terça-feira, 30 de julho de 2013

Papa Sustentável


Republiquei  propositalmente o bom artigo do jornalista André Trigueiro, que admiro, intitulado “Papa fez história, mas não falou de sustentabilidade” para conversarmos um pouco sobre suas afirmações.

Fé e crenças à parte, é apenas uma outra leitura que fiz sobre o mesmo tema.  E como o assunto me apraz, explico os motivos.  

 

Quando o Papa, apesar de toda comitiva de segurança estar em carros luxuosos, preferiu andar em um modelo básico, sem ostentação, estava passando o recado que é possível, mesmo que possamos desfrutar de coisas mais requintadas, viver uma vida digna de forma simples; quando o Papa instigou jovens a irem para as ruas, contra a corrente, serem revolucionários e felizes, estava passando a mensagem de romper barreiras por um mundo melhor; quando o Papa declarou que é chegada a hora de pararmos com o consumismo desenfreado e desnecessário, estava dando o recado claro que nosso Planeta não suporta mais este modelo insustentável de ser; quando o Papa declarou que não entende como governantes  podem dormir tranquilos sabendo que existem sob sua responsabilidade cidadãos que passam fome e não têm educação, estava falando claramente em desigualdade, pobreza e falta de oportunidades, o que, também, é falar sobre sustentabilidade; quando o Papa declarou que não podemos mais viver sobressaltados com a queda de três ou quatro pontos percentuais nas bolsas de valores mundo afora, era porque enxergava ali que o foco para uma melhor qualidade de vida teria que ser o capital humano e a felicidade, não apenas seu lado financeiro.  Estava sinalizando que o importante é dar valor à vida e não ao dinheiro, o que, também, é sustentável.


Por isso, caro André Trigueiro, acredito que o que tenha sentido falta nos vários discursos do Papa seja a sustentabilidade explícita, o que concordo.  Mas não podemos ignorar, e aí discordo do título de seu artigo, que mesmo indiretamente, porém de forma bastante clara, o Pontífice tenha dado sinais que o mundo precisa mudar.  E rápido.

Se a Igreja Católica até pouco tempo atrás parecia insensível ao não ouvir a voz das ruas e vinha perdendo parte de seu rebanho, que clamava por mudanças que não ocorriam, agora, renovada após a eleição do Papa Francisco, é ela que pauta a agenda mundial ocupando espaços deixados por governos, partidos e políticos insensíveis às necessidades da humanidade.  

Semana passada li em algum periódico a entrevista de um integrante do “Anonymous” que declarou com clareza impressionante que a grande sacada do movimento são as “causas” que afligem as populações e perduram sem resolução há décadas.  São elas as grandes estrelas de hoje e reúnem multidões de pessoas mundo afora.  Disse, ainda, que a hora que as pessoas entenderem isso, será uma revolução.  Ou seja, pela ótica do movimento devemos ignorar direita ou esquerda, partidos e políticos e lutar por “CAUSAS”.

Se governos, políticos e partidos não entenderem ou não acreditarem nessa nova realidade de fazer política, corremos o risco (sustentável) de presenciar uma inacreditável aliança por mudanças na ordem econômica mundial, impensável até então, comandada por movimentos anônimos e a igreja. 

Abraços sustentáveis

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