quarta-feira, 11 de junho de 2014

Por um futebol socialmente responsável e ambientalmente correto. Sustentável


Deveríamos aproveitar o advento da Copa do Mundo que se inicia para tornar o famoso e violento esporte bretão, modelo de sustentabilidade mundo afora.

O uso do verbo na primeira pessoa do plural é proposital pois nesse espectro deverão estar incluídos “todos” os stakeholders responsáveis pelo espetáculo, com destaque para FIFA, mídia, confederações internacionais, federações nacionais, governos, clubes, jogadores, patrocinadores, público (e torcidas organizadas), agentes e fabricantes de material esportivo.

Não é de hoje que o futebol vem mudando e o que antes era um esporte eminentemente conservador, se tornou um “business” e uma fábrica de fazer dinheiro (e milionários).  Trouxe consigo, porém, resquícios de uma época não tão distante de preconceitos – racistas e de gênero, preferencialmente -, e vícios do mundo atual, entre eles o câncer da corrupção, mal que devasta boa parte dos países e nada sustentável.

Assim como em todos os setores da economia, a governança global no mundo da bola tem o dever de se engajar na temática da sustentabilidade, tornando o negócio futebol socialmente responsável e ambientalmente correto.  O que, infelizmente não ocorre, hoje.

                                            


Agora temos uma oportunidade ímpar de irradiar tais práticas em todo o mundo, com a realização do mundial no Brasil. Sabemos do alcance da Copa, que é vista por 3 bilhões de pessoas e acompanhada por outras tantas.  Com o avanço da tecnologia da informação e seus aplicativos, o recado que dermos aqui servirá de referência mundo afora e vice-versa depois, incentivando e replicando boas ações por todo o mundo, inclusive em outras áreas.

Por tudo isso temos a chance de mais uma vez nos transformarmos nos grandes  protagonistas de uma nova era nos gramados e fora deles. 

Pelé, um dia, mesmo sem existir ainda a definição de Responsabilidade Social, pediu, logo após fazer o histórico milésimo gol de sua carreira, “que não abandonássemos nossas crianças, que déssemos educação a elas”.

É hora, portanto, de os fabricantes criarem materiais ambientalmente corretos, sem utilização de mão-de-obra análoga à escravidão; de os agentes-FIFA em suas transações não usarem paraísos fiscais para fugir dos impostos; de os torcedores comparecerem aos estádios apenas para torcer, sem preconceitos; de os patrocinadores exigirem de clubes e entidades responsáveis pela organização do futebol, contrapartidas sociais fiscalizando com responsabilidade a aplicação dos recursos acordados; de os jogadores entenderem que têm um papel fundamental dentro das quatro linhas e fora delas, e que servem de modelo para os mais jovens; de os clubes, assim como qualquer empresa, se profissionalizarem e praticarem a Responsabilidade Social em suas ações diárias, implantando, por exemplo, escolinhas de futebol e projetos em comunidades carentes, pagando seus atletas em dia e recolhendo os impostos devidos; de os governos incentivarem as entidades organizadoras a se tornarem mais democráticas, pois a falta de renovação é, também, prejudicial ao esporte; de as confederações internacionais e federações nacionais/regionais se oxigenarem e se renovarem, fiscalizando os clubes adequadamente para que o esporte se desenvolva e cresça enquanto potência que é e; de a mídia, sempre de forma responsável e imparcial, cumprir seu papel institucional, denunciando, elogiando, debatendo, fomentando e incentivando o esporte mais popular do planeta a se tornar motor de um mundo melhor, mais igual e justo.

E por último, que a FIFA se renove periódica e democraticamente como órgão catalisador das ações em prol do engrandecimento do futebol, apurando, sempre, os supostos casos de corrupção denunciados pela mídia, adotando ações que aproximem e façam diminuir as distâncias e desigualdades entre as entidades afiliadas em seus vários continentes.

Pode parecer utopia, e é.  Afinal, sonhar não custa nada.  É hora de imaginarmos que o impossível é possível.  É Gol do Brasil !!!

Abraços Sustentáveis

Odilon de Barros