terça-feira, 13 de maio de 2014

13 de maio. O dia da outra metade.



E lá se vão 126 anos do fim, ao menos no papel, de um dos maiores crimes contra a humanidade.  Avançamos, parecemos mais iguais mas (e aí aproveitando a data), “preto no branco”, não o somos.  Apesar dos progressos em praticamente todas as áreas, ainda mantemos segregada grande parte dos negros e pardos, que hoje já ultrapassa 50%  de nossa população. 

Ainda hoje, é preciso lembrar que nosso país continua a discriminar e manter à margem da boa educação, da boa saúde, de oportunidades iguais no mercado de trabalho e de salários dignos, uma parte desses brasileiros pelo simples fato de ter uma outra cor de pele. 

Quem duvidar é só dar uma olhadinha nas estatísticas oficiais que dão conta de que dos 50 mil homicídios praticados anualmente no Brasil (!!!), 70% são contra jovens, negros e pobres.  Ou seja, não bastasse as flagrantes desigualdades, aqui, além de tudo, é perigoso ser negro.

E para aqueles que insistem em teimar que somos um país “igual”, basta uns poucos exercícios para refrescar a memória.  Se temos comprovadamente mais negros e pardos do que brancos em nosso país, segundo o censo 2010, por que não vemos, por exemplo, mais negros e pardos do que brancos em nosso parlamento; como médicos atendendo em nossos hospitais; dirigindo carros de passeio; dentro de shopping centers; frequentando nossas praias; viajando de avião; se hospedando em hotéis; curtindo boates; cursando universidades públicas; milionários; governadores; deputados; senadores; nas belas coberturas de nossas cidades; pecuaristas; comandando nossas empresas;  no STF, atuando como professores, enfim. 

Por outro lado, a recíproca é verdadeira e confirma a tese quando observamos que a desigualdade também é grande dentro de presídios; nos morros; nas estatísticas oficiais comparativas de renda per capita; nas carreiras mais básicas; no consumo cotidiano dessas famílias e por aí vai.  Aqui, a supremacia é total de negros e pardos.  Por quê?

A resposta para essas constatações é simples.  Somos, sim, um país preconceituoso e que ainda hoje acredita que o negro e o pardo valem menos e, por isso, não podem ou não merecem ter as mesmas chances do restante da população.   E apesar da Lei Áurea, o ranço continua.  Retrato de uma elite burra e atrasada.

Hoje, 13 de maio, não deveríamos mais Ignorar tais fatos e sim reconhecer que fomos e continuamos a ser perversos com eles.  E pedir perdão por tudo que lhes causamos.  Talvez assim, um novo ciclo pudesse se iniciar.  Mais fraterno, solidário e sustentável. 

Valeu Zumbi!

Odilon de Barros