sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Snowden e a canalhice americana

Cada vez mais a soberba americana mistura-se à hipocrisia nonsense, num caldo de prepotência digno de quem se acha o dono mundo. 

Afirmei, aqui mesmo, em 20/7, em artigo intitulado “Snowden e a sustentabilidade mundial”, que dentre as várias razões divulgadas para a espionagem oficial Yankee, uma era o roubo de informações privilegiadas visando a questão comercial.  Disse, também, que o Sr. Snowden prestava um serviço ao mundo digno de herói. 

Até agora não tivemos qualquer explicação plausível que contente as justas preocupações tupiniquins.  Estou convencido de que o que vem ocorrendo é um crime de lesa-pátria, pois espionar com intenções comerciais é o mesmo que obter informação privilegiada não autorizada, ou seja, é trapacear, é fraudar, é burlar, é dolo. 

Com a ajuda do jornalista Glenn Greenwald, o assunto vem sendo apresentado em doses homeopáticas e inesgotáveis.  Passados, aproximadamente, cinquenta dias daquelas afirmações, estou cônscio de que a verdade está longe de ser dita.  Se é que virá!

Para um país como o Brasil, que não tem tradição de guerras e enfrentamentos, é importante termos consciência de onde estamos pisando e até onde podemos ir, pois de nada adiantarão bravatas que não se sustentem.  Portanto, deixemos a questão da soberania para ser tratada no campo diplomático e o comércio internacional nos respectivos organismos e entidades que representam a questão: ONU, OMC, Tribunal de Haia e por aí vai.  Procurando, sempre, buscar parceiros para alargar a teia de países apoiadores de nossas teses.

Mesmo que ações mais fortes sejam inviáveis de ser adotadas, é importante marcar posição e exigir que o assunto seja discutido por organismos internacionais, estabelecendo, quem sabe, um novo marco digital mundial, tão sonhado e necessário. 

O Brasil, hoje - diferente de alguns países que se opõem aos interesses norte-americanos e são rechaçados por uma mídia quase sempre aliada -, tem cacife e respeito internacional suficientes para descortinar toda a canalhice de que vem sendo alvo.

Falar grosso, sim.  Não seria má ideia iniciar a conversa alijando de toda e qualquer licitação realizada em solo brasileiro - até que o episódio seja devidamente esclarecido -, empresas dos cinco países aliados na espionagem (EUA, Canadá, Austrália, Nova Zelândia e Inglaterra).

Voltando um pouquinho no tempo, é bom não esquecer que entre os casos mais recentes envolvendo grandes compras nacionais, estão os 36 caças de R$ 10 bilhões que o Brasil empacou e ainda não decidiu de quem comprar, se de suecos, franceses ou americanos.  E, ainda, toda a discussão acerca do pré-sal e os novos leilões que estão para ocorrer.  Quantos bilhões envolvidos? 

Em um mundo cada vez mais carente de atitudes sustentáveis, de necessidade de mudanças no padrão de consumo, olhar para o futuro do Planeta pode significar ignorar, mesmo que temporariamente, nosso parceiro comercial mais importante, afinal, a sanha capitalista americana não tem limites, não tem ética.  Nesse jogo imoral de cartas marcadas, onde o lema é vencer ou vencer, o Brasil tem o importante papel de, com coragem, iniciar um novo ciclo nas relações comerciais internacionais.  Mais ético, sustentável e humano.

Abraços sustentáveis

Odilon de Barros