quarta-feira, 24 de julho de 2013

Descaso Insustentável


Por mais que o Prefeito Eduardo Paes venha a público se desculpar e ratificar o coro da falta de preparo dos gestores que cuidam do transporte público no Rio, o que se viu ontem e hoje, 23 e 24 de julho, por conta da JMJ, é inaceitável, inadmissível e, logico, insustentável.  Para uma cidade que sediará o Mundial em 2014 e Olimpíadas em 2016, o caos só não acabou em tragédia porque as manifestações, por obra e graça dos céus, estão dando um tempo. 



Não estamos preparados para eventos dessa natureza, definitivamente, não.   O que vi na saída do trabalho e volta pra casa foi estarrecedor sob todos os pontos de vista.  A começar pelo tempo que levei para chegar em casa: 3 horas e meia.  Saí do trabalho e senti imediatamente um clima  estranho, com pelo menos duas ou três vezes a mais o número de pessoas na rua do que vejo nas ruas, cotidianamente.  Fui para o ponto do ônibus e pensei: hoje teremos mais transporte pois, além do número normal de trabalhadores, têm peregrinos indo para a missa inaugural da Jornada, para o encontro no hospital do Papa com a população.  E o ponto do BR3, na Av. Rio Branco, só enchia e nada.  Ontem e hoje.

Após vinte e cinco minutos, eis que surge o esperado “309”, e uma multidão corre para entrar.  Já saímos do ponto com gente saindo pela janela.  Ligo o rádio e fico sabendo que todas as linhas do Metrô acabavam de ser fechadas (hoje fechou a da São Francisco Xavier).  A essa altura o trânsito já era catastrófico.  Com as entradas de Copacabana fechadas, os únicos acessos para a Barra eram a Lagoa e Botafogo, ou então, Linha Amarela ou Alto da Boa Vista, para quem estava de carro.  A cada ponto mais peregrinos entravam.  O rádio avisava para ninguém ir para as estações de trem. 

Legiões de pessoas com bandeiras, camisas, sotaques, brancos, pretos, amarelos, entravam e saíam do meu coletivo, se revezando como se a cidade fosse uma só festa.  E aí pergunto:  à parte o problema do Metrô, que por si só já tornava a cidade com sua capacidade esgotada, será que nossos secretários de transportes, Prefeito, Governador, todos, não imaginaram que o Rio estaria recebendo cerca de um milhão de pessoas extra nesta semana?  Mais, ao imaginar isso ( se é que eles imaginam alguma coisa), não seria o caso de ordenar a quem de direito para colocar toda a frota de coletivos na rua durante esse período?

Fica a certeza de que, de verdade, não estamos preparados, não estamos passando no  teste do transporte público, pois, além do péssimo cartão de visitas dado quando da chegada do Papa ao Rio, onde, declaradamente, o Sr. Secretário Carlos Osório afirmou não ter conhecimento prévio do caminho tomado pela caravana Papal, agora vimos que o caos está instalado. 

Pra quem acredita em milagre, fica a torcida.

Abraços sustentáveis



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