segunda-feira, 17 de junho de 2013

4 MESES DENTRO DE UM COLETIVO
A (i)mobilidade urbana e a irresponsabilidade do transporte público no Brasil
 
Noventa e sete dias ou 4 meses e 9 dias de trabalho. É o tempo que gasto em engarrafamentos e dentro de coletivos na cidade do Rio diariamente.  Parece absurdo, e é.  Esse, também, o resultado do descaso e falência do Estado e da falta de políticas públicas no setor de mobilidade urbana, que obriga, em sua grande maioria, cidadãos comuns, empresários do setor e governos a perderem todos, tempo e qualidade de vida, muito dinheiro e a patinarmos no quesito desenvolvimento em função de não estarmos preparados para crescer.
 
Será que algum outro país no mundo tem situação semelhante? Será que em algum outro país do mundo existe povo tão acomodado?  O que nos leva a tamanha parcimônia? Isso, sem levarmos em consideração que os serviços oferecidos são igualmente de péssima qualidade.  É sintomático, também, a ausência, antes impensável, de partidos nas manifestações.  Aliás, gostaria que o fato fosse analisado pelos cientistas políticos de plantão.  Será que estamos começando a nos cansar de ver a classe política nos virar as costas? 
 
Portanto, mesmo que tardio, é saudável e democrático de novo fazer a hora, não esperar acontecer, ver o povo de volta às ruas participando e influindo, decisivamente, naquilo que deveria ser a prioridade da maioria.  A agenda é extensa e passa pela discussão de termos tudo, isso mesmo - saúde, educação e transporte -, público e de qualidade, a diminuirmos os alarmantes índices de corrupção no país, a termos obras de infraestrutura que nos garanta avançar com qualidade e sustentabilidade a um mundo melhor. 
 
Enfim, uma agenda sustentável de verdade.  Mas para isso é preciso que nossa indignação fale mais alto. 
 
Demonstrativo do tempo perdido em coletivos durante um ano no percurso Barra (Av. Sernambetiba)/Centro (Av. Rio Branco)/Barra, com o ônibus da Linha 309, Alvorada-Central
 
4h/dia (2h ida/2h volta, em média) X 5 dias/semana = 20h/semana
20h/semana X 52 semanas/ano = 1.040 horas gastas/ano dentro do onibus
 
Dessas 1.040 horas, foram retiradas o equivalente a 260 h/ano, que é o tempo considerado normal em qualquer grande metrópole do mundo para o ir e vir do trabalho. Portanto, levei em consideração apenas a diferença entre o tempo total (1.040) e o tempo razoável (260) de horas, ou seja, 1.040 – 260 = 780h/ano, desperdiçadas.
 
780h/ano desperdiçadas : 8h (jornada de trabalho nacional) = 97,5 dias de trabalho/ano
 
97,5 dias (desperdiçados dentro de ônibus) : 22 dias (jornada mensal de trabalho) =  4 meses e 9 dias de trabalho em engarrafamentos dentro de ônibus.
 
Odilon de Barros

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