sábado, 30 de novembro de 2013

Estudantes querem falar e ser escutados

Uma pergunta raríssima foi feita pelo Centro Ruth Cardoso para estudantes durante a primeira edição do Festival Educação: o que você faria pela melhora do ensino e da sua escola?

As mais de 400 ideias analisadas por uma comissão levaram a uma relevante conclusão: nas 9 escolas participantes, programas ligados à expressão do aluno (artes ou comunicação) predominaram. Junto com essas, estão aquelas ligadas ao esporte, leitura, escolha de profissão e melhora de estrutura física da escola.
Não foram as mais originais, pois apareceram aos montes, mas denotaram uma questão comum: a escola parece ainda fechar ouvidos e canais de expressão aos seus estudantes. Não sem motivo, essas ideias recorrentes foram chamadas de “gritos” pela organização do Festival e tiveram atenção especial.
O “ecossistema de comunicação” de uma instituição, que é como o educador Jesus Martin-Barbero costuma definir o fluxo de comunicação e poder, ainda é domínio de adultos na escola. Professores reclamam historicamente da remuneração, funcionários clamam por melhoras na estrutura de trabalho e os diretores são freqüentemente questionados sobre sua capacidade de gestão. Mas e o estudante? O que ele pensa sobre isso? Com que escola ele sonha?
O principal beneficiário e interessado, para qual todo o sistema foi estruturado, o aluno costuma passar longe desse rodízio de “mea culpas” e cobranças públicas e somente é lembrado quando avaliado, por seus professores, por indicadores nacionais ou internacionais.
Isso nos fez lembrar justamente uma aula. O Prof. Dr. José Miguel Wisnik certa vez identificou a raiz da palavra adolescente. Segundo ele, adolescente, do latim, é aquele que exala um perfume. Ou melhor, que está exalando neste momento (gerúndio) um olor. A poética do significado define bem o estágio da vida em que mais estamos propícios a criação, descobertas e inquietações.
A falta de expressão do estudante na construção da escola se reflete nas principais pesquisas sobre evasão escolar. Recentemente o fator “desinteresse” vem liderando a lista de motivos para que os jovens deixem de freqüentá-la. Construímos um modelo escolar feito por adultos sem qualquer participação de jovens e crianças; a cultura do jovem passa longe do ambiente estéril da sala de aula.
Qualquer sistema de avaliação, que se diz 360 graus, deveria colocar o estudante como uma das principais fontes de informação. Afinal, quem pode saber qual o melhor professor, a melhor estrutura, o melhor método e as melhores saídas para um ensino do que aquele para qual a escola foi feita?
escola Estudantes querem falar e ser escutados
Foto: Stauke/Fotolia.com

Aquelas instituições consideradas de excelência no Brasil, inclusive as particulares, costumam estimular os alunos a avaliar ao menos o trabalho dos docentes. Pode soar estranho à princípio, mas é a avaliação do aluno sobre o professor que mais provoca transformação no seu trabalho, pois toca diretamente a auto-estima e o propósito de vida desse profissional.
Mas na grande maioria das instituições, tem cabido tão somente a práticas isoladas elevar o grau de participação do estudante nas questões escolares; algumas delas lideradas por professores e diretores estimulados, e outras por organizações do terceiro setor que trabalham nos limites entre escola e comunidade. O grêmio estudantil fortalecido e autônomo de algumas têm criado ambiência para que próprios estudantes tomem conta dessa questão.
As práticas de comunicação a arte, cujas ferramentas hoje estão acessíveis às pontas dos dedos nos celulares, também têm sido utilizadas por algumas instituições para dar voz aos alunos. Documentários, blogs, sites e aplicativos são criados por eles em escolas que adotaram programas em seu contra-turno.
Educação de qualidade, esse mote que começou a ser utilizado após a quase universalização do ensino, deve ser seguido sempre das perguntas “para quem?”, “para quê?”. Ora, se a cobrança de uma educação de qualidade se reflete no aprendizado do estudante, parece óbvio que este deva ter alguma ingerência nas definições do que é constituída essa tal qualidade. Nesse sentido, o Festival Educação, que estimula os alunos a pensar sobre suas escolas, parece um modelo simples e barato para acelerar processos decisórios coletivos nas escolas.
Já é passado o momento para que gestores de políticas públicas comecem a prestar atenção no que pensam os estudantes. Há outras redes, como o Facebook, que já fazem esse papel de escuta; as manifestações que se iniciaram em junho já mostraram que podem faltar ruas para tanto desabafo.
* Este artigo foi produzido em parceria com a professora doutora do Departamento de Sociologia da Unicamp, Gilda Portugal Gouvêa.  Alexandre Sayad é jornalista especializado em direitos humanos, colaborou com O Estado de S. Paulo e Rádio Eldorado, e coordena programas de Civic Midia, com a Universidade de Harvard.
** Publicado originalmente no site Portal Aprendiz.

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Educação para combater a desigualdade


Agência Fapesp– Qual a melhor estratégia para enfrentar a desigualdade social, uma das grandes barreiras para a sustentabilidade global? Cientistas reunidos no 6º Fórum Mundial de Ciência (FMC), que ocorreu no Rio de Janeiro, na última quarta-feira (27) sob o tema “Ciência para o desenvolvimento sustentável”, concordam que um dos caminhos é por meio da redução das iniquidades em áreas como saúde e educação.
“Precisamos compartilhar o conhecimento científico”, defendeu o geneticista inglês John Burn, professor de genética clínica na Newcastle University, no Reino Unido, e um dos colaboradores do consórcio do Projeto Varioma Humano, iniciativa global criada em 2006, em parceria com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), que visa à redução de doenças de origem genética por meio do compartilhamento de dados sobre alterações genômicas.
“O sequenciamento do genoma humano nos permitiu dar respostas. Conhecemos inteiramente o DNA do homem, mas isso não é a solução. É preciso saber como interpretá-lo. Todos nós carregamos uma mutação genética, mas o importante é saber quantas variações podem levar a doenças. Se todos compartilharem essa informação, podemos reduzir em muito o risco de doenças”, afirmou o cientista, que em 2009 foi condecorado com o título de Sir pelos serviços prestados à Medicina.
Burn salientou o quanto a ciência tem se tornado cada vez mais inclusiva, citando como exemplo o teste de sequenciamento genético. “Há dez anos, quem podia fazer o seu mapeamento genético? A tecnologia de um teste de DNA custava US$ 100 mil. Hoje custa cerca de US$ 5 mil”, observou.
Burn lembrou o quanto o teste genético se tornou popular após ter permitido à atriz Angelina Jolie se livrar do risco de desenvolver um câncer de mama com uma mastectomia, depois da descoberta de uma mutação genética hereditária no gene BRCA1. Mulheres com mutação neste gene têm um risco de 55% a 85% de ter câncer de mama. Com a cirurgia, o risco de a atriz desenvolver a doença caiu para 5%.
“Angelina Jolie prestou um grande serviço. Mas a mutação que ela apresentava era conhecida e, portanto, mais fácil de ser detectada. No entanto, temos que reconhecer que todas as pessoas são diferentes, daí a importância do compartilhamento de informações. Sobretudo para o Brasil, país de etnias tão diferentes”, disse Burn.
“Recentemente, tivemos conhecimento de que uma em cada 300 mulheres do sul do Brasil carregavam a mutação R337H no gene p53, responsável por um em cada 12 casos de câncer de mama. Tal informação pode ser importante para mulheres do outro lado do mundo. Compartilhar o conhecimento pode salvar vidas”, disse o geneticista.
No projeto Varioma Humano (HVP) a informação é coletada da literatura, dos laboratórios ou dos registros dos pacientes e compartilhada para todo o mundo. Com sede em Melbourne (Austrália), fazem parte do HVP 18 países e o consórcio conta com a colaboração de 1.200 membros em todo o mundo. O Brasil não faz parte do consórcio.
Saída pelo capital humano
Se a genética tem se mostrado um instrumento de eliminação de desigualdades, no Brasil os avanços no campo da educação podem ser relacionados à crescente inclusão social, afirmou o economista Ricardo Paes de Barros, secretário de assuntos estratégicos da Presidência da República.
“O progresso na educação brasileira, aliado ao aumento de renda da população, é o que tem nos permitido reduzir as iniquidades sociais”, disse Paes de Barros, em sua apresentação no FMC.
Ainda há, no entanto, segundo ele, muitos desafios a serem superados. “Embora a renda atual tenha aumentado aproximadamente 30% em relação a 2003, o país ainda enfrenta problemas relacionados à produtividade. E como podemos ter um país onde os salários aumentam mais que a produtividade?”, questionou.
Diferentemente do representante brasileiro, a economista chinesa Linxiu Zhang, vice-diretora do Centro Chinês para Políticas de Agricultura, assumiu que as desigualdades na China – país que forma com o Brasil, a Rússia, a Índia e a África do Sul o bloco conhecido como Brics – persistem. “Ainda falta alcançarmos a equidade no que diz respeito ao capital humano, ou seja, em relação à educação e à saúde”, disse Zhang.
“Em dez anos, nossa renda aumentou somente 10% e apenas 40% dos alunos do ensino médio de áreas rurais vão para a universidade. Nossos estudos também mostram que 40% dos alunos não completam nem sequer o ensino médio”, afirmou.
De acordo com a economista, “diferentemente de países que, com sucesso, conseguiram alcançar o status do crescimento com equidade – como Japão, Coreia do Sul, Taiwan, Irlanda, Nova Zelândia –, a China segue os passos de países que alcançaram o crescimento com alto nível de desigualdades – como a Argentina (nos anos 1950), Venezuela, Brasil e Chile (nos anos 1960/1970) e o México de hoje em dia”.
Outro tema abordado na mesa da qual participaram John Burn, Ricardo Paes de Barros e Linxiu Zhang foi a relação entre o aumento populacional e a desigualdade social. Os cientistas discutiram se o tratamento igualitário na solução do problema é que vai produzir a igualdade entre as pessoas ou se é o tratamento diferenciado do problema que vai fazer chegar à solução das desigualdades sociais. Os cientistas apostam na segunda alternativa.
“Depende de qual país estamos falando. A taxa de fecundidade no Brasil está em constante declínio e já se encontra abaixo do nível de reposição. Ou seja, em alguns anos seremos um país de idosos. Então, dependendo do país, há de se desenvolver políticas de redução ou de aumento populacional”, afirmou Barros.
“O tratamento para cada família deve ser diferente, porque elas têm necessidades diferentes”, avaliou Zhang.
O Fórum Mundial de Ciência 2013 é organizado pela Academia de Ciências da Hungria em parceria com a Unesco, o International Council for Science (ICSU), a Academy of Sciences for the Developing World (Twas), a European Academies Science Advisory Council (Easac), a Academia Brasileira de Ciências (ABC) e a American Association for the Advancement of Science (AAAS), com a missão de promover o debate entre a comunidade científica e a sociedade.
Mais informações: www.sciforum.hu
* Publicado originalmente no site Agência Fapesp.


quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Oriente Médio, terra fértil para empreendedoras


Emprendedoras RachelWilliamson IPS Oriente Médio, terra fértil para empreendedoras
Sarah Abunar (esquerda) e Rana Said, cofundadoras da EduKitten, empresa que vende aplicações de entretenimento educativo em árabe. Foto: Rachel Williamson/IPS

O Oriente Médio se converteu em um lugar mais propício para as mulheres empreendedoras do que a região norte-americana do Vale do Silício, epicentro da inovação e dos negócios, conforme sugere uma evidência que surpreende. A egípcia-norte-americana Yasmin Elayat, de 31 anos, nascida e criada no próprio Vale do Silício, disse à IPS que o ambiente de negócios no Oriente Médio era mais favorável do que o dos Estados Unidos e da Europa, quando, em 2011, começou a trabalhar em sua agora inativa empresa de mídia GroupStream. “É um ambiente mais estimulante para as mulheres empresárias. Há algo mais aqui, seja a cultura ou o ambiente”, afirmou.
De fato, a única vez que se sentiu menosprezada nos negócios por ser mulher foi na Europa, quando participou de um acampamento de capacitação de três meses em Copenhague para líderes de empresas startup (incipientes e de inovação). Ali, um empresário da Europa oriental ficou surpreso quando soube que Elayat não era uma simples funcionária da GroupStream, mas, nada mais nada menos, sua diretora geral. Em outra ocasião, após falar para uma audiência, um dos presentes dirigiu as perguntas ao cofundador de sua companhia, e não a ela.
Elayat integra o crescente grupo de mulheres no Oriente Médio e no norte da África que se aventuram nos negócios, embora seja difícil saber o número exato dessas novas empresárias. A última edição do Global Entrepreneurship Monitor (GEM), estudo feito por um consórcio de universidades, sugere que as mulheres desta região são as que contam com menos probabilidades de poderem iniciar seu próprio negócio.
A pesquisa mostra que apenas 4% das mulheres adultas do Oriente Médio e norte da África se consideram empresárias. Entretanto, o estudo não incluiu a informação de importantes centros de startups na região, como Jordânia, Líbano, Emirados Árabes Unidos e Catar, enquanto Israel foi estudado de forma separada. Na Jordânia asstartups lideradas por mulheres representam um terço do total, próximo à média mundial de 37%.
No Egito aproximadamente metade dos novos empreendimentos é encabeçada por equipes mistas, informou à IPS o empresário Hossam Allam, fundador do grupo de investimento Cairo Angels. Além disso, nas competições regionais de empreendedores, a presença de mulheres e homens é bastante equitativa. Na Competição de Startups Árabes, organizada pelo MIT Enterprise Forum em 2012, quase metade dos participantes era de mulheres, incluindo a ganhadora, Hind Hobeika.
A proporção de mulheres empreendedoras na região provavelmente oscila entre 15% e 20%. Isto é notável se considerarmos que, segundo o estudo GEM, 10% das mulheres adultas nos Estados Unidos estiveram envolvidas em alguma atividade empresarial em 2012, e apenas 5% na Europa. Há várias razões para o aumento do empreendedorismo feminino no Oriente Médio, e uma delas é o favorável ambiente para as startups.
Nos últimos três anos a região presenciou o surgimento de numerosas encubadoras de empresas (entidades que apoiam os projetos de novos empreendedores) e também de competições e organizações especificamente dirigidas às mulheres. Entre essas iniciativas estão o site de notícias sobre investimentos Wamda for Women, da plataforma empresarial Wamda, a Competição para Mulheres Empreendedoras, da incubadora de negócios libanesa Berytech, a Fundação Roudha na Jordânia, e o Programa de Empreendedorismo de Mulheres Árabes, da organização norte-americana Amideast.
Outras razões são o crescente acesso à educação e às oportunidades proporcionadas pela internet. O Banco Mundial afirma que agora há mais mulheres do que homens nas universidades do Oriente Médio. Elayat contou que ela era a única mulher da sala quando fez seu primeiro curso de engenharia informática nos Estados Unidos, mas quando passou para a Universidade Norte-Americana do Cairo constatou uma presença igual de homens e mulheres.
Yasmine el-Mehairy, a jovem cofundadora do site digital árabe Supermama, explicou que, em contraste com os baixos números de mulheres que estudam computação e engenharia no Ocidente, muitas árabes entram nesse tipo de carreira depois de apresentar boas qualificações na educação secundária. “As mulheres mostram maior esforço no secundário, e por isso conseguem boas qualificações, enquanto os homens estão mais interessados em brincar com PlayStation ou futebol”, afirmou. “É parte de uma seleção natural ir para as melhores universidades se você tem boa qualificação, e seguir as carreiras de maior prestígio”, como ciências e engenharia, destacou.
Ludwig Siegele, do semanário britânico The Economist, escreveu em julho que, provavelmente, o número de empreendedoras aumentará graças à internet, pois esta permite que as mulheres dirijam suas empresas em suas casas, e isso é extremamente vantajoso em países como a Arábia Saudita, onde é mal visto saírem para trabalhar. Porém, os desafios que enfrentam as empreendedoras no Oriente Médio são muito grandes, desde o cansaço diário até as frustrações pelos preconceitos arraigados em suas sociedades patriarcais.
Os painéis organizados este ano pela Wamda for Women no Cairo, Doha, Amã e Riad, ilustraram as dificuldades que as mulheres têm para levarem adiante seus negócios. Geralmente, os principais desafios têm a ver com enfrentar seus pares homens, superar os papéis estabelecidos e equilibrar a família com a responsabilidade do trabalho. Foi o que afirmou a também empresária jordaniana Fida Taher, fundadora do site sobre cozinha Zaytouneh.
“Primeiro, alguns homens se sentem intimidados diante de uma mulher forte”, disse a Chris Schroeder, autor do livroStartup Rising: The Entrepreneurial Revolution Remaking the Middle East (Surgimento das Startups: a Revolução Empreendedora Reconstrói o Oriente Médio). “Em segundo lugar – e tentarei soar o mais correto possível – acreditam que uma relação de negócios com uma mulher deve ser mais pessoal. Por fim, alguns homens subestimam as mulheres em geral e acreditam que não somos capazes de obter bons resultados”, acrescentou.
Sarah Abu Nar, de 28 anos, cofundadora da companhia egípcia EduKitten, que vende aplicativos de entretenimento educacional em árabe, contou suas experiências. A empresária disse que deve se esforçar para convencer investidores árabes de que pode dedicar aos negócios o mesmo tempo que dedicam seus pares homens. Mas, finalmente, decidiu adotar uma postura que seguem todas as empresárias com as quais a IPS conversou. “Não se deve perder tempo falando com as pessoas para convencê-las de que se é boa. Não gaste seu tempo fazendo isto, pois suas ações falarão melhor do que suas palavras”, enfatizou. Envolverde/IPS
(IPS)

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Rio lança programa de reciclagem de óleo em escolas públicas

por Redação da Agência Brasil

oleodecozinha Rio lança programa de reciclagem de óleo em escolas públicas
As escolas públicas do estado começaram a adotar, desde ontem (18), as medidas de reciclagem e de sustentabilidade ambiental previstas no Programa de Reaproveitamento de Óleos Vegetais (Prove). A iniciativa estimular a reciclagem do óleo de cozinha para o uso como matéria-prima na produção de sabão e de fontes de energia alternativas, como o biodiesel. O lançamento ocorreu no Colégio Estadual Brigadeiro Schorcth, no bairro da Taquara, zona oeste da cidade.
Ao todo, dez escolas participarão da primeira fase do projeto. Cada uma delas receberá uma unidade ambiental para recolhimento do óleo, chamadas de ecoponto. Nesses locais, os cidadãos poderão entregar o óleo já foi utilizado, além de tirar dúvidas sobre reciclagem e produção de fontes alternativas de energia.
No Colégio Brigadeiro Schorcth, a reciclagem de óleo proporcionou a três professores uma viagem pela América do Sul. A jornada foi a bordo de um carro Mercedes-Benz 58, movido a óleo de cozinha reciclado por alunos da instituição de ensino.
Os profissionais de educação percorreram 22.720 quilômetros, deste total, 8 mil quilômetros foram abastecidos com o combustível alternativo criado pelos estudantes. Durante 37 dias, os docentes visitaram 29 cidades do Uruguai, da Argentina e do Chile. O objetivo principal foi coletar dados para serem trabalhados com os alunos, abordando os temas nas diversas disciplinas a partir do material produzido pela expedição.
Segundo a Secretaria de Estado do Ambiente (SEA), atualmente a maior parte do óleo vegetal é despejada em ralos, comprometendo as tubulações dos edifícios e das redes de tratamento de esgoto. Nas regiões onde não há rede coletora, o óleo vai diretamente para os rios e lagoas, aumentando significativamente a poluição e a degradação ambiental. Essa prática causa prejuízos à população, às concessionárias de saneamento e aos governos.
Criado em 2008 pela SEA, em parceria com o Instituto Estadual do Ambiente (Inea), o Prove têm como principal objetivo reduzir o impacto ao meio ambiente provocado pelo despejo de óleo. Atualmente, para entregar o óleo já usado, a pessoa deve procurar os ecopontos instalados em postos de combustível ou nas cooperativas de reciclagem de lixo.* Edição: Marcos Chagas.** Publicado originalmente no site Agência Brasi

Micro e pequenas empresas mais sustentáveis. É possível?


sustentabilidadeempresas Micro e pequenas empresas mais sustentáveis. É possível?A sustentabilidade começa a determinar um padrão de funcionamento, desenho estratégico e controle nas grandes empresas, nas multinacionais e até em algumas empresas de médio porte. Porém, as micros e pequenas também podem ser consideradas sustentáveis? Onde mudar, quando trocar ou investir neste tema, que envolve tantas ações e projetos?
Atualmente, a área das micro e pequenas empresas – MPEs possui cerca de 12 milhões de potenciais empresários com negócios e contrata 15,6 milhões de pessoas com carteiras assinadas, conforme o Boletim Estudos e Pesquisa do Sebrae, de julho de 2013. O documento ainda mostra que a taxa de sobrevivência de empresas com até dois anos passou de 73,6%; nas criadas em 2005, para 75,6%, nas criadas em 2007. A taxa de sobrevivência é maior na indústria (79,9%) e na região Sudeste (78,2%).
Mas será que sobreviver ao tempo é o único indicador de sustentabilidade, uma vez que a empresa está se custeando financeiramente? Em uma pesquisa com este público, o Sebrae mostra que o conhecimento sobre o tema sustentabilidade e meio ambiente é médio, ou seja, de um universo de 3.912 entrevistados na pesquisa do ano passado,  65% pensam em sustentabilidade nas MPEs.
Por outro lado, deste total somente 12% declaram entender muito sobre o assunto e 25% entendem pouco. Mas quando questionados sobre qual é o grau de importância que as empresas deveriam atribuir à questão do “meio ambiente”, 75,2% respondem que deve ser de alta importância.
Então se o tema tem importância, como trazer o assunto para o dia a dia e modificar alguns “vícios” da gestão antiga? O Instituto Ethos e o Sebrae, em conjunto, criaram os indicadores de responsabilidade social empresarial para micro e pequenas empresas, que servem como um diagnóstico de autoanálise do empreendimento. Respondendo as perguntas sugeridas no documento e buscando as informações quantitativas para as comparações anuais, as MPEs terão um panorama dos pontos a melhorar e a visão de projetos a serem desenvolvidos.
Mas sabemos que não é tão simples assim. Na vida real, este empreendedor tem real consciência de que precisa arranjar tempo dentro do seu dia atribulado para responder, pensar e modificar as suas ações mais sustentáveis.
No entanto, se este empreendedor realmente entender que o tema da sustentabilidade inserido no seu cotidiano não está somente atribuído às vertentes sociais e ambientais, mas que a questão financeira é essencial, valorizará ainda mais o tema. A pesquisa do Sebrae ainda mostra que quase a metade dos entrevistados (46%) acha que a questão da sustentabilidade representa oportunidade de ganhos para a sua empresa, o que corrobora a necessidade de um entendimento maior sobre o tema.
Um caso que ficou famoso é de uma pequena fornecedora de um grande banco que passou por uma capacitação sobre o tema e resolveu abraçar a causa. A empreendedora, dona de uma empresa de motoboys, resolveu melhorar o seu indicador social no que se refere a público interno e começou a conceder benefícios de saúde e qualidade de vida aos seus funcionários. Além de registrar oficialmente toda a sua frota de portadores. Isso fez com que o seu turnover diminuísse, reduzisse as dispensas médicas, o absenteísmo e a empresa começou a ter melhor rentabilidade financeira. Com isso, começou a pegar mais serviços com outros clientes que valorizavam a questão da sustentabilidade e que também ficaram satisfeitos com a diminuição de possíveis riscos sociais e trabalhistas.
Outra maneira desta MPE ser mais sustentável é ela já nascer com este fator nos seu DNA ou no seu produto e/ou serviço. O painel de práticas iniciativas sustentáveis do Centro Sebrae de Sustentabilidade mostra diversas histórias de empreendimentos que foram concebidos ou adaptados para os temas e indicadores que buscam o desenvolvimento sustentável. Como o caso da JS Metalurgia que reduziu 10% dos custos mensais da empresa e aumentou 5% do faturamento com práticas sustentáveis, que ainda geram novos produtos. Ou o caso do Restaurante de Vilhena, em Rondônia, que transforma resíduos alimentares em adubo orgânico para ser usado na plantação de hortaliças e legumes. E, além disso, educa o cliente sobre o consumo consciente, cobrando menos de quem não deixa sobras nos pratos.
Existem muitos exemplos, mas se inspirar e sair da inércia do nosso dia a dia para buscar uma real transformação é muito difícil para o ser humano em geral. Porém, estes empreendedores possuem muita energia e isso faz com que eles tenham destaque. Focando esta energia para uma atuação diferenciada, já é um bom começo e, assim aceitar e trabalhar com sustentabilidade como um novo desafio é o caminho para a real transformação.
Marcus Nakagawa é sócio-diretor da iSetor, professor da ESPM e idealizador e presidente do conselho deliberativo da Abraps e palestrante sobre sustentabilidade.

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

COP19: O planeta nos foi emprestado



Varsóvia, Polônia – Terminou, no último sábado (16), o quarto dia das negociações na COP19 e os ares estão inflamados, seja dentro como fora do Narodowy Stadium. Termina também o “Young and Future Generations Day”.
Os jovens demonstram ser, seguramente, um dos grupos mais ativos e propositivos dentro da Conferência. Sua posição no interior das negociações, de qualquer forma, é difícil: devem fazer ouvir sua voz concorrendo com outros “stakeholders” que podem se permitir uma atividade de “lobbying” mais organizada e financiada.
São muitos os temas levados pela Youngo (UNFCCC constituency of youth non-governmental organizations), mas um está à frente de todos em importância: o princípio da equidade intergeneracional (sancionado seja na convenção do Rio como no Relatório Brundtland). É a ideia segundo a qual as atividades em curso não devem comprometer o bem-estar ou os direitos das gerações futuras, constituindo, sem dúvida, o fundamento jurídico e moral de fundo em qualquer acordo sobre a mudança climática.
Seguem algumas das atividades organizadas pelos jovens durante o sábado:
Por volta das 9.30 da manhã, depois do compromisso cotidiano do “spokescouncil” da Youngo, um grupo de jovens, vindos de vários países, decidiu organizar uma ação demonstrativa: com fitas adesivas sobre a boca e um cartaz no pescoço, no qual se faz projetava a data de nascimento de uma futura criança, eles ficaram em pé, imóveis, por aproximadamente meia hora. O que pediam é que o tema fosse inserido na agenda da COP, reafirmando o princípio de equidade intergeneracional já presente na ADP (Durban Platform for Enhanced Action). Enfim, que todas as promessas e compromissos no âmbito do acordo fossem baseadas em modelos econômicos sem “taxa de desconto” (que, se considerada, levaria a uma análise distorcida dos custos dos impactos ambientais futuros).

À tarde, a maior parte das atividades se concentrou na sala Krakow. Nela aconteceu o Side Event sobre Intergenerational Inquiry organizado pelo Secretariado do UNFCCC: uma plataforma que permite a jovens delegados, provenientes de todo o mundo, realizar uma interface com os principais agentes que se movimentam no interior da arena intergovernativa da COP. A sexta edição se concentrou sobre o princípio da equidade intergeneracional como pressuposto fundamental para perseguir a justiça climática e alcançar um ambicioso acordo  para 2015.
Assim os jovens tentaram lembrar às partes presentes à Conferência um princípio que pode ser retomado com um velho provérbio indígena da América: “Não temos esse mundo como herança de nossos pais, mas emprestado a nossos filhos”. Esperamos que os delegados se lembrem disso durante as tratativas!(Agência Jovem de Notícias) por Daniele Saguto e Giovanni Cunico, da Agência Jovem de Notícias, Especial para Envolverde



Fábricas chinesas procuram maior eficiência energética


As fábricas chinesas querem ser mais verdes e mais eficientes no seu desenvolvimento futuro devido à crescente pressão na procura de recursos e aos custos energéticos, disse o vice-presidente do ministério da Indústria e Tecnologia da Informação, Su Bo, durante uma feira industrial em Shangai.

“70% das cidades chinesas não conseguem atingir o novo padrão definido para a qualidade do ar”, evidenciou o alto funcionário do ministério, explicando que o “crescimento verde e de baixo carbono será a direção do futuro desenvolvimento do setor manufatureiro de produtos de gama alta”.

Este setor é “grande mas não é forte”, segundo Hu Chunmin, um investigador do Centro de Informação do Desenvolvimento Industrial, que diz que a taxa de utilização da capacidade está abaixo dos 75% na China - significando que mais de um quarto da capacidade industrial está inativa.

A procura de novas tecnologias para o setor e o encorajamento das grandes empresas à internacionalização para uma maior presença na cadeia global de valor serão esforços futuros, segundo Su Bo.

“A China está na transição de uma ´fábrica manufatureira` para uma ´potencia manufatureira` por estar focada em produzir produtos de valor em vez de produtos de baixo custo”, disse o presidente do setor industrial chinês da Siemens, Marc Wucherer, acrescentado que as empresas do setor devem considerar a eficiência energética primeiramente ao nível dos equipamentos.

A China contribui 20% para o total de produção industrial mundial, de acordo com o Centro de Informação do Desenvolvimento Industrial, e emprega 100 milhões de trabalhadores neste setor. 

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Bicicletas feitas de impostos


Você sabia que 72,3% do valor da sua bicicleta é imposto? Esse dado assustador é parte de um estudo realizado por uma consultoria para a rede Bicicleta para Todos. Foi assim dada a largada em uma corrida contra os altos impostos aplicados sobre esse tipo de modal: a rede Bicicleta para Todos conta, já no início de sua operação, com mais de 120 entidades e empresas que buscam ampliar o acesso de brasileiros à bicicleta, seja como meio de transporte, lazer ou prática esportiva.

Os números falam por si: o Brasil é o 3º maior produtor de bicicletas no mundo, perdendo apenas para a China e para a Índia. Mas quando os dados vão para o consumo per capita, a queda é brusca. Vamos para a 22ª colocação, o que significa um mercado emergente e um potencial de crescimento enorme. Mas esse crescimento é claramente prejudicado pela alta incidência de impostos, que recai principalmente em brasileiros que têm renda familiar de até R$600 – um terço dos que utilizam a bicicleta como meio de transporte no Brasil.
As saídas existem e não são tão distante daquelas que já são aplicadas aos automóveis, por exemplo. A isenção do IPI (Imposto sobre produtos industrializados) para bicicletas, elevaria o consumo formal de bicicleta em 11%. Isto significaria mais bicicletas nas ruas, mais qualidade de vida, menos congestionamentos e, ainda, maior arrecadação para os cofres públicos.
Colabore com a mobilidade urbana de sua cidade: repense seus hábitos, cobre seus direitos e saia pedalando por aí!* Publicado originalmente no site Greenpeace. Por Danielle Bambace


terça-feira, 12 de novembro de 2013

“Vendi minha irmã por US$ 300”



por Annabell Van den Berghe, da IPS
zaatari640 “Vendi minha irmã por US$ 300”
Esta rua, que atravessa o acampamento de refugiados de Zaatari, na Jordânia, recebeu o nome de Campos Elíseos. Homens árabes se aproximam para comprar virgens. Foto: Liny Mutsaers/IPS

Acampamento de Zaatari, Jordânia, 8/11/2013 – Amani acaba de completar 22 anos. Há dois meses abandonou sua casa em Damasco para fugir da guerra civil síria. Após uma viagem perigosa que demorou toda a noite, chegou a Zaatari, o acampamento de refugiados na fronteira da Jordânia, onde já há um ano viviam seus pais e duas irmãs. Em Damasco, Amani viveu com seu marido e cinco filhos em um apartamento em plena cidade velha. Como muitas sírias, se casou quando ainda era menina.
Acabava de completar 15 anos quando encontrou o homem de seus sonhos e decidiu casar. “Na Síria as coisas são diferentes”, disse à IPS. “As jovens se casam muito cedo; é uma tradição. Mas isso não significa que todas se casam com estranhos. Eu escolhi meu marido e ele me escolheu. Não poderíamos ter sido mais felizes do que quando estávamos juntos”, enfatizou. Depois de ter seus cinco filhos, a guerra civil estourou no país que ama, mas cujas políticas considera injustas e cujo governo lhe parece ser corrupto.
Viver na capital, que ainda está sob o controle do presidente Bashar al Assad, não lhe facilitou as coisas. Seu marido pegou em armas desde os primeiros dias da revolta armada e se integrou ao Exército Livre Sírio. Logo se converteu em líder de um dos maiores batalhões que combatiam o regime em Damasco. A própria Amani combatia em fileiras rebeldes, apesar dos cinco filhos para cuidar. “As mulheres são tão fortes quanto os homens, mas às vezes somos mais estratégicas. Um não pode funcionar sem o outro”, pontuou.
Contudo, um ataque contra seu apartamento matou seu marido e quatro filhos. Amani escapou e só conseguiu salvar sua filha mais nova. “Quando ouvi que se aproximavam os aviões do regime, escondi minha filhinha debaixo da pia da cozinha. Cabia certinho no pequeno espaço que havia junto ao lixo. Era apenas um bebê. As outras crianças tinham corrido para o pai em busca de proteção. E eu, cheia de pânico e para ver o que estava ocorrendo, corri para a rua”, contou Amani. “Segundos depois de chegar à rua, uma explosão destruiu todo apartamento. Entre os escombros só consegui encontrar minha pequena”, completou.
Depois da tragédia, Amani fez a perigosa viagem de Damasco até o acampamento de refugiados. Mas a vida em Zaatar absolutamente não foi um alívio. “Estamos fechados como macacos em jaula. Tão logo se entra no acampamento, já não há como sair”, ressaltou. O acampamento está superpovoado. Um mar de barracas de campanha ocupa 3,3 quilômetros quadrados e abriga 150 mil refugiados, três vezes a quantidade para a qual foi construído há quase dois anos.
O assentamento, em meio a um árido deserto, sofre tempestades de areia e doenças. A pouca ajuda humanitária não chega a todas as pessoas que dela precisam. Os que querem pão ou cobertas para se proteger do frio têm de comprá-los dos que recebem essa ajuda gratuitamente e depois a vendem ilegalmente. No acampamento se consolidou uma economia clandestina. A luta pelos alimentos é feroz, e só uns poucos afortunados ganham dinheiro suficiente para manter uma família.
“Trabalho sete dias por semana, pelo menos dez horas por dia, para uma organização não governamental que cuida das crianças menores do acampamento. Depois de trabalhar uma semana inteira, recebo US$ 3. Com uma mãe doente, um pai idoso e um bebê para cuidar, essa vida é insustentável”, lamentou Amani. “Minha irmã mais velha e seu marido ainda têm todos os filhos, graças a Deus, mas isso significa cinco bocas a mais para alimentar”, destacou.
Alimentar uma família de dez integrantes com apenas US$ 3 por semana é impossível.  Amani trouxe sua irmã mais nova, Amara, para que trabalhasse na mesma organização não governamental. Mas duplicar a renda não foi suficiente para manter a todos. Havia apenas uma maneira de obter dinheiro rapidamente, um caminho que muitas famílias já haviam seguido antes de Amani: vender uma das moças. Amani vendeu sua irmã Amara, de 14 anos, para uma espécie de casamento.
Trata-se, nem mais nem menos, da venda de mulheres virgens. “Na Síria não é raro se casar aos 16 anos. A maioria dos homens árabes sabe disso e frequentemente viajam à Síria em busca de uma noiva jovem. Nesses dias vêm buscá-las nos acampamentos, onde quase todos estão desesperados para partir”, apontou. “Vi jordanianos, egípcios e sauditas passando pelas barracas em busca de uma virgem para levar consigo. Pagam US$ 300 e obtêm a menina de seus sonhos”, acrescentou.
Amani alega que não teve opção. “Eu sabia que ela não estava namorando, mas também sabia que ele cuidaria dela. Teria vendido a mim mesma, mas Amara era a única virgem em nossa família. Tivemos que vendê-la para que o restante da família sobrevivesse. O que mais podia fazer?”, perguntou.
Foi assim que Amara se casou com um saudita que passou por sua barraca e pediu sua mão ao seu pai. Isso foi depois de ter conhecido Amani, que lhe falou do desespero financeiro da família e de sua irmã mais nova, que ainda não haviam casado. Com esse matrimônio, Amani obteve uma quantia vital para manter sua família, pelo menos por agora. Envolverde/IPS
(IPS) 

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Tráfico ilegal de madeira gera receitas de até US$ 100 bilhões por ano


O Programa da ONU para o Meio Ambiente, Pnuma e a Organização Internacional de Polícia Criminal, Interpol, estão chamando a atenção para os impactos dos crimes ambientais.
As agências citam estudos afirmando que o tráfico ilegal de animais e de madeira pode ajudar a financiar o terrorismo e o crime organizado pelo mundo.
Elefantes
Segundo o Pnuma, só o tráfico ilegal de animais selvagens, como elefantes, rinocerontes e tigres, gera lucros entre US$ 15 e US$ 20 bilhões por ano, ou até mais de R$ 45 bilhões.
Em 2011, pelo menos 17 mil elefantes africanos foram assassinados, reflexo do aumento do tráfico ilegal de marfim. E a apreensão de pacotes com mais de 800 kgs de marfim, que tinham como destino a Ásia, mais que dobrou nos últimos cinco anos.
No começo do ano, uma ação da Interpol na África prendeu 66 pessoas e apreendeu mais de 4 mil produtos feitos com marfim ilegal.
Madeira
Sobre o comércio ilegal de madeira, o Pnuma e a Interpol afirmam ser um mercado que vale entre US$ 30 e US$ 100 bilhões por ano. Em fevereiro, a Interpol fez uma operação em vários países da América Latina, incluindo o Brasil, que resultou em 200 pessoas presas e na apreensão de 150 veículos com madeira.
As duas agências também destacam que a pesca ilegal responde por 20% do total de peixes pescados no mundo. Os números são da WWF. A Interpol lançou este ano o “Projeto Escala”, para combater crimes no setor e garantir o cumprimento de leis nacionais.
Lixo Eletrônico
Outro crime ambiental que gera preocupação é o desvio de lixo eletrônico para o mercado negro, para evitar os custos associados com a reciclagem.
No ano passado, uma operação de combate ao comércio ilegal de lixo eletrônico apreendeu 240 toneladas de equipamentos, como televisores e computadores, e investigou 40 empresas envolvidas no crime.
Foram feitas vistorias em portos da Bélgica, Alemanha, Holanda e Grã-Bretanha, região considerada fonte de lixo eletrônico que segue para outras partes do mundo. A Interpol também verificou portos no Gana, Guiné e Nigéria, países que são destino desse lixo.
O diretor do Pnuma, Achim Steiner, sugere aos países que melhorem os serviços de inteligência, o trabalho da polícia e reforcem a capacidade das alfândegas para diminuir o índice desses crimes.
A Interpol e o Pnuma debatem os impactos e possíveis soluções para os crimes ambientais até sexta-feira, em uma reunião em Nairobi, no Quênia.
* Publicado originalmente no site Rádio ONU.
(Rádio ONU)