sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Concurso motiva população a pensar em soluções para melhorar as cidades




cidade ecod Concurso motiva população a pensar em soluções para melhorar as cidades
Serão selecionados 21 trabalhos – três de cada temática – com base na originalidade, inovação, potencial de implantação e benefícios às cidades. Foto: ota_photos

O que você gostaria de propor ao município onde se vive para melhorar a qualidade de vida? O IBQP (Instituto Brasileiro da Qualidade e Produtividade), a Prefeitura de Curitiba e a Universidade Positivo, promotores da Conferência Internacional das Cidades Inovadoras (CICI2014), reservaram um espaço importante dentro da programação do evento para que a população possa apresentar soluções para suas cidades.
O encontro, que será realizado de 7 a 9 de maio na Universidade Positivo, promove um “Festival de Ideias”, no qual os cidadãos têm a oportunidade de contribuir com a melhoria da qualidade de vida, com sugestões em temáticas distintas.
Dividido em sete eixos – “Mobilidade Urbana”, “Viver a Cidade”, “Infraestrutura”, “Tecnologias Sociais”, “Empreendedorismo”, “Eficiência” e um “tema livre” -, é possível enviar as colaborações até 31 de março. Ao todo, serão selecionados 21 trabalhos – três de cada temática – com base na originalidade, inovação, potencial de implantação e benefícios às cidades. Os vencedores vão gravar vídeos que serão apresentados ao público da CICI2014.
Na opinião do presidente do IBQP, Sandro Vieira, o Festival de Ideias permite a criação de um ambiente de colaboração e compartilhamento entre população e especialistas dos temas. “Além disso, o evento terá a presença de gestores públicos, o que pode transformar uma ideia simples em benefícios à população como um todo, pois a ideia pode ser implementada nos municípios”, explica.
Mais informações e regulamento em http://cici2014.com/.
CICI 2014
A Conferência Internacional de Cidades Inovadoras chega a sua terceira edição em 2014. Com o tema Soluções Inovadoras para Cidades do Século XXI, o evento receberá palestrantes e participantes do mundo inteiro para compartilhar experiências e soluções inovadoras para as cidades. As edições de 2010 e 2011 da Conferência receberam um total de 7 mil pessoas em seis dias de evento – 3,5 mil em cada edição -, com cerca de 300 conferencistas e mais de 500 municípios representados.
Mais informações e regulamento em http://cici2014.com/
* Publicado originalmente no site EcoD.

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Morador do DF produz energia em casa e vende parte à rede pública


O servidor público Carlos Eduardo Tiusso ostenta orgulhoso um "título" importante: ele é o primeiro morador de Brasília a adotar o sistema de medição bidirecional de energia domiciliar. Na prática, isso significa que Tiusso produz a energia que consome e o excedente ele vende à rede de energia. No fim do mês, ele consegue um desconto de até 70% na conta de luz.

Ainda pouco difundida, a proposta amplia os benefícios para quem usa alguma fonte geradora de energia em casa, como a solar, permitindo que o cliente tenha o controle do que produziu, não consumiu e forneceu à rede e, assim, tenha abatimento nas despesas.

A situação foi regulamentada pela Aneel em abril de 2012 e parte do pressuposto de que quem gera energia em casa compartilha o excedente com a rede pública. Os equipamentos instalados na casa do consumidor permitem medir a energia gerada pelas placas e a que ele entrega à rede de clientes da região. A diferença corresponde ao que ele usou.

Então, duas coisas são analisadas: primeiro, a soma entre o que foi fornecido pela companhia energética para a casa e o quanto o cliente usou da energia gerada na própria residência; segundo, a quantidade de energia excedente que ele entregou à rede. Caso ele consuma mais energia do que produziu, paga a diferença. Se a produção for maior do que o consumo, ele fica com crédito para as contas futuras.

O servidor público mora em uma casa de 430 m² no Jardim Botânico. São quatro suítes, para dois adultos e duas crianças. A adesão ao sistema custou R$ 16,5 mil e levou sete meses para ser concluída. No período, Tiusso precisou levar certificados internacionais e outros documentos comprovando a eficiência do projeto. A expectativa é de que o investimento tenha retorno em oito anos e de que a vida útil do sistema seja de 30 anos.

De acordo com Tiusso, a adesão dele ao novo sistema ocorreu por três motivos: financeiros, ambientais e de eficiência energética. "Nesses dias de intenso calor, momento em que a rede pública está mais saturada, fornecendo energia para todos aqueles que estão utilizando aparelhos de ar-condicionado, é exatamente o momento em que o sistema [instalado em casa] está gerando mais energia e a injetando na rede pública", afirmou.

Segundo a Companhia Energética de Brasília, a Embaixada da Itália também aderiu ao novo sistema. Além disso, um morador do Lago Sul apresentou proposta recentemente para instalar os equipamentos na casa dele. 

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

As cidades campeãs de qualidade de vida no mundo




viena ecod 300x183 As cidades campeãs de qualidade de vida no mundo
Parlamento austríaco, no centro de Viena. Foto: Akos Stiller/Bloomberg/Getty Images
Quais são as cidades do mundo com os melhores níveis de qualidade de vida? Um novo estudo global da consultoria Mercer listou esses centros urbanos. No geral, Viena, na Áustria, ficou em primeiro lugar. Em último, ficou Bagdá, no Iraque.
O topo da lista é dominado por cidades da Europa. São Paulo aparece na 120º posição do ranking, distante das melhores da América do Sul e Central.
Para montar o ranking, foram levados em conta diversos critérios, como estabilidade política, criminalidade, liberdade de imprensa, serviços bancários, qualidade da educação e da saúde, transporte público, saneamento básico, acesso a água e eletricidade e ambiente cultural.
  • As 5 melhores do mundo
1. Viena (Áustria) – foto
2. Zurique (Suíça)
3. Auckland (Nova Zelândia)
4. Munique (Alemanha)
5. Vancouver (Canadá)
Veja a seguir os melhores do mundo e os melhores e piores por continente:
  • As melhores da América do Norte
1. Vancouver (Canadá) – foto
2. Ottawa (Canadá)
3. Toronto (Canadá)
4. Montreal (Canadá)
5. São Francisco (EUA)
  • As piores da América do Norte
1. Detroit (EUA) – foto
2. Saint Louis (EUA)
3. Houston (EUA)
4. Miami (EUA)
  • As melhores da América do Sul e Central
1. Pointe-À-Pitre (Guadalupe, ilha caribenha) – foto
2. San Juan (Porto Rico)
3. Montevidéu (Uruguai)
4. Buenos Aires (Argentina)
5. Santiago (Chile)
  • As piores da América do Sul e Central
1. Porto Príncipe (Haiti) – foto
2. Tegucigalpa (Honduras)
3. Caracas (Venezuela)
4. San Salvador (El Salvador)
  • As melhores da Europa
1. Viena (Áustria) – foto
2. Zurique (Suíça)
3. Munique (Alemanha)
4. Düsseldorf (Alemanha)
5. Frankfurt (Alemanha)
  • As piores da Europa
1. Tbilisi (Geórgia) – foto
2. Minsk (Bielorússia)
3. Yerevan (Armênia)
4. Tirana (Albânia)
5. São Petersburgo (Rússia)
  • As melhores da Ásia
1. Singapura (Singapura) – foto
2. Tóquio (Japão)
3. Kobe (Japão)
4. Yokohama (Japão)
5. Osaka (Japão)
  • As piores da Ásia
1. Dushanbe (Tajiquistão) – foto
2. Dhaka (Bangladesh)
3. Ashkhabad (Turcomenistão)
4. Bishkek (Quirguistão)
5. Tashkent (Uzbequistão)
  • As melhores da Oceania
1. Auckland (Nova Zelândia) – foto
2. Sidney (Austrália)
3. Wellington (Nova Zelândia)
  • As melhores do Oriente Médio e África
1. Dubai (Emirados Árabes Unidos) – foto
2. Abu Dhabi (Emirados Árabes Unidos)
3. Port Louis (Ilhas Maurício)
4. Durban (África do Sul)
  • As piores do Oriente Médio e África
1. Bagdá (Iraque) – foto
2. Bangui (República Centro-Africana)
3. N’Dejamena (Chade)
4. Sana (Iêmen)
* Publicado originalmente no site EcoD
(EcoD) 

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Um mundo mais sustentável precisa de todos



Tarja Halonen 223x300 Um mundo mais sustentável precisa de todos
Tarja Halonen. Foto. Todd France Photography, 2012
Este mês tive o privilégio de assistir a Cúpula de Desenvolvimento Sustentável de Nova Délhi, um encontro anual que trata de um tema muito próximo ao meu coração. A Cúpula reuniu pessoas extraordinárias: ganhadores do prêmio Nobel, líderes de pensamento, chefes de Estado, inovadores das corporações e da academia, com a finalidade de abordar os desafios primordiais do século 21, que se concentram em três dimensões urgentes da sustentabilidade: alimentação, água e energia.
Neste momento, cerca de 85% dos seres humanos com os quais compartilhamos esse planeta vivem sem água potável adequada. Quase a mesma quantidade não tem segurança alimentar. E quase uma em cada cinco pessoas tenta viver sem energia e sem os benefícios da eletricidade.
Cobrir as necessidades atuais sem comprometer as expectativas das gerações futuras é um assunto muito complicado. Foi estimulante ver tantos cientistas, economistas e especialistas em desenvolvimento, brilhantes e comprometidos, trabalhando duro na elaboração de ideias que possam nos ajudar a produzir, distribuir e utilizar recursos preciosos de forma mais eficiente e equitativa.
Seu trabalho é essencial, porque colocará todos nós para trabalhar com nossas capacidades únicas para solucionar os desafios realmente difíceis que temos pela frente.
Mas, do meu ponto de vista, também é fundamental potencializar as próprias pessoas que devem lidar cada dia com esses problemas: as meninas que sonham com um futuro melhor enquanto transportam água por grandes distâncias, as mulheres que trabalham com fogões ineficientes e poluentes, e os pequenos agricultores que produzem 70% dos alimentos de forma muito mais sustentável do que o agronegócio.
Devemos nos dedicar a soluções que sustentem essas pessoas como prioridade de nossas decisões, porque são suas opções individuais que definitivamente terão um papel essencial na maneira como se desenvolverá nosso futuro.
Quando se respeita completamente os direitos individuais, e quando as pessoas se encontram no centro do desenvolvimento, as soluções têm uma sustentabilidade inerente. Algo que aprendi com meu próprio país e com nossos irmãos nórdicos é que as sociedades saudáveis e produtivas geram um círculo de autossustento com melhor bem-estar e maior produtividade.
A desigualdade e a exclusão das mulheres, dos jovens e dos pobres, ao contrário, prejudicam a saúde, o bem-estar e o crescimento econômico. Embora precisemos das contribuições de todos para solucionar os problemas globais que enfrentamos, os talentos e o potencial das mulheres ainda não são plenamente aproveitados em muitos países.
Não que as mulheres não estejam trabalhando duro. Na verdade, trabalham mais como produtoras, elaboradoras, vendedoras e consumidoras de alimentos, como mães e cuidadoras, transportando água e cuidando da higiene da família. E isso geralmente sem o benefício de técnicas eficientes nem serviços de energia, ou formas modernas de contracepção.
Isso significa que as mulheres estão, em geral, sobrecarregadas pela reprodução, bem como pela produção. A triste realidade é que elas trabalham mais horas do que os homens e produzem metade dos alimentos do planeta, mas recebem apenas uma fração da renda mundial e possuem uma pequena parte das propriedades.
As mulheres tratam de assegurar alimentos para muitos. Portanto, necessitam de capacitação adequada, equipamento e direito à posse da terra. Devem poder participar da economia, e definitivamente precisam de serviços de saúde sexual e reprodutiva, pois os problemas sanitários as afetam desproporcionalmente, desde as complicações na gravidez e no parto, até a epidemia de HIV, vírus causador da aids.
A violência de gênero também cobra um preço alto. O que aconteceria se fosse liberado todo o potencial e o poder das mulheres? Imaginem o que poderiam conseguir.
Precisamos investir em empoderamento das mulheres para que consigam o tipo de transformação que possa sustentar o crescimento econômico, preservar o ambiente, fomentar a resiliência e não deixar ninguém para trás.
E precisamos investir nos direitos sexuais e reprodutivos para todos, incluindo as próximas gerações, se desejamos conseguir um verdadeiro desenvolvimento sustentável.
As mulheres estão interessadas e sensibilizadas pelas necessidades da sustentabilidade.
Quando elas têm controle e liberdade sobre suas próprias vidas sexuais e reprodutivas, tendem a escolher famílias mais sadias e menores, que possam ser mais resilientes diante das crises, dos deslocamentos ou dos desafios ambientais. Também podem aliviar a pressão que exercem as populações locais sobre recursos naturais limitados e ecossistemas frágeis.
Por isso é importante que o próximo marco para o desenvolvimento internacional – a agenda que em 2015 substituirá os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio da Organização das Nações Unidas – aborde diretamente a igualdade de gênero e os direitos sexuais e reprodutivos para todos. Estes temas vão direto ao coração da sustentabilidade. Continuo comprometida em assegurar que não sejam deixados de lado. Envolverde/IPS
Tarja Halonen é ex-presidente da Finlândia (2000-2012) e copresidente do Grupo de Trabalho de Alto Nível da CIPD (Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento). Também ocupou cargos em fóruns internacionais como copresidente da Cúpula do Milênio e do Painel de Alto Nível do secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre Sustentabilidade Mundial.(IPS) 

3ª Mostra Ecofalante de Cinema Ambiental acontece em março




Ecofalante1 3ª Mostra Ecofalante de Cinema Ambiental acontece em março
De 20 a 27 de março de 2014 os paulistanos poderão conferir longas, médias e curtas metragens focados na temática ambiental, oriundos de mais de 30 países, grande parte deles inéditos no Brasil.
Os filmes, classificados nas temáticas cidades, campo, economia, energia e povos e lugares, abordam questões como energia nuclear; o uso de animais como cobaias; organismos geneticamente modificados; urbanismo e a vida nas grandes cidades; extração de recursos naturais por grandes corporações e suas consequências para o meio ambiente e para comunidades; localidades remotas e a dificuldade cada vez mais premente de manter tradições junto às novas gerações que querem ganhar o mundo e frente aos dilemas impostos pelas transformações do meio ambiente.
“A Mostra entra em sua terceira edição se consolidando em São Paulo como espaço para conferir produções de várias partes do mundo que marcam presença inclusive em grandes festivais de cinema. Estes filmes, inéditos em sua maioria no Brasil, não entram em circuito depois, salvo algumas exceções. É uma oportunidade única de assistir a estas produções. É também um espaço para promover o debate e a reflexão sobre questões do nosso dia a dia,” diz Chico Guariba, diretor da 3ª Mostra Ecofalante de Cinema Ambiental.
Como nas edições anteriores, além da mostra contemporânea, que traz o que de mais novo e melhor vem sendo produzido, haverá uma retrospectiva histórica e uma homenagem.
A retrospectiva histórica traz filmes do diretor e roteirista japonês Kaneto Shindo, que morreu em 2012 aos 100 anos. Nascido em Hiroshima em 1912, Shindo escreveu mais de 200 roteiros e dirigiu 49 filmes, com destaque para “Filhos de Hiroshima”, da década de 1950, que conta a história de uma professora que retorna a Hiroshima após o bombardeio atômico. O filme foi exibido no Festival de Cannes de 1953. O cineasta foi condecorado com a Ordem Imperial da Cultura do Japão em 2002
Washington Novaes será o homenageado da terceira edição da Mostra. Repórter, editor, diretor e colunista em várias das principais publicações brasileiras, foi durante sete anos editor-chefe do Globo Repórter e editor do Jornal Nacional, da Rede Globo, comentarista de telejornais das Redes Bandeirantes e Manchete, e no programa Globo Ecologia. No programa “Globo Repórter” dirigiu documentários como “Amazonas – a pátria da água” e “As crianças do reino do Porantim” (roteiros de Thiago de Mello), “A doença dos remédios”, entre outros. Como produtor independente de televisão, dirigiu as séries “Xingu – a terra mágica”, “Kuarup”, “Pantanal” e “Xingu – a terra ameaçada”. Ganhou vários prêmios internacionais e nacionais de jornalismo e televisão, e também o Prêmio Unesco de Meio Ambiente 2004.
Os filmes serão exibidos em sete salas do circuito de cinema da cidade: Reserva Cultural, Cine Livraria Cultura, Museu da Imagem e do Som (MIS), Cine Olido, Centro Cultural São Paulo, Cinusp Maria Antônia e Matilha Cultural. Além das exibições dos filmes, a Mostra promoverá debates com vários realizadores de diferentes nacionalidades. Toda a programação é gratuita.
Este ano a Mostra traz ainda duas novidades – a premiação dos melhores filmes latino americanos e um circuito universitário, que levará filmes e debates a diferentes instituições de ensino.
Serão premiados os melhores filmes escolhidos por uma comissão julgadora e também por voto popular. As cédulas de votação estarão disponíveis nos locais das sessões, durante o período de realização da Mostra.
O circuito universitário será realizado durante todo o mês de março, envolvendo alunos em debates temáticos. Participam da programação Mackenzie, USP, PUC, São Judas, Cásper Líbero, Fundação Getúlio Vargas, dentre outras instituições. O objetivo é levar o debate para os futuros tomadores de decisão e incentivar a produção universitária.
A realização da 3ª Mostra Ecofalante de Cinema Ambiental é possível graças ao apoio do Governo do Estado de São Paulo – Secretaria de Estado da Cultura, Programa de Ação Cultural 2013, através do qual patrocinam o projeto a Eaton e White Martins. O evento conta com apoio do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), Programa de Pós-Gradução em Ciência Ambiental da USP (Procam), Instituto de Estudos Avançados da USP, Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária da USP, Centro Universitário Maria Antônia, Cinusp, Secretaria Municipal de Cultura, Centro Cultural São Paulo, Galeria Olido, Centro de Estudos em Sustentabilidade da Fundação Getúlio Vargas, Rede Nossa São Paulo, Instituto Pólis, Instituto Pepsico, Akatu, Matilha Cultural, Le Monde Diplomatique Brasil, Revista Piauí, Revista Envolverde, Rádio Eldorado, Rádio Estadão e Catraca Livre.
(Ecofalante) 

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

O mundo é para poucos



criancas1 O mundo é para poucos
Foto: Reprodução/Internet

Em alta desde os anos 70, a concentração da riqueza bate recordes, para a alegria de 1% da população global
Divulgada na abertura do encontro anual da elite econômica global em Davos, na Suíça, a pesquisa “Trabalhando para Poucos”, da ONG inglesa Oxfam, bem poderia se chamar “Vejam o Que os Senhores Conseguiram”. Ganhou manchetes mundo afora ao apontar para a hiperconcentração de riqueza em andamento na quase totalidade dos países ocidentais. Sete em cada dez indivíduos vivem em países onde a desigualdade avançou nas últimas três décadas, informa a Oxfam.
Segundo o estudo, a crise financeira detonada em setembro de 2008 veio a calhar para os mais ricos. O 1% do topo da pirâmide, anota a pesquisa, detém hoje metade da riqueza gerada no planeta. O financista norte-americano Warren Buffett é um exemplo da turma ganhadora: acumulava patrimônio de 40 bilhões de dólares antes da quebra do Lehman Brothers, e nada atualmente em uma piscina recheada de 59 bilhões de moedas. O quarto mais rico do planeta, segundo a lista da Forbes, Buffett é um dos 85 afortunados que, aponta a Oxfam, possuem patrimônio equivalente ao da metade mais pobre da população mundial, ou 3,5 bilhões de cidadãos. “Alguma desigualdade econômica é essencial para conduzir o crescimento e o progresso”, escrevem os responsáveis pela pesquisa. “Os níveis extremos de concentração da riqueza atuais, entretanto, ameaçam excluir centenas de milhões de obter os ganhos de seus talentos e trabalho duro.”
Não é outra coisa o que tem acontecido desde o crash, com maior intensidade nos dois polos mais afetados pela crise, os EUA e a Zona do Euro (exceto a Alemanha). O quadro retratado espelha as opções feitas para enfrentar a crise, desenhadas de acordo com os interesses dos bilionários, constata a ONG. A saída escolhida foi salvar bancos e companhias consideradas “grandes demais para quebrar”, ao mesmo tempo que os gastos públicos eram cortados indiscriminadamente.
O resultado foi uma onda avassaladora de desemprego e a falência de empresas cuja quebra, para as autoridades, teria o efeito positivo de ampliar a eficiência da economia como um todo. Nesse sentido, as políticas adotadas deram certo. O levantamento mais recente da Organização Internacional do Trabalho (OIT) contabiliza 202 milhões de desempregados no mundo, 5 milhões a mais do que no fim de 2012. Mantida a tendência, algo bastante provável, serão 215 milhões sem empregos no fim de 2017, estima Guy Rider, diretor da OIT.
O estudo da Oxfam enumera algumas das causas da concentração crescente. Há décadas a falta de limites minou a representação popular nos Parlamentos. E o lobby das maiores corporações aos poucos tirou do caminho regras e leis forjadas para garantir (ou ampliar, conforme o caso) a concorrência nas economias. Estima-se que os bancos norte-americanos gastaram 1 bilhão de dólares em lobby nos últimos anos para enfraquecer e adiar a legislação em discussão para tornar o sistema financeiro menos arriscado.
A corrupção, a perversidade de sistemas tributários como o brasileiro, que taxa proporcionalmente mais quem tem menos, os subsídios, a redução dos gastos em saúde e educação públicas, a perda de espaço dos sindicatos de trabalhadores e uma rede internacional de paraísos fiscais (em que, estima a ONG, cerca de 18 trilhões de dólares são escondidos para não pagar impostos) também explicam o processo em andamento.
O marco zero dessa tendência, contudo, não tem nada de novo. Especialistas o situam no período que vai do fim da década de 1970 ao início dos anos 80, sob os auspícios da onda neoliberal e da desregulação dos mercados, particularmente o financeiro, sob a batuta ideológica da dupla Ronald Reagan e Margaret Thatcher.
A resultante constatada agora não é um efeito colateral inesperado. Ao contrário. A cartilha Reagan-Thatcher recomendava deliberadamente o corte dos impostos dos mais ricos, em paralelo à redução dos direitos sociais e salários dos mais pobres, com o argumento de que o primeiro movimento garantiria fôlego para o consumo, enquanto o segundo ampliaria a competividade da economia ao reduzir o custo do trabalho. Uma parcela considerável das palavras de ordem pró-desregulação foi tecida, por sinal, justamente no Fórum Econômico de Davos, que nesta edição, diante da escala da tragédia social nos países ricos, procura convencer a opinião pública de que, no fundo, estão preocupados com a distância crescente entre ricos e pobres. Ao custo de 40 mil dólares por participante, vale notar.
Na ponta do lápis, o quadro evoluiu nos EUA conforme o esperado pelos formuladores de tais políticas: a renda dos 10% mais pobres avançou, desde meados dos anos 1980, apenas 0,1% ao ano. Já aquela dos mais ricos cresceu, pela mesma métrica, 1,5%. No Reino Unido, o mesmo movimento: a renda avançou, em média, 0,9% na base da pirâmide e 2,5% entre os 10% do topo. Estudo da Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico, realizado em 2011, apontou os EUA, o Reino Unido e Israel como “pioneiros” da regressão social entre os mais ricos. A partir dos anos 2000, anota a pesquisa, a tendência incluiu as nações tradicionalmente menos desiguais, caso da Alemanha, Dinamarca, Suécia e outros países nórdicos.
A partir do crash de 2008, a concentração da riqueza ganhou força, resultado da opção de salvar os grandes bancos e corporações. No estudo da Oxfam, o caso norte-americano é mais uma vez destaque: 95% do ganho de renda registrado a partir de 2009 no país foi para o 1% mais rico. E, quanto mais no topo, maiores os ganhos proporcionalmente. Em 2012, por exemplo, enquanto o 1% mais rico ficou com 22% da renda do país, o 0,1% mais afortunado abocanhou 11% do bolo. Um norte-americano do sexo masculino e graduado recebe atualmente, em média, 40% do que recebia quatro décadas atrás.
No artigo “A desigualdade é uma opção”, publicado em outubro de 2013, o Nobel de Economia Joseph Stiglitz, professor da Universidade Columbia, comenta a hiperconcentração em curso. De 1988 a 2008, anota o economista, a renda do 1% mais rico do planeta cresceu cerca de 60%. No mesmo período, a dos 5% mais pobres manteve-se estagnada. “Os ganhos de renda têm sido maiores entre aqueles da elite mundial – executivos financeiros e corporativos dos países ricos – e as amplas ‘classes médias emergentes’ de China, Índia, Indonésia e Brasil. Quem perdeu? Africanos, alguns latino-americanos e cidadãos do Leste Europeu pós-comunista e da antiga União Soviética.”
Apesar de bem-vinda, a discussão em torno da desigualdade em Davos está longe de ser sinal de uma nova postura – e seria loucura supor que haverá ali uma guinada ideológica. Em 2005, o tema ocupou o topo das preocupações dos milionários reunidos na Suíça, àquela altura em companhia dos debates sobre o terrorismo. Em 1994, o tema também foi abordado, quando Klaus Schwab, presidente do fórum, definiu o encontro como uma oportunidade para “um gigantesco brainstorm para líderes empresariais, políticos, científicos e culturais, para analisar todos os pressupostos básicos da humanidade”.
Então, os ouvintes saíram de Davos, embarcaram em seus jatos particulares e foram cultivar suas fortunas.
* Publicado originalmente no site Carta Capital.

No Dia Mundial da Justiça Social, ONU destaca diferença entre pobres e ricos




pawel ecod No Dia Mundial da Justiça Social, ONU destaca diferença entre pobres e ricos
Desigualdades sociais aumentam a distância entre ricos e pobres
Ilustração: Pawel Kuczynski/EcoD

O Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon, alertou que está aumentando a diferença entre as pessoas mais pobres e as mais ricas do mundo. Segundo ele, esta situação acontece não somente na comparação entre países mas também dentro de cada nação, inclusive entre as mais prósperas.
A declaração de Ban foi para marcar o Dia Mundial da Justiça Social este 20 de fevereiro.
Solidariedade Global
Ele disse que a data é observada para demonstrar o poder da solidariedade global no sentido de avançar na criação de novas oportunidades para todos.
Ban explicou que circunstâncias como onde a pessoa nasceu, viveu ou a sua raça ou gênero não devem determinar nunca sua renda.
Além disso, o Secretário-Geral afirmou que essas circunstâncias não podem determinar as oportunidades dessas pessoas para obter uma educação de qualidade, serviço de saúde básico ou um trabalho decente.
Ainda nessa lista, o chefe da ONU citou o acesso à água potável, a participação política e o fato de se viver livre de ameaças ou violência física.
Para Ban, com a ampliação das desigualdades, o tecido social das sociedades acaba se esticando também. Isso segundo ele, leva a uma espiral descendente de incertezas econômicas e sociais e até mesmo a distúrbios populares.
Desigualdade
O Secretário-Geral declarou que os conflitos violentos em várias partes do mundo têm como raiz uma profunda desigualdade, discriminação e uma pobreza generalizada.
Ainda assim, Ban explicou que não há nada que seja inevitável sobre a desigualdade. Os objetivos compartilhados da comunidade internacional devem ter como alvo a adoção de medidas práticas para acabar com as barreiras à dignidade e ao desenvolvimento humano.
Vozes
Segundo ele, a experiência mostra que o crescimento econômico, por si só, não é suficiente.
Ban afirmou que todos devem fazer mais para proporcionar mais poder às pessoas através de um bom emprego, proteção social e garantir aos pobres e marginalizados que suas vozes serão ouvidas.
O chefe da ONU disse que todos caminham com os esforços para atingir os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio e formular a agenda de desenvolvimento pós-2015.
Ele deixou claro que neste momento é importante fazer da justiça social o ponto central para se alcançar um crescimento equitativo e sustentável para todos.* Publicado originalmente no site Rádio ONU.

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Andar de bicicleta é uma decisão política – Entrevista com Chris Carlsson


ativista 300x199 Andar de bicicleta é uma decisão política   Entrevista com Chris Carlsson
Ativista está no Brasil para lançamento do seu livro Nowtopia
Um dos criadores da massa crítica, o ativista diz que a escolha de andar sobre duas rodas pode servir para questionar a lógica capitalista, mas não é suficiente para isso
Em 1992, Chris Carlsson se juntou a alguns amigos para andar de bicicleta na Market Street, a principal rua de São Francisco, nos Estados Unidos. Eles ocuparam a via e se tornaram o próprio trânsito no lugar dos carros que a ocupavam. Com aquele ato, eles começaram o movimento conhecido como massa crítica, que se espalhou para o mundo inteiro. No Brasil, ele é conhecido principalmente como bicicletada, quando diversas pessoas tomam uma via importante da cidade sem lideranças e trajetos impostos, assim como Carlsson fez há vinte anos.
Carlsson conversou com a CartaCapital em visita a São Paulo nesta semana. Ele está no Brasil para participar do III Fórum Mundial da Bicicleta, em Curitiba, e lançar o seu livro Nowtopia – Iniciativas que estão construindo o futuro hoje (Tomo Editorial). No livro, ele defende que o ciclismo, hortas comunitárias e a cultura do “faça você mesmo” contribuem para formar uma sociedade que supere o capitalismo. Com uma abordagem marxista, Carlsson acredita que estas atitudes podem ajudar a classe trabalhadora a se emancipar do trabalho assalariado e ter uma vida melhor e mais saudável. Leia a entrevista abaixo:
CartaCapital: O senhor fez parte do começo da massa crítica há vinte anos em São Francisco. Hoje, há grupos como este em todo o mundo, o número de ciclistas urbanos tem aumentado e grandes cidades têm políticas públicas voltadas para a bicicleta. O senhor imaginava o desdobramento que a massa crítica teria?
Chris Carlsson: Não imaginava. Nós começamos com uma comunidade de amigos, porque não havia tantas bicicletas assim em São Francisco. A primeira massa crítica que fizemos tinha cinquenta pessoas. Nós subimos a rua principal da cidade, viramos à esquerda e entramos em um bar. Só isso, foi uma coisa bem simples. Mas deste ato surgiu uma bola de neve, e a massa crítica se tornou um fenômeno global que mudou cidades em todo o mundo, incluindo São Paulo.
CC: Por que o senhor acha que o movimento se espalhou desta forma?
Carlsson: O entendimento mais óbvio é a partir do slogan “isso já estava na cabeça de todos”. Assim que você diz a um ciclista: “em outra cidade eles encheram a rua de bicicletas e voltaram para casa”, o primeiro pensamento dele será: “nossa, vamos fazer isso aqui!” Na lógica de ser tratado como um cidadão de segunda categoria nas ruas, a resposta do ciclista só poder ser feita por meio de uma ação coletiva, com ocupação e reabilitação das ruas.
CC: Não há algo como uma organização central de massas críticas e bicicletadas. Cada movimento se organiza e manifesta de formas diferentes, e ambos os termos são guarda-chuvas para diversos movimentos. Como você acha que a ideia de massa crítica é utilizada pelas pessoas que a organizam?
Carlsson: O uso diferente acontece. As pessoas chamam alguns protestos de massa crítica quando vão a um protesto de bicicleta, mas isso não é a massa crítica: é um protesto de bicicletas. Mas eu não me importo, o conceito não é meu e as pessoas fazem o que quiserem dele.Para mim, a massa crítica é um evento sem outras razões. Ela não é instrumentalizada, você não a usa para atingir outra coisa. Mas naquele espaço você pode começar a fazer outras coisas.
É como uma incubadora de ovos aonde eles vão chocando. Tudo que você pode pensar já começou numa massa crítica: novas campanhas, grupos políticos, amizades, negócios, famílias, e por aí vai. A melhor coisa é que a massa crítica deu a todo um setor da população a chance de achar outra maneira de fazer política.
CC: Você vê a bicicleta como uma ferramenta anticapitalista. Porém, ela ganhou espaço em propagandas e é um objeto de consumo. Em cidades como Londres, São Paulo e São Francisco, os bancos administram as bicicletas chamadas de “públicas”. Diante dessa absorção dela por empresas, a bicicleta ainda pode ser uma ferramenta de transformação contra o capitalismo?
Carlsson: Só a bicicleta não é suficiente. A bicicleta, por si só, não é interessante. Ela é um meio de transporte e um produto industrial. A história dela também é a história da escravidão na Amazônia e no Congo, em busca de borracha para fazer bicicletas para o hemisfério norte. Já a história contemporânea da bicicleta no século XX é a da resposta a automobilização das cidades, e isso pode ser uma resposta para fazer algo diferente na cidade.
A bicicleta é um meio de transporte em seu senso literal. Ela ajuda as pessoas a chegarem do ponto A ao ponto B, e isso é uma simples realidade apolítica. Mas a pessoa pode decidir se vai de trem, carro, ônibus, andando, pulando ou voando ao ponto B. E existe política nessa decisão.
Então o real transporte que a bicicleta pode fazer politicamente é levar você para outra maneira de viver. E isso não acontece automaticamente. Isso necessita um contexto e um pensamento político. A bicicleta é um objeto em que você pode despejar sentido, como você coloca um líquido em um copo. E o sentido vem das nossas cabeças, das nossas decisões. Se não colocarmos o sentido político nela, ela é só um objeto chato, perfeitamente compatível com o capitalismo.
Além disso, você pode ter uma sociedade capitalista baseada em bicicletas. O problema é que a sociedade capitalista é baseada no crescimento, e não vai crescer tão rapidamente porque não estão desperdiçando tantas coisas quanto com carros. Então as bicicletas são um passo atrás na lógica capitalista, mas não um passo completo.
CC: E você acha que a maioria dos ciclistas preenche a bicicleta com este sentido anticapitalista?
Carlsson: A maioria não. Mas uma coisa interessante que pode acontecer é que, pedalando na massa crítica, as pessoas conversem com outros ciclistas que fazem política, ou que estiveram pensando sobre isso. Porém, isso não acontece sempre. Há ciclistas organizados em torno de lojas de departamento, e até pela polícia. Quando a bicicleta está em um processo mais aberto, como a massa crítica, ela tem mais chances de ser parte de um processo de mudança social e pessoal.
CC: Seu livro trata de exemplos norte-americanos de ciclistas, hortas comunitárias e outras formas de ativismo. No Brasil, apesar da maior parte dos ciclistas estarem em cidades menores e nas periferias das metrópoles, o ativismo é atrelado a pessoas de bairros mais ricos. O mesmo acontece com a permacultura em São Paulo, por exemplo. As experiências citadas no livro podem ajudar as pessoas menos favorecidas de uma sociedade desigual como a brasileira?
Carlsson: Algumas pessoas estão tão desesperadas para manter sua sobrevivência que passam cada minuto da sua vida trabalhando, e não têm tempo para fazer mais nada. Isso pode significar sair da periferia de São Paulo e deslocar-se 60 quilômetros por dia. Trabalhar 14 horas, ficar quatro no trânsito, dormir seis horas e começar tudo isso de novo. É uma vida muito difícil, próxima à escravidão. Nós, que não vivemos assim, temos muita dificuldade de entender.
Porém, essas pessoas podem decidir fazer uma parte dessa jornada de bicicleta, decidir trocar o que fazem. Elas ainda têm livre-arbítrio. Elas podem tentar plantar comida perto da sua casa, e com isso depender menos de fazer dinheiro. Um pouco, não muito, é claro. Elas também podem cooperar com seus vizinhos, pois eu acredito que as sociedades pobres têm mais solidariedade que nós, que é uma chave para a sua sobrevivência.
Sempre há uma margem para reduzir a necessidade de dinheiro e aumentar a relação com o bem comum. Todo mundo, em qualquer situação, pode fazê-lo se decidir isso.
CC: O senhor fala que os sindicatos são formas de organização obsoletas para os trabalhadores. Qual é o papel das organizações de trabalhadores dentro da sua ideia de mudança?
Carlsson: O problema que eu tenho com os sindicatos é que eles desistiram de questionar o que fazemos há muito tempo. Eles não se importam, eles só querem trabalho. Fazer estradas horríveis, construir prédios em todos os cantos, colocar cimento na nossa terra, o que for. Por que estamos fazendo este trabalho estúpido? Trabalhando em bancos, companhias de seguro, fazendo coisas que vão quebrar em seis meses.
Nós fazemos muitas coisas estúpidas, e os sindicatos não se importam com isso. Não é parte da lógica em que eles foram fundados. A lógica é só ganhar mais dinheiro para os trabalhadores, e defendê-los em seu próprio trabalho. Eles deveriam começar a pensar em como vivemos, os problemas que enfrentamos e quais o trabalho que deveriam ser feitos para solucionar este problema.
CC: O senhor defende em seu livro que toda atitude é política, e cita mudanças vinda das mãos ou da organização dos cidadãos, sem interferência do Estado. Qual o papel da política institucional nestas mudanças?
Carlsson: As instituições políticas, os governos e as agências que eles mantêm mostram pouca adaptabilidade na história que vimos até hoje. Aacho que estamos vivendo em um período em que você vai mudar isso.
A repressão que vimos no Brasil em junho do ano passado é um bom exemplo disso, de como o Estado não consegue responder às pessoas se unindo de forma horizontal e indo às ruas. Nós vimos isso também na Turquia, na Espanha, na Grécia e no Egito. E em todas houve uma grande repressão do Estado. Então ele está muito preso nas suas formas antigas, e não mostra uma capacidade de se adaptar.
Certo, mas então se uma revolução vier, o que isso significa? Eu acho que poderiam surgir instituições que ajudariam as pessoas a cuidar das coisas, de baixo. Uma democracia efetiva, não somente votar para pessoas no Estado. Uma democracia que permita as pessoas decidirem como gastamos os recursos, como vamos prover água e eletricidade, como trabalhamos e para o quê.
* Publicado originalmente no site Carta Capital.

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Buenos Aires ganha Prêmio Transporte Sustentável 2014




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A cidade reformou o trânsito em uma das suas maiores avenidas, a 9 de Julho, separou as pistas e incluiu o BRT. Foto: jennifrog/Wikipédia

Buenos Aires tornou-se recentemente a vencedora do nono prêmio anual de Transporte Sustentável. A capital argentina faturou a conquista pelo fato de a cidade reduzir as emissões de CO2 e fornecer melhorias na segurança para pedestres e ciclistas durante o ano de 2013.
No ano passado a cidade reformou o trânsito em uma das suas maiores avenidas, a 9 de Julho, separou as pistas e incluiu o corredor de ônibus rápido (BRT). Lá, o BRT tem 17 estações ao longo da avenida, na qual são acomodadas 11 linhas de ônibus, que tornam mais rápidas as viagens para cerca de 200 mil passageiros por dia.
Além disso, Buenos Aires adicionou um novo corredor de BRT de 23km, o Metrobus Sur, e transformou dezenas de blocos do centro da cidade em um ambiente que estimula a andar a pé e em bicicleta, promovendo assim uma cultura que prioriza as pessoas, em vez dos carros.
“O sucesso de Buenos Aires prova que você pode sonhar com uma cidade sustentável”, destacou Guillermo Dietrich, secretário de Transportes da capital da Argentina, ao portal Cities Today.
Menções honrosas
As três cidades que ganharam menções honrosas em 2013 foram Suwon (Coreia do Sul), Indore (Índia) e Lanzhou (China). A primeira investiu em infraestrutura para os ciclistas; a segunda implantou um corredor eficiente de ônibus rápido; enquanto a terceira foi destaque por conta de sua integração entre alternativas de transporte coletivo.
Fundado em 2005, o Prêmio Transporte Sustentável é concedido anualmente a uma cidade que tem implementado projetos de transportes inovadores e sustentáveis ​​no ano anterior. Estas estratégias devem melhorar a mobilidade para todos os residentes, reduzir o transporte e as emissões de poluição do ar e melhorar a segurança e acesso para os ciclistas e pedestres.* Publicado originalmente no site EcoD.

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Os dez estados brasileiros que mais produzem energia eólica




Embora o Brasil ainda careça de uma matriz energética diversificada – uma vez que hoje depende, principalmente, das hidrelétricas e termelétricas – a fonte que mais cresce no país atualmente é a energia eólica. Só para se ter ideia, a participação dessa alternativa renovável vai saltar dos atuais 3% para 8% até 2018.
Segundo o último boletim sobre o setor, divulgado na segunda semana de fevereiro pela Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica), em seis anos, a capacidade instalada dessa fonte no país vai aumentar quase 300%.
Ao levarmos em conta os parques em construção e a energia já contratada, vamos saltar dos atuais 3.445,3 megawatts (MW) para 13.487,3 MW, energia suficiente para abastecer mais de 20 milhões de casas no país.
Um recorde já foi registrado em 2013, com 4,7 gigawatts (GW) de potência contratada, 142% a mais do que a meta esperada de 2GW.
Dezembro terminou com um acréscimo de 10MW na capacidade instalada em relação ao mês anterior, passando para 3,46GW, distribuídos em 142 parques eólicos.
A Exame.com listou os estados brasileiros que lideram esse setor. Conheça os dez primeiros:
1) RIO GRANDE DO NORTE
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Rio Grande do Norte lidera lista. Foto: Divulgação/New Energy Options Geração de Energia

Capacidade instalada: 1.339,2 MW
Nº total de parques: 46
Parques em construção: 88
*Potência total até 2018: 3.654,2 MW
*representa a potência em operação, em construção e contratada
2) CEARÁ
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Parque eólico no Ceará, estado que tem 70 parques em construção atualmente. Foto: Ricαrdo

Capacidade instalada: 661,0 MW
Nº total de parques: 22
Parques em construção: 70
*Potência total até 2018: 2.325,7 MW
*representa a potência em operação, em construção e contratada
3) BAHIA
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Bahia tem 109 parques eólicos em construção. Foto: Renova Energia

Capacidade instalada: 587.6 MW
Nº total de parques: 24
Parques em construção: 109
*Potência total até 2018: 1.978,9 MW
*representa a potência em operação, em construção e contratada
4) RIO GRANDE DO SUL
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Parque eólico de Osório, no Rio Grande do Sul. Estado tem 15 desses empreendimentos. Foto: Itamar Aguiar/Palácio Piratini/Divulgação

Capacidade instalada: 460,0 MW
Nº total de parques: 15
Parques em construção: 73
*Potência total até 2018: 1.978,9 MW
*representa a potência em operação, em construção e contratada, até 2018
5) SANTA CATARINA
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Parque eólico Horizonte, situado em Água Doce-SC. Foto: Kárin Ane Côrso/Site da Prefeitura de Água Doce

Capacidade instalada: 236,4 MW
Nº total de parques: 13
Parques em construção: 0
*Potência total até 2018: 236,4 MW
*representa a potência em operação, em construção e contratada
6) PARAÍBA
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Parque Eólico da Pacific Hydro na Paraíba. Foto: Divulgação/ Pacific Hydro

Capacidade instalada: 69,0 MW
Nº total de parques: 13
Parques em construção: 0
*Potência total até 2018: 69,0 MW
*representa a potência em operação, em construção e contratada
7) SERGIPE
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Parque eólico de Barra dos Coqueiros, em Sergipe. Foto: Divulgação/Desenvix

Capacidade instalada: 34,5 MW
Nº total de parques: 1
Parques em construção: 0
*Potência total até 2018: 34,5 MW
*representa a potência em operação, em construção e contratada
8) RIO DE JANEIRO
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Parque eólico de Gargaú, no Rio de Janeiro. Foto: Divulgação/Omega Energia

Capacidade instalada: 28,1 MW
Nº total de parques: 1
Parques em construção: 0
*Potência total até 2018: 28,1 MW
*representa a potência em operação, em construção e contratada
9) PERNAMBUCO
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Espanhola Gestamp tem parque eólico em Pernambuco. Foto: Divulgação

Capacidade instalada: 24,8 MW
Nº total de parques: 5
Parques em construção: 18
*Potência total até 2018: 534,5 MW
*representa a potência em operação, em construção e contratada
10) PIAUÍ
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Piauí conta com apenas um parque eólico, mas 33 têm sido construídos atualmente. Foto: Arquivo Tractebel Energia

Capacidade instalada: 18,0 MW
Nº total de parques: 1
Parques em construção: 33
*Potência total até 2018: 951,6 MW
*representa a potência em operação, em construção e contratada
* Publicado originalmente no site EcoD.

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

A Itália ganhou a liderança na Europa de exportações de produtos orgânicos gerando mais de um bilhão de euros




O mercado das indústrias de alimentos orgânicos sobe às alturas na Europa. De acordo com pesquisa feita pela AIAB (Associação Italiana de Agricultura Orgânica), com base na análise de mercado executada pela Fundação italiana de Pesquisa em Agricultura Orgânica e Biodinâmica (Ismea – Gfk Eurisko-Itália), no primeiro semestre de 2013 houve uma queda de 3,7% no consumo de alimentos convencionais, mas o crescimento do consumo de alimentos orgânicos foi de cerca de 9 % .
Outros recordes vem se estabelecendo neste setor, tais como: 50 000 trabalhadores, 1,2 milhão de hectares de área cultivada, gerando cerca de 3 bilhões de euros. O forte crescimento econômico deste nicho de mercado é um forte impulso para a exportação desta categoria de produtos e a Itália ganhou a liderança na Europa de exportações de produtos orgânicos gerando mais de um bilhão de euros.
“Estes números demonstram um forte aumento do interesse do consumidor, de informação, atenção e portanto demanda por esses produtos” – “É uma oportunidade que deve ser explorada ao máximo, porque abre cenários de desenvolvimento para nosso sistema alimentar e o conjunto do Made in Italy: o orgânico trata somente de alimentação, mas também de cultura, território, inovação e sobretudo sustentabilidade e ética. ” disse Vincenzo Vizioli, presidente da AIAB .
Também é significativo o crescimento do consumo de alimentos orgânicos nas escolas italianas : de acordo com uma recente pesquisa (Nomisma-Pentápolis), o número de refeitório sustentável aumentou em 50% nos últimos 5 anos, totalizando 1,2 milhão de refeições orgânicas consumidas anualmente beneficiando a saúde humana e o meio ambiente.
Com estes números a Itália está em uma boa posição na mais importante feira mundial de produtos orgânicos, a BioFach em Nuremberg (12-15 de Fevereiro), que conta este ano com a participação de 2.400 expositores dos quais 400 italianos e cerca de 40.000 visitantes profissionais. Este encontro entre profissionais do setor pode ser uma oportunidade de consolidar a nossa liderança, expandir o mercado de negócios para os Estados Unidos, e alguns países da América do Sul come Argentina e Brasil, além de reforçar o laço com a Alemanha que é o maior comprador de nossos produtos: principalmente frutas e legumes, frescos ou transformados, seguido pelo vinho, azeite e outros produtos com caráter Made in Italy, como o macarrão.Por Cristina Curti, analista ambiental
Fonte: Plurale