupamos apenas uma casca do planeta. Ao descermos mais de 4 mil metros em qualquer que seja o oceano, encontramos um ambiente tão inóspito para o ser humano quanto o é o ambiente de marte.
Trato deste assunto em detalhes nos meus livros Gestão sem Medo, Felicidade, o Deus Nosso de Cada Dia e Talento, a Verdadeira Riqueza das Nações. Em resumo, ou nós entendemos de uma vez por todas que o planeta não é nosso e que precisamos respeitá-lo na sua integridade ou ele nos liquida. Falamos de término da humanidade a qualquer momento.
Ou de forma lenta e gradual. Vamos nos lembrar de que para cada ação nociva sobre o planeta recebemos do mesmo uma reação muito mais destrutiva. Então é questão de tempo. Ou nos conscientizamos – políticos, religiosos, educadores, militares e empresários – sobre esta realidade ou estamos fadados a ter o planeta destruindo o habitat de nossas futuras gerações.
O título deste artigo é bem categórico. Falo de capitalismo porque é o capitalismo que comanda o mundo. Se analisarmos a receita das 50 maiores multinacionais vamos concluir que cada uma delas tem uma receita anual maior do que o PIB de cada um dos 70% dos países do globo. Se pegarmos as dez maiores multinacionais, sua receita em conjunto só perde para o PIB de Estados Unidos, China, Japão e Alemanha (os quatro maiores PIBs do planeta).
Então, para evoluirmos com o tema, vamos descobrir que a maior concentração de líderes no mundo atual encontra-se no mundo corporativo, digno representante do mundo capitalista. Não estão mais na igreja, no governo, nas forças armadas ou no mundo acadêmico. Então precisamos trabalhar na conscientização dos líderes do mundo corporativo para que, através deles, consigamos desenvolver uma melhor ambiência planetária. E o objetivo é simples. Ou temos a sociedade viva ou não temos clientes para aquisição dos produtos e serviços das empresas. Ou cuidamos do planeta ou não teremos mais países, nações, empresas, famílias e, em última instância, o ser humano.
Podemos, a partir desta rápida análise, ser categóricos em dizer que o mundo caminha para um capitalismo consciente. Os humanos estão evoluindo e, com esta evolução, é natural que o mundo dos negócios também evolua. Encontramos cada vez mais empresas responsáveis direcionando seu modelo produtivo para um capítulo sustentável. Não há porque mantermos discursos inflamados contra o lucro. Somente o lucro possibilita que essas empresas responsáveis reinvistam na formação de seu pessoal com atitude desenvolvida para se atingir o bem em curto, em médio e em longo prazo.
Sendo assim, o modelo capitalista que se aproxima (grande parte dele já em operação) é o de continuar a buscar altos padrões de produtividade consciente para atingir lucro, sabendo remunerar bem e de forma correta, onde quem mais produz recebe mais. Até para que se estimule o processo natural de inventividade, aceite de risco, inovação e criatividade, sem o que as empresas não sobrevivem.
E, a reboque, surgem os governos, usando do setor corporativo – sempre mais produtivo, livre de amarras políticas – para fazer rodar suas economias. Assim serão criados verdadeiros valores para as sociedades. Quanto mais efetividade se encontrar no mundo corporativo, mais barato e de melhor qualidade serão os serviços e produtos sendo disponibilizados para esta sociedade que cada vez demanda mais produtos bons e baratos, independentemente da origem das empresas. Este processo não tem retorno.
Atualmente as transnacionais, muitas delas com presença física em mais de cem países, já fazem mais receita fora dos seus países de origem do que na matriz. São apátridas. São essas empresas, que se fusionam constantemente, as responsáveis pelo futuro que advirá, com integração das empresas e depois das nações, podendo o bem ser replicado na forma de novos valores a todos os habitantes do planeta terra.
É para onde caminhamos. O capitalismo consciente é a última tendência.** Publicado originalmente no site Carta Capital.

Artista transforma carrinho de compras em casa itinerante





Um confortável cômodo para dormir projetado sobre as quatro rodas de um carrinho de compras é a proposta do artista Kevin Cyr. A estranha alternativa de moradia pode ser apreciada, ao menos, pela criatividade.
Foi inspirado no título “A Estrada”, livro de ficção pós-apocalíptica, do escritor norte-americano Cormac McCarthy, que o artista desenvolveu a ideia da casa portátil e itinerante. Para escolher o carrinho como a base para sua unidade móvel, ele levou em consideração que esse objeto é onipresente no ambiente urbano.


Para Cyr, seu trabalho é um projeto artístico, que explora os aspectos de habitação, mobilidade e autonomia. “Sempre fui interessado em motos e veículos e por muitos anos eles têm sido o tema de minhas pinturas. Gosto de documentar veículos estranhos e abandonados, como caminhões de entrega antigos com grafite e ferrugem, riquixás indianos, bicicletas asiáticas”.

Batizado de Camper Kart, o “quarto” foi construído com módulos retráteis para montar a cama apenas na hora de deitar. O projeto tomou forma após conseguir financiamento coletivo da plataforma Kickstarter.
Não é a primeira vez que as invenções de Cyr chamam atenção na mídia. Antes do carrinho,  ele já havia colocado outra ideia interessante na rua: uma residência sobre um triciclo, confira aqui.



Fotos: Kevin Cyr/Divulgação
O vídeo abaixo mostra como ele construiu a Camper Kart:

Redação CicloVivo

Sistema de descarga a vácuo reduz consumo de água em até 90%





Reduzir o desperdício de água é algo urgente. Enquanto muitas cidades brasileiras passam por períodos de crise, devido à estiagem e saturação dos sistemas, a Agência Nacional de Águas (ANA) registra perda de, aproximadamente, 40% da água tratada. Entre os fatores que colaboram para este gasto desnecessário estão os sistemas tradicionais de descarga.
“Vasos convencionais consomem, em média, entre seis e 12 litros por descarga, enquanto o sistema a vácuo consome apenas um litro”, explica Jean Pierre Bernard, diretor no Brasil da Bvst-Evac, empresa especializada em soluções sustentáveis. Segundo ele, essa economia, que chega a ser de 90%, seria muito expressiva, quando considerada toda a população brasileira, que ultrapassa os 200 milhões de habitantes.
O modelo citado por Bernard é semelhante aos utilizados em aviões, em que o esgoto é transportado pelo ar, através das diferenças de pressão, e a água é utilizada apenas para higienizar a bacia. Este sistema também reduz a quantidade de esgoto a ser tratado, levando a eficiência para além dos banheiros.
Quando a coleta a vácuo é instalada em um prédio, por exemplo, é possível reduzir também o consumo de eletricidade. Isto acontece porque a água não precisa ser levada até o alto do edifício. Os casos de entupimento também são bem menores, aumentando a economia financeira.
“Estamos correndo risco de ficar sem água para beber e as pessoas não se dão conta de que gastam água potável para escoar fezes e urina”, lembra Bernard. No entanto, mesmo com todos os benefícios que o sistema proporciona, ele ainda enfrenta certa resistência. A única justificativa encontrada por Bernard para isso é a de que o ser humano é resistente às mudanças. Redação CicloVivo

Casa italiana é feita com materiais recicláveis e produz 100% de sua energia





A BioCasa_82 foi construída em Treviso, na Itália. O projeto utilizou materiais recicláveis e energia renovável. Além de sua beleza arquitetônica, a construção é mais uma prova de que é possível ter conforto ao mesmo tempo em que se tem uma obra com baixo impacto ambiental.
O escritório Welldom foi o responsável pelo projeto, que contou com a aplicação de um método próprio e exclusivo para maximizar o uso de tecnologias sustentáveis. Todos os sistemas aplicados e o cuidado em todas as fases, da concepção à construção, foram pensadas para a obtenção do selo LEED Platinum, o nível máximo em certificação ambiental.
A casa alcançou 117 dos 136 pontos analisados sobre sustentabilidade pelo Green Building Council. Em termos de inovação e design, o projeto recebeu 10, dos 11 possíveis.

Foto: Divulgação
O “Método de Welldom” possibilitou que a BioCasa_82 fosse construída com 99% de materiais recicláveis. A residência ainda conta com sistema de produção fotovoltaica e aquecimento solar. Isso significa que, por si só, ela é capaz de produzir 14mWh/mq de eletricidade, ao mesmo tempo em que o calor do sol é aproveitado para fornecer água quente e arrefecimento.

Foto: Divulgação
A casa, encomendada por Enrico Moretti, CEO da marca Diadora, emite 60% menos carbono que as construções tradicionais. Para chegar a este nível, a edificação é independente das redes de transmissão de energia e também possui sistema de aproveitamento das águas pluviais. Além disso, a construção foi pensada para aproveitar ao máximos a luminosidade e ventilação naturais.
Redação CicloVivo

quarta-feira, 30 de julho de 2014

Bairro solar na Alemanha produz quatro vezes mais energia do que consome




O bairro solar Schlierberg, em Friburgo, Alemanha, é capaz de produzir quatro vezes mais energia do que consome, provando que uma construção ecológica pode ser muito lucrativa.
O condomínio é autossuficiente em energia e atinge isso através do seu projeto de energia solar, que utiliza painéis fotovoltaicos dispostos na direção correta. Parece uma estratégia simples mas, geralmente, os projetistas pensam nas instalações solares tardiamente, e dessa forma os painéis perdem parte de sua eficiência.
A vila, projetada pelo arquiteto alemão Rolf Disch, enfatiza a construção de casas e vilas que planejam as instalações solares desde o início do projeto, incorporando inteligentemente uma série de grandes painéis solares sobre os telhados. Os edifícios também foram construídos dentro das normas de arquitetura passiva, o que o permite produzir quatro vezes a quantidade de energia que consome.
O condomínio, com cerca de 11 mil m2, possui densidade média, tamanho balanceado, acessibilidade, espaços verdes e exposição solar.
Ao todo são 59 residências e um grande edifício comercial, chamado Solar Ship, que criam uma região habitável com o menor impacto ambiental possível. Nove das residências são apartamentos localizados na cobertura do edifício comercial. As residências multifamiliares possuem entre 75 e 162 m2.
Todas as casas são de madeira e construídas apenas com materiais de construção ecológicos. O conceito de cores foi desenvolvido por um artista de Berlim, Erich Wiesner.
As casas têm grande acesso ao aquecimento solar passivo e utilizam a luminosidade natural. Cada casa possui uma cobertura simples, com beirais largos, que permitem a presença do sol durante o inverno e protegem as casas durante o verão. Tecnologias avançadas como o isolamento a vácuo, aumentam o desempenho térmico do sistema da construção.
As coberturas possuem sistemas de captação de água da chuva. A água é utilizada na irrigação de jardins e nas descargas de vasos sanitários. Os edifícios também utilizam lascas de madeiras para o aquecimento no inverno, diminuindo ainda mais o impacto no ambiente.
As instalações permanecem livres de carros, graças à garagem abaixo do edifício comercial, onde é organizado um sistema de compartilhamento de automóveis.
Mayra Rosa - Redação CicloVivo

Concessionária empresta bicicleta a quem deixa carro na manutenção





Você já imaginou levar o carro para arrumar e sair de lá pedalando? Essa foi a ideia implantada por Glauco Fiorante, diretor comercial de uma concessionária em São José dos Campos, no interior de São Paulo. Na loja, os clientes que deixam o automóvel na manutenção, têm a opção de pegar uma bicicleta emprestada para voltar para casa ou passear pela cidade.
Fiorante explica que o projeto foi criado rapidamente. Ele pensou no assunto e trinta minutos depois a ideia já tinha ganhado forma para aprovada pela marca Mitsubishi. Alguns fatores óbvios serviram de motivação, como o fato de o diretor pedalar e a cidade de São José dos Campos ser bastante propícia ao ciclista. “Em frente à concessionária tem uma ciclovia”, explicou ele.
Como todos os negócios sustentáveis devem ser, é preciso pensar no retorno financeiro do investimento. “Eu pensei na sustentabilidade, no custo da empresa e também na propaganda”, esclarece Fiorante, garantindo que, ter bicicletas rodando com a marca pela cidade, é uma divulgação muito boa.
Funcionando há cinco meses, o Pedala Virage realiza, mensalmente, de 25 a 30 empréstimos de bike. A loja conta com três bicicletas e disponibiliza aos clientes equipamentos de segurança, como capacete e cadeado, caso queiram estacionar em local público. A empresa oferece a estrutura e o cliente precisa ter apenas a vontade de pedalar, garante o diretor.
A iniciativa foi muito elogiada pela cliente Gina Marques. Sem saber que a loja oferecia este tipo de serviço, ela levou o carro para a manutenção e voltou para sua casa pedalando, depois compartilhou a informação com muitos de seus amigos. Fiorante informa que o uso da bicicleta como meio de transporte pode reduzir os custos da empresa, por descartar a necessidade de oferecer outro automóvel aos clientes, mas que acima de tudo, esta é uma maneira eficiente de locomoção. “70% das pessoas que usam o nosso serviço moram a menos de cinco quilômetros da concessionária”, esclarece. Em distâncias curtas, a bicicleta é um dos meios mais indicados. Além de ter não poluir, ela também ajuda a manter a saúde em dia.
Até o momento, a concessionária paulista é a única que disponibiliza este tipo de serviço, mas o idealizador da proposta garante que ficaria feliz se outras empresas replicassem a ação e incentivassem seus clientes a conhecerem e provarem na prática o uso da bicicleta como meio de transporte alternativo. CicloVivo

Torre que transforma umidade do ar em água potável tem versão melhorada





Água potável é um bem que ainda não está acessível a todas as pessoas no mundo. Pensando em uma solução prática para este problema, o arquiteto italiano Arturo Vittori criou a WarkaWater, uma torre que capta o vapor de água atmosférico e o transforma em água própria para o consumo. A ideia deu tão certo, que ele já desenvolveu uma versão melhorada do modelo.
O sistema não consiste em alta tecnologia. Pelo contrário, ele é tão simples que pode ser replicado em qualquer lugar. O melhor é que, além de ser eficiente, o WarkaWater, nas duas versões, é bonito, assemelhando-se a uma grande escultura.
O projeto foi pensado para ajudar comunidades que sofrem com a falta de água na Etiópia. Apesar de ainda não terem sido instalados no continente africano, os arquitetos já providenciaram a construção de um protótipo do WarkaWater2 no Instituto Italiano de Cultura e pretendem levá-lo para a Etiópia já em 2015.

Imagem: Divulgação
A base da torre é modular, feita em bambu ou talos de juncus. Internamente elas são forradas com uma malha plástica, semelhante aos sacos usados no transporte de frutas e legumes. As fibras de nylon e polipropileno ajudam a captar as gotículas do orvalho e quando a água escorre, fica armazenada em uma bacia, instalada na parte inferior da torre.

Imagem: Divulgação
site do projeto explica que toda a estrutura pesa, em média, 90 quilos, divididos em cinco módulos. Para facilitar a sua instalação em locais de difícil acesso, não é necessário utilizar andaimes ou equipamentos elétricos. A estimativa é de que o WarkaWater2 seja capaz de coletar cem litros de água por dia, provenientes da chuva, orvalho e neblina.

Foto: Divulgação
A principal diferença entre a versão atual e o primeiro modelo criado não está em sua estética, mas sim na instalação de uma “coroa” de espelhos na parte superior, que promete manter as aves longe da estrutura. A medida visa reduzir as chances de contaminação da água.

Foto: Divulgação

terça-feira, 29 de julho de 2014

Lobby: uma atividade nem sempre sustentável


Antes de entrar propriamente no tema de nosso bate-papo de hoje, fui buscar no dicionário o significado de uma palavrinha que nos últimos anos faz um sucesso e tanto nos corredores palacianos.  Trata-se do “Lobby”, expressão que representa um grupo de pessoas ou organização que tem como atividade buscar influenciar, aberta ou secretamente, decisões do poder público, especialmente do poder legislativo, em favor de determinados interesses privados.

Pois é, adotada como política dentro do governo desde a crise financeira internacional de 2009, as desonerações fiscais promovidas pelo Governo Federal, têm como meta abrir mão de impostos (leia-se receita), visando alavancar o consumo de determinado setor para que esse não naufrague diante de situação adversa vivida pelo país durante um certo período de tempo.

Para se ter uma ideia, de 2010 até hoje, foram 15,5 bilhões concedidos aos setores automotivo, linha branca, alimentos, móveis e outros, representando algo entre uma e duas centenas de empresas e empresários agraciados.  Falo isso por quê?



Se levarmos em consideração, e compararmos, o valor dispendido por esse mesmo governo para o tão criticado (mas necessário) Bolsa Família, Brasil afora, no ano de 2013, cifra em torno a 20,5 bilhões de reais, distribuídos por 14 milhões de brasileiros, estagnados e com suas raízes fincadas “ad eternum” no porão desse imenso transatlântico imaginário de desigualdades chamado “Terra Brasilis”,  veremos que, na verdade, o que conta para se conseguir tamanha benevolência do poder central, nem sempre é a necessidade coletiva ou o interesse maior de nosso povo, mas um poderoso lobby que circula desenvolto há anos pelos gabinetes de Brasília. 

E exemplificando, apenas a indústria automotiva abocanhou 53,4% desse total de bondades ou 8,3 bilhões de reais das desonerações concedidas pelo governo.  Recente estudo realizado pelos  economistas Alexandre Porsse e Felipe Madruga, da Universidade Federal do Paraná, dá conta que priorizar o setor automotivo é um equivoco pois o consumidor fica com importante parcela de sua renda comprometida e, consequentemente, se vê impedido de adquirir outros bens.   Ou seja, um privilégio escolhido a dedo por quem tem o poder do uso da caneta.

Ainda segundo o estudo, tais desonerações trouxeram um incremento de somente 0,02% no PIB e de 0,04% no emprego, o que reforça que a medida não veio embasada em qualquer estudo ministerial, mas sim na força do lobby de setores da indústria que sabem agir de forma organizada para pressionar o governo quando lhes é conveniente.

De ressaltar, se a exceção vira regra (política de governo), corre-se o risco de que sejam adotadas práticas parciais de acordo com um maior poder desse ou daquele setor.  Sem falar, sempre, na possibilidade de compra dessas “prioridades” e benesses fiscais. 

O correto, portanto, seria o governo trabalhar para realizar uma profunda reforma fiscal, essa sim, justa e socialmente necessária.  Mas a falta de pulso e vontade política em fazer valer no Congresso sua maioria - cada vez mais comprometida com seus próprios interesses do que os de seus representados -, inviabilizou qualquer avanço nesse sentido.

Fosse essa uma negociação bilateral saudável, onde todos devem ganhar e não apenas um lado, contrapartidas deveriam ser exigidas e, hoje, talvez pudéssemos estar vendo rodando em nossas ruas, carros menos poluidores, mais econômicos e ecológicos, e não precisássemos, agora, mesmo antes do fim da isenção do IPI, mais uma vez, estar pensando em fórmulas mirabolantes para salvar o setor, como a flexibilização da jornada de trabalho proposta pela indústria, antevendo um cenário de demissões se não houver mudanças já.  Uma chantagem!

Outra questão não observada é que o Brasil, com o incentivo dado à indústria automobilística, caminha na direção contrária a dos países desenvolvidos, que ano após ano vêm aumentando o uso da bicicleta como meio de transporte. A Itália, inclusive, registrou no ano passado, mais vendas de bikes do que de carros.  

No Brasil, a moda parece que veio para ficar.  Com uma frota de 60 milhões de bicicletas, alguns estados (Rio, SP e Paraná)têm avançado no sentido de popularizar as “magrelas”, tornando-as mais acessíveis à população.  Está na hora de o governo federal pensar em políticas sustentáveis (e de longo prazo), que caminhem par e passo com os anseios da sociedade, como a redução de impostos para a indústria de bicicletas, visando atrair uma parcela da população ainda pouco ligada na questão ambiental.  Outra questão também importante, é investir na melhoria da qualidade do serviço público de transporte.  

Assim como fez acertadamente quando da criação do Bolsa Família no longínquo ano de 2003, é chegado o momento de o governo priorizar o Planeta e a sociedade, deixando de lado lobbies que apenas se beneficiam com o imediatismo de seus lucros.  

Desde 2010, a indústria automobilística brasileira vem batendo recordes em vendas de veículos, tendo despejado nas ruas brasileiras, aproximadamente, 3,5 milhões de automóveis/ano.  Como é notório que não houve aumento no número de ruas e avenidas, e junho de 2013 provou isso, o que estamos vivenciando no país, hoje, é o completo caos urbano. Se o governo não tinha argumentos para acabar com a isenção do IPI, arranjou um.  Mais do que sustentável.       

Abraços Sustentáveis

Odilon de Barros



Rapidinhas Sustentáveis



Empresa turca incentiva reciclagem de garrafas pet, oferecendo em troca alimento para cães e gatos abandonados.  Assim que a pessoa deposita seu lixo plástico, a máquina libera libera ração equivalente ao material depositado.  Site ciclovivo



Bom exemplo: Belo Horizonte quer trocar toda iluminação pública da cidade por lâmpadas de tecnologia Led.  Com isso, esperam diminuir em até 87% o consumo de energia e reduzir a poluição.  Fonte: Procel Info


Abraços sustentáveis

Odilon de Barros

segunda-feira, 28 de julho de 2014

O avanço das bicicletas no Brasil e no mundo




bikecidade O avanço das bicicletas no Brasil e no mundo
Foto: www.facebook.com/ciclovidas
Longe de ser somente uma opção de lazer, a bicicleta ganha cada vez mais destaque como meio de transporte e o poder público em diversos lugares começa a ficar atento para essa realidade.
Hoje, no Brasil, são mais de 60 milhões de bicicletas — metade usadas pela população para ir ao trabalho. Segundo a pesquisa Origem e Destino do metrô, aplicada na Região Metropolitana de São Paulo, o uso desse tipo de deslocamento aumentou 18% entre 1997 e 2008. 22% das viagens de bicicleta têm por motivo o alto custo da condução e 57%, a pequena distância da viagem.
Maiores reféns do trânsito, as grandes capitais já recebem algumas iniciativas. Por exemplo, as cidades do Rio de Janeiro e São Paulo contam com o sistema de aluguel de bicicleta – Bike Rio e Ciclo Sampa – resultado da parceria entre as prefeituras e bancos. O projeto vem atraindo um grande número de adeptos. No Rio, a iniciativa aumentou o número de postos e bicicletas para atender a demanda.
Já a cidade de São Paulo não para por aí. O prefeito Fernando Haddad tem um projeto audacioso: criar 400 km de ciclovias na capital paulista até o final de 2015, inaugurando um trecho de rotas cicloviárias por semana, incomodado com o fraco desenvolvimento da cidade paulista quando comparada a outras metrópoles. Em Sampa, o trajeto de bicicleta abrange menos de 1%.
Porém, outra iniciativa na cidade já está em andamento: um bicicletário público com vestiário está sendo criado próximo a estação de metrô Faria Lima. O projeto, que partiu de um abaixo assinado com mais de 23 mil assinaturas, terá manobristas, armários, ferramentas para bicicleta, e funcionará 24 horas.
Outra capital que também está criando alternativas para os ciclistas é Curitiba. A cidade, onde mais de 55 mil pessoas aderiram à bicicleta como meio de transporte, recebe o projeto Via Calma, que tem como objetivo criar ciclovias nas principais vias da cidade. Os ciclistas vão transitar pelo lado direito das vias em áreas demarcadas. Para evitar acidentes, a velocidade vai ser reduzida a 30 km por hora e nos cruzamentos vão ser instalado Bikeboxes, uma área especial de parada para bicicletas nos semáforos, protegendo e priorizando o ciclista quando o sinal abrir.
No Mundo
Diferente do Brasil, alguns países já estão bem desenvolvidos em relação a ciclovias. Como por exemplo, a cidade de Bogotá, que possui 359 km de ciclovia, Nova York 675 km e Berlim 750 km. Em Tóquio e na Holanda, 25% dos trajetos são feitos de bicicleta. Portanto, esses países procuram além das ciclovias, outras iniciativas para estimular o uso da bicicleta.
Na França, 20 empresas e instituições somando mais de dez mil funcionários, pagam 25 centavos de euro a cada quilômetro percorrido de bicicleta no trajeto casa-trabalho. Ainda na França, em Paris, o P’tit Vélib’, terceiro maior serviço de compartilhamento de bicicletas do mundo, vai oferecer 300 bicicletas para crianças de 2 a 10 anos de idade em diferentes tamanhos. No Reino Unido, o governo criou um sistema de vendas de bicicleta em conjunto entre funcionários e empregados, chamado Cycle to Work, que oferece preços menores e descontos nos impostos para aqueles que usam bicicleta para ir ao trabalho.
Já na Alemanha o projeto é ainda maior, o governo alemão preocupado em reduzir o congestionamento e a poluição, pretende trocar carros e caminhões por bicicletas de carga. Segundo o porta-voz do ministério dos Transportes, Birgitta Worringen, o projeto é viável porque mais de 75% dos trajetos no país são para cobrir distâncias menores do que dez quilômetros. A empresa de logística, UPS, já realiza entregas em seis cidades alemãs usando bicicletas. Entretanto, o representante da empresa, Lars Purkarthofer, ressalta que a estrutura no país ainda não é a ideal, as ciclovias são estreitas e em alguns pontos faltam estacionamentos para guardar as bicicletas.
Benefícios
Além de manter uma população mais saudável e diminuir a poluição e os congestionamentos das grandes metrópoles, outros dados chamam a atenção para os diferentes benefícios do uso da bicicleta como transporte diário. Segundo um estudo realizado em Nova Iorque, as vendas das lojas de rua aumentaram em até 49% após a construção de ciclovias. O estudo argumenta que um ciclista tem menos barreiras para entrar numa loja local que, ao contrário do carro, é mais fácil encontrar um ponto para prender a bicicleta.
Outro fator interessante é a questão da segurança. É quase unanimidade entre os ciclistas que pedalar nas grandes vias além de atrapalhar o trânsito, aumenta o risco de acidentes. Porém, um estudo feito na Universidade do Colorados em Denver, nos Estados Unidos, mostra o contrário. O estudo afirma que o aumento de bicicletas nas estradas reduz o número de acidentes de trânsito e ainda torna o tráfego mais seguro. O professor e coautor do estudo, Wesley Marshall, trabalha com a hipótese de que quando existe um grande número de ciclistas na estrada, o motorista fica mais atento. Portanto, cidades com grande volume de bicicletas, não são seguras apenas para os ciclistas, mas para os carros também.
O fato é que qualquer tipo de incentivo ao uso da bicicleta é importante, as ruas no Brasil se encontram em situação precária. As grandes capitais estão congestionadas e sem previsão alguma de melhora. O trabalhador quando não espremido no transporte público, está isolado no carro esperando o trânsito andar. Então, a bicicleta vem se tornando uma importante alternativa onde a sociedade ganha como um todo por ter uma cidade mais humana e saudável, e menos congestionada e poluída.* Publicado originalmente no SustentArqui e retirado do site Revista Fórum.

Edição especial da Science alerta para 6º Grande Extinção




Vanishing Fauna Edição especial da Science alerta para 6º Grande Extinção
Fotos: Fabricio Basilio/ Revista Science
Em uma coletânea de estudos sobre a crise e os desafios do imenso número de extinções causadas pelos humanos, revista ressalta as implicações da ‘defaunação’ dos ecossistemas.
A triste conclusão de que as nossas florestas, além de estarem em um processo contínuo de desmatamento, estão vazias, cada vez mais depauperadas da vida que as constitui, é o foco de uma série especial da revista Science.
A publicação chama a atenção para um termo que deve se tornar cada vez mais conhecido, a ‘defaunação’: a atual biodiversidade animal, produto de 3,5 bilhões de anos de evolução, apesar da extrema riqueza, está decaindo em níveis que podem estar alcançando um ponto sem volta.
Segundo cientistas, tal perda parece estar contribuindo com o que classificam como o início do sexto evento de extinção biológica em massa – ao contrário dos outros, que tiveram causas naturais, nós seríamos os culpados, devido às chamadas atividades antrópicas.
“Muito permanece desconhecido sobre a ‘defaunação do antropoceno’; essas brechas no conhecimento prejudicam a nossa capacidade de prever e limitar os seus impactos. Porém, claramente, a defaunação é tanto um componente perverso da sexta extinção em massa do planeta quanto uma grande causadora da mudança ecológica global”, concluíram pesquisadores no artigo ‘Defaunação no Antropoceno‘.
Na abertura da revista, um dos editores, Sacha Vignieri, lembra que, há alguns milhares de anos, o planeta servia de lar para espetaculares animais de grande porte, como mamutes, tartarugas gigantes, tigres-dente-de-sabre, entre outros.
Porém, evidências apontam o ser humano como o grande culpado pelo desaparecimento desses animais, afirma o editor.
E infelizmente, a tendência parece longe de mudar, e com ela, toda uma série de funções dos ecossistemas, das quais depende a nossa vida, são alteradas de formas dramáticas.
Como mostram os artigos na Science, os impactos da perda da fauna vão desde o empobrecimento da cobertura vegetal até a redução na produção agrícola devido à falta de polinizadores, passando pelo aumento de doenças, a erosão do solo, os impactos na qualidade da água, entre outros. Ou seja, os efeitos da perda de uma única espécie são sistêmicos.
MacacoCR Edição especial da Science alerta para 6º Grande ExtinçãoNúmeros
De acordo com o estudo ‘Defaunação no Antropoceno‘, as populações de vertebrados declinaram em uma média de mais de um quarto nos últimos quarenta anos. Isso fica extremamente evidente quando qualquer um de nós caminha nos remanescentes de Mata Atlântica: é realmente muito difícil encontrar animais de médio e grande portes.
Pelo menos 322 espécies de vertebrados foram extintas desde 1500, e esse número só não é maior porque não conhecemos todas as espécies que já habitaram ou ainda residem em nossas florestas.
Se a situação é complicada para os vertebrados, que são muito mais conhecidos, é angustiante imaginar o tamanho da crise para os invertebrados, como os insetos, muito menos estudados.
“Apesar de menos de 1% das 1,4 milhão de espécies de invertebrados descritas terem sido avaliadas quanto à ameaça pela IUCN, das analisadas, cerca de 40% são consideradas ameaçadas”, afirma o estudo.
Solução?
Certamente, a resolução dessa crise do Antropoceno não é simples.
As causas dessas perdas são bem conhecidas – caça, fragmentação dos habitats, uso de agrotóxicos, poluição, etc. –, e as tentativas para reverter essas tendências estão aumentando, como a reintrodução da fauna.
araraFACostaR Edição especial da Science alerta para 6º Grande ExtinçãoNo artigo ‘Revertendo a defaunação: restaurando espécies em um mundo mutante’, pesquisadores revisam uma série de translocações conservacionistas, como o reforço, a reintrodução e métodos mais controversos que buscam restaurar populações fora do seu habitat natural ou substituir espécies extintas.
Os autores escrevem que a meta mais tradicional, de ter populações selvagens autosustentadas em paisagens pristinas intocadas pela influência humana, é “cada vez mais inalcançável”. Assim, eles sugerem que criar a “selva”, em vez de restaurá-la, é o caminho mais prático para avançar.
Entretanto, os desafios para reverter as extinções estão se mostrando muito desafiadores, e as pesquisas atuais mostram que, “se não conseguirmos acabar ou reverter as taxas dessas perdas, significará mais para o nosso futuro do apenas que corações desiludidos ou uma floresta vazia”, disse Vignieri, o editor do especial na Science.
Rodolfo Dirzo, professor da Universidade de Stanford – um dos autores de Defaunação no Antropoceno –, argumenta que reduzir imediatamente as taxas de alteração dos habitats e a sobre-exploração ajudaria, mas que isso precisaria ser feito de acordo com as características de cada região e situação.
Ele espera que a sensibilização sobre a atual extinção em massa e suas consequências ajude a desencadear mudanças.
“Os animais importam para as pessoas, mas no equilíbrio, eles importam menos do que a alimentação, emprego, energia, dinheiro e desenvolvimento. Enquanto continuarmos a enxergar os animais nos ecossistemas como tão irrelevantes para essas necessidades básicas, os animais perderão”, disseram Joshua Tewksbury e Haldre Rogers no artigo “Um futuro rico em animais”.* Publicado originalmente no site CarbonoBrasil.