sábado, 20 de julho de 2013

Snowden e a sustentabilidade mundial


Apesar de sabermos que a espionagem no mundo é milenar e transcende Estados, sua prática não é sustentável, ao contrário, por atuar à margem da lei, quem a pratica se beneficia de informações privilegiadas que em tese não deveria ter acesso.  Geralmente, a segurança nacional, por conta das ameaças de terrorismo e o comércio exterior são as áreas mais bisbilhotadas.  Certeza apenas uma, é crime. 

Por isso, não tenho dúvidas em afirmar que Edward Snowden está prestando um serviço digno de herói ao mundo.  Em sua carta aberta divulgada na semana que passou, ele acredita no princípio declarado em Nuremberg, em 1945: “ indivíduos têm deveres internacionais que transcendem as obrigações nacionais de obediência.  Portanto, cidadãos têm o dever de violar leis nacionais para prevenir crimes contra a paz e a humanidade”. Além disso, segundo afirma, não recebeu qualquer quantia em dinheiro por conta das informações passadas aos jornais e tampouco se aliou a governos.  Acredito em sua história, pois se verdade não fosse o Império já o teria desmascarado.

A princípio, o imbroglio “Snowden” chegou às manchetes internacionais por dois nítidos motivos:  1- roubo e divulgação de informações de dados ultra sigilosos referentes à segurança dos EUA e, 2- já considerado um fugitivo americano e pressionados, Portugal, Espanha, França e Itália, se negaram a permitir a passagem pelo espaço aéreo do avião que levava o presidente boliviano, Evo Morales.

Mesmo cônscios da capacidade transgressora norte-americana quando o assunto diz respeito a seus próprios interesses, o ato causou (e ainda causa) indignação e repúdio de boa parte da comunidade internacional e entidades de direitos humanos mundo afora, pois não fora cometido apenas contra um Estado soberano, no caso a Bolívia, mas contra toda a América Latina. Uma afronta inadmissível que deve ser respondida em tom cubano de outrora pelo coletivo de nossos países se pretendemos algum dia ser olhados com  respeito.

Se ainda assim quisermos imaginar que o ocorrido não fora um ato que atentou contra a soberania nacional de bolivianos e demais países sul americanos, faz-se necessário um pequeno exercício: o que aconteceria com a Nação que ousasse interceptar, não autorizasse a passagem ou pouso do Air Force One em qualquer parte do globo terrestre?

Mesmo sem o quilate de ousadia dos americanos, os países europeus que não autorizaram a passagem da comitiva presidencial boliviana, também cumpriram importante e vergonhoso papel na cena internacional: o da subserviência, pois ao concordarem com a intimidação ianque, demonstraram ao mundo (de uma maneira muito pior) que não são aliados mas capachos dos interesses absurdos e desmedidos dos EUA.  E pior, lhes falta SOBERANIA.

Ao tratar Snowden como traidor e informante e intimidar os países que ensaiem acenar com a possibilidade legítima e soberana de asilo, o que fica patente na ação norte-americana é o desvio das atenções do mundo para o crime que vem sendo cometido há anos.

Aos poucos, porém, luzes parecem acender no fim do túnel.  Essa semana, em carta conjunta endereçada a Obama, as gigantes Google, Microsoft, Facebook, Twitter, Apple, entre outras, solicitaram ao Congresso e ao presidente mais transparência.  O texto, de acordo com o site “All Things Digital”, pede que as companhias possam ter a liberdade para revelar quantas solicitações de informações receberam da NSA sobre seus usuários; autorização para dizer quantos indivíduos foram investigados; permissão para detalhar se foi pedido acesso ao conteúdo das comunicações, além de um relatório periódico feito pela própria NSA.

Óbvio que por trás dessas solicitações, a questão comercial e o medo das empresas  perderem seus gordos rebanhos é o que fala mais alto.  Em um mundo onde a confiança é a base de tudo, onde com um clique conectamos rapidamente milhões de pessoas, onde o futuro parece ser sempre agora, não é bom brincar de dominó. Afinal, além das informações que possuem, que outro ativo essas gigantes têm além das pessoas?  Se conseguirmos parir, com pressão uma legislação digital mundial mais confiável, já terá valido à pena.

Por isso, defendo resolução conjunta dos países do Mercosul para um asilo coletivo de nossos países a Edward Snowden.  E que os documentos em seu poder sejam estudados e amplamente divulgados. 

Nosso Planeta passa por desequilíbrios os mais diversos e cada vez maiores.  A agenda mundial é clara: guerras por água e alimentos, crises econômicas e sociais mais intensas, falta de emprego.  Tudo por conta da ganância do homem. 

Todas as vezes que o Império balançou, as ações vieram de pequeníssimos países, Cuba e Vietnã, por exemplo, Bin Laden e o inacreditável e impensável 11 de setembro, e, agora, Edward Snowden.  O mundo deveria estar olhando mais atentamente para esses documentos.  Não está!  Quem sabe neles encontramos a porta de entrada para um novo mundo. Seja como for, obrigado pela tentativa SNOWDEN.


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