segunda-feira, 15 de julho de 2013

Turismo sustentável no Rio: um sonho possível

Turismo sustentável no Rio: um sonho possível

Morador de uma das cidades mais belas do mundo, e lá se vão cinqüenta e cinco anos, não raro nos surpreendemos com a beleza de nossa Cidade Maravilhosa. Foi o que aconteceu comigo no fim de semana.  Sabedor de minha paixão pela sustentabilidade, fui convidado pelo amigo Fernando Perrone para um giro de barco pela Lagoa Rodrigo de Freitas.  Até aí vocês podem estar se perguntando: mas o que esperar de diferente em um passeio de barco como esse?

Sabe aqueles dias em que tudo parece conspirar para acontecer da melhor maneira possível?  Ao chegar ao Estádio de Remo, um belo sol de inverno já brilhava no céu.  Mães passeavam empurrando carrinhos com seus bebês a bordo, remadores solitários ou em grupo arrumavam os últimos detalhes de seus barcos antes de colocá-los dentro d’água para mais um dia de treino.  Enfim, um dia perfeito.

Avistei o pessoal no ponto de encontro marcado e caminhei lentamente até o local, aproveitando ao máximo aquele velho visual da Lagoa, tão castigado quanto novo para mim.  Pela primeira vez estava prestes a entrar em um barco totalmente sustentável, emissão zero. 


Após ser apresentado ao Diretor da empresa Holos Brasil, Lorenzo de Souza, o responsável pelo projeto iniciou suas explicações enquanto movimentava lenta e silenciosamente o futuro ônibus escolar da comunidade de Santa Rosa, no sul do Pará. 

Foto: Fernando Perrone e Lorenzo de Souza 


O projeto teve o apoio do Ministério da Ciência e Tecnologia, da Eletrobras, que cedeu as dezoito placas fotovoltaicas que captam a energia solar e cobrem a embarcação, da WEG, que forneceu os dois motores que praticamente nunca são ligados e, ainda, CNPQ, Universidade Federal de Santa Catarina, Fotovoltaica e Ideal.

Com sua capacidade máxima de vinte e duas pessoas a bordo ocupada, sentia uma sensação boa, capaz de tranquilizar e captar, nos mínimos detalhes, a beleza daquele santuário, mesmo tão degradado e desrespeitado. Ouvia o barulho do silêncio (se isso é possível) e uma paz incomum.  Torcia para o tempo não passar.  Afinal, ver tudo aquilo ao contrário do que estava habituado em meu dia a dia, não tinha preço.

Extasiados, os convidados tiravam fotos sem parar.  E, diferente de embarcações a motor, em que a água fica muito mexida, no caso do barco da Holos – fabricado em fibra de vidro, que também compensa e economiza energia pelo pouco peso que tem -, o que forma é uma esteira suave sobre a superfície mantendo a água quase sem se movimentar, ou seja, não balança.



Com uma velocidade de até 18km/h/10 nós, o que lhe garante até três horas de autonomia, as trinta e seis baterias (dezoito para cada motor), levam até dois dias para carregar completamente.  O projeto custou cerca de R$ 400.000,00 e ainda nesse semestre o barco viaja para atender uma comunidade carente na Amazônia, levando e buscando crianças na escola.  Servirá, também, para ajudar os moradores locais, pescadores em sua grande maioria, a não venderem seus produtos (com medo que apodreçam), por qualquer valor para intermediários, pois a Vila onde moram não tem luz elétrica. 

Como um sonho bom, desperto para a dura realidade ao nos aproximarmos do cais.  Fico a imaginar que seu uso seria uma opção turística simples para as lagoas do Rio (Rodrigo de Freitas, Marapendi e Jacarepaguá, por exemplo).   E mais bem estudada, se transformar até em um transporte modal integrativo verde.

Com os grandes eventos se aproximando - Mundial e Olimpíadas -, carimbaríamos o passaporte de metrópole sustentável.  Em tempos de cobranças por melhor mobilidade urbana, fica essa boa iniciativa como ideia a ser desenvolvida, quem sabe, por uma parceria público-privada.

Abraços Sustentáveis

Odilon de Barros


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